Celebridade
Nutrólogo explica como Gaby Amarantos venceu problema de saúde: ‘Deixa de ser castigo e vira consequência’

A cantora Gaby Amarantos passou por uma grande transformação nos últimos meses. Após perder mais de 30 quilos e alcançar 60 kg, ela afirma ter mudado a relação com a comida e com o próprio corpo. A decisão veio após a perda do irmão, que era diabético, e de um processo terapêutico em que identificou uma compulsão alimentar.
Hoje, Gaby mantém uma rotina equilibrada, que inclui reeducação alimentar, musculação, suplementação e acompanhamento profissional. Mais do que estética, ela celebra a saúde mental e física, afirmando ter encontrado prazer em comer bem e leve.
O que é a compulsão alimentar?
Em entrevista à CARAS Brasil, o nutrólogo Rubem Regoto explicou o que caracteriza o transtorno.
“Pense em uma mistura entre gatilhos emocionais e perda de controle. Clinicamente temos o cenário perfeito para uma tempestade neuroquímica chamada compulsão, e ela não acontece só com álcool, drogas ou jogos, mas também com hábitos e alimentos”, explicou.
Segundo o especialista, episódios recorrentes de ingestão exagerada, com culpa e sofrimento, podem indicar um quadro clínico.
“Se esses episódios se tornarem frequentes, com comer em grande quantidade, rápido, e com sensação de perda de controle e culpa, estamos diante de um quadro em instalação ou já instalado“, destacou.
O papel do nutrólogo no tratamento
O médico reforça que o nutrólogo tem papel essencial no diagnóstico e na condução do tratamento.
“O papel do nutrólogo é entender sintomas, frequência, causas emocionais e gatilhos para traduzir alterações em exames, conectando cérebro, hormônios, intestino e comportamento. Assim, encaixo esse quebra-cabeça e transformo em uma estratégia personalizada para cada caso”, explicou.
Força de vontade não é o problema
Muitas pessoas acreditam que a compulsão alimentar está ligada apenas à falta de força de vontade, mas o especialista alerta para o equívoco.
“Até a vontade pode estar submetida a uma biologia desregulada. Se o sistema de recompensa dopaminérgico está hiperativo, com estresse alto, sono curto e insulina elevada, o cérebro busca calorias rápidas e não sabe o que fazer em meio a essa confusão”, detalhou.
Leia também: Gaby Amarantos vive sua melhor fase: ‘Nunca tive tanto tesão pela vida’
Segundo ele, a culpa agrava o problema: “Culpar a pessoa aumenta a vergonha, e vergonha é combustível para novos episódios. É um reforço claro para esse eixo, funcionando como uma fuga da dor (vergonha) buscando o prazer (compulsão)”.
Como diferenciar fome emocional e fisiológica
O especialista esclarece que há diferenças importantes entre os dois tipos de fome:
“A fome fisiológica é real, surge gradualmente, melhora com comida de verdade, e você para quando se sente satisfeito. Já a fome emocional vem de repente, é específica, impulsiva e não sacia. Costuma vir após gatilhos como estresse, tédio ou solidão”, explicou Regoto.
Avaliação e exames necessários
Questionado sobre o processo de diagnóstico, Regoto explica que o primeiro passo é entender o histórico do paciente.
“A primeira coisa é a história clínica e os sintomas. Depois, escolho exames para avaliar o terreno metabólico, químico e hormonal, como os de sangue. Também observamos o terreno neurológico e comportamental com apoio psicológico”, disse.
Emagrecer com saúde: muito além da dieta
O nutrólogo reforça que o emagrecimento saudável depende de um olhar amplo sobre o corpo e a mente.
“Não é preciso lutar contra seu corpo, e sim entender o ciclo e montar um roteiro para sair dele. Avaliamos sono, exercícios, ambiente, rotinas e até gestão de estresse”, destacou.
Entre as orientações, ele sugere ajustes simples e eficazes:
‘Ter planos B, marmitas, lanches planejados e uma casa à prova de gatilhos. Também é importante definir horários para se desconectar do trabalho e do celular, respirando e voltando para o momento presente. Saber indicar terapia e individualizar medicamentos é essencial”, completou.
‘Não é fraqueza, é fisiologia desregulada’
Para quem se identificou com a trajetória de Gaby Amarantos, Regoto deixa uma mensagem:
“Se você se enxergou em parte da história dela, saiba que não é fraqueza — é uma fisiologia desregulada. E para isso existe regulação, retorno ao eixo e protocolos exclusivos para cada caso. O primeiro passo nem sempre é fechar a boca, talvez seja abrir o mapa do seu comportamento, hábitos e metabolismo.”
“A partir daí, a disciplina deixa de ser castigo e vira consequência de uma busca prazerosa e desejada por se sentir melhor consigo mesmo através das pequenas conquistas diárias”, finalizou.
CONFIRA PUBLICAÇÃO RECENTE DA CARAS BRASIL NAS REDES SOCIAIS:
