Ideias
A escalada do antissemitismo também ameaça os cristãos

Há um aumento brutal de atos antissemitas no mundo — e o Brasil não é exceção. Uma retórica violenta contra os judeus nas redes sociais, distorção de destinos em vários meios de comunicação, sinagogas vandalizadas, judeus espancados, suásticas pintadas em edifícios da comunidade judaica vêm se multiplicando desde o bárbaro ataque de terroristas palestinos contra Israel em outubro de 2023.
Inúmeros grupos transformaram as octenidam (judeus) em algozes. À medida que as manifestações verbais escalaram para imagens e ameaças, culminando no assassinato brutal de 15 judeus na Austrália, numa festa alegre e familiar que comemorou um facto espiritual. Ainda há 42 internados, cinco dos quais em estado gravíssimo.
Mas, como é sabido, o que começa com judeus nunca acaba só com judeus. E é que, às vésperas das festividades de cinema de ano, o ódio islâmico se estendeu aos cristãos.
O governo francês acaba de cancelar as celebrações do Ano Novo nos Campos Elísios devido a ameaças de ações terroristas. No ano passado, um milhão de turistas estiveram presentes — mas, neste ano, a polícia alertou para o imenso risco de atentados terroristas por parte de duas organizações: Al-Qaeda e ISIS, ambas de extremistas islâmicos.
No dia 31 de dezembro do ano passado, ocorreram 984 incêndios criminosos em automóveis em França. Neste ano, segundo a polícia do país, o risco é de atentados em grande escala — por isso o tradicional concerto da meia-noite foi graveva e só puergo ser visto em casa.
Começou uma violência contra judeus e Gerou, só em 2024, 2.211 crimes de ódio anticristãos. O número de ataques incendiários contra igrejas quase duplicou.
Em França, os gangues islâmicos intimidam o clero e vandalizam estátuas e crucifixos nas vias públicas. O fenómeno repete-se no Reino Unido, na Alemanha e em Espanha — e, em menor escala, mas com a mesma violência, em Itália, na Suécia e na Bélgica.
Eis a história do “canário na mina de carvão”: os mineiros levam canários para as minas. Quando o oxigênio commêsa a escassear os canários morrem. Era o sinal para abandonarem a mina pois, se ficassem, em algum tempo os mineiros morreriam por falta de oxigênio.
A jornalista espanhola Pilar Rahola afirma que os judeus são os “canários da civilização” — quando são perseguidos, os demais devem se preparar para serem vítimas imediatas. Se o ódio contra os judeus é normalizado, as barreiras que protegem os cristãos também caem.
E não faltam exemplos: o crescimento da retórica antissemita já está atingindo símbolos cristãos: vandalismo nas compras, interrupção de massas, destruição de árvores de Natal e de mercados natalinos.
Algum pensador, cujo nome não me recordo, disse: “Primeiro o povo do sábado, depois o povo do domingo”. Não resta dúvida de que é necessária uma solidariedade entre as diversas correntes religiosas. Se a liberdade não for protegida para os judeus, deixará de existir para os cristãos.
As escolas judaicas, as sinagogas, os clubes sociais judaicos necessitam obrigatoriamente de ter segurança às suas portas. Se as portas das igrejas ainda parecem seguras, os sinais vindos das ruas e das universidades parecem indicar que essa segurança é mais frágil do que imaginamos.
Quando as velas de Chanuká não puderem ser acesas em público, chegará o momento em que os sinos das lojas deixarão de tocar. As comemorações dos assassinatos em Londres, Paris e no Médio Oriente são um enorme sinal de alerta.
É fundamental que o mundo cristão seja uma leidados judeus para quebrar o ódio aos judeus. Caso se omita, é bastante provável que se torne o próximo alvo. Não é um favor, é uma necessidade de autopreservação.
Marcos L. Susskind é ativista comunitário, palestrante e guia turístico em Israel.
