Música
Primeiro fim de semana celebra maturidade sonora e encontros geracionais

Em seu primeiro fim de semana, o Best of Blues and Rock 2025abriu os trabalhos na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com um line-up que falou direto com o público adulto contemporâneo.
Combinando rock alternativo britânico, soul brasileiro, clássicos do rock nacional e jams sofisticadas, o primeiro fim de semana do festival foi marcado por uma programação madura, afetiva e tecnicamente irretocável — refletindo o que o evento tem buscado construir nos últimos anos: não só um festival de música, mas uma experiência plural para ouvintes exigentes.
Abrindo o sábado, 7, com um show mais introspectivo do que solar, Cachorro Grande entregou o show mais cru e energético da noite. Como parte da turnê comemorativa dos 25 anos de fundação da banda após um hiato de quase cinco anos, grupo fez barulho como se nunca tivesse parado. A plateia correspondeu com entusiasmo, iniciando o festival com sucessos como “Sinceramente” e “Você Não Sabe O Que Perdeu“.
O cantor gaúcho subiu ao palco acompanhado de banda completa e trouxe versões mais encorpadas de seus sucessos radiofônicos. Entre “O Amor é o Segredo” e “A Tal Canção Pra Lua”, ficou claro o amadurecimento de um artista que entendeu que pop também pode emocionar em modo contemplativo. Mesmo com o clima ameno, foi um respiro pop bem-vindo em uma noite de guitarras.
Após anunciar um show em terras tupiniquins em 2016 — que nunca aconteceu — fez sua aguardada estreia solo no Brasil. O vocalista do The Verve apostou em um formato intimista, com pouca luz, mas esbanjando entusiasmo na vinda inédita, chegando a dedicar música ao piloto brasileiro Ayrton Senna, cujo capacete estampava a camisa do cantor. O público cantou junto “Sonnet”, “Lucky Man” e, claro, “Bitter Sweet Symphony”.
A banda de Dave Matthews dominou o palco com dois pés na técnica e no improviso; atração principal do primeiro fim de semana, o grupo norte-americano entregou um show longo, fluido e com mudanças em relação ao set da noite anterior — para quem viu os dois dias, nenhuma apresentação foi igual à outra. Com improvisos jams instrumentais complexas e vocais rasgados de Dave, o show transformou-se em espetáculo com as execuções enérgicas e estendidas por até dez minutos, contando inclusive com um músico brasileiro convidado em “What Would You Say“; Gabriel Grossi teve seu próprio solo de gaita, em uma apresentação onde todos os músicos tiveram seu momento. Não a toa que durou quase três horas.
Comemorando quatro décadas de estrada, Barão Vermelho entrou em cena no domingo (8), ostentando o repertório de quem moldou o rock nacional em arenas e rádios. O conjunto foi o único do fim de semana a usar o telão como ferramenta transmídia para completar as faixas, relembrando grandes momentos da banda enquanto executava faixas como “Bete Balanço”, “Por Você” e “Pro Dia Nascer Feliz”. O show ainda teve espaço para homenagens a Cazuza e Frejat, reproduzindo as canções dos ex-membros, inclusive em trabalhos solo.
Abrindo o último dia, Paula Lima assumiu o palco com o projeto Soul Lee para um tributo caloroso a Rita Lee. Entre arranjos funkeados e reinterpretações cheias de swing, a cantora desfilou clássicos como “Lança-perfume” e “Mamãe Natureza” no que chamou de “black n’ roll”. Mesmo subindo ao palco pouco após o horário do almoço e com clima nublado, esquentou o público local com seu carisma e musicalidade.
O festival Best of Blues and Rock retornará no próximo sábado, 14, com um revival de Charlie Brown Jr. conduzido pelos ex-integrantes Marcão Brito e Thiago Castanho, seguidos de Larissa Liveir, Black Pantera e fechando com Alice Cooper. No domingo, 14, DeepPurple fecha o festival, antecedidos por Judith Hill e Hurricanes.