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"Wicked": tudo o que você precisa saber sobre os figurinos do filme
Estrelado por Ariana Grande e Cynthia Erivo, adaptação de musical icônico da Broadway se tornou mágica nas mãos do figurinista Paul Tazewell A história de “Wicked” se tornou, ao longo do tempo, algo simplesmente repleto de números impressionantes—e não me refiro apenas a nomes como Idina Menzel, Kristin Chenoweth, Shoshana Bean e Annaleigh Ashford. Vinte e um anos: Esse é o tempo em que o espetáculo está em cartaz no Gershwin Theatre, em Nova York. 1,66 bilhão de dólares: Esse é o valor bruto que o musical arrecadou na Broadway até o momento da concepção deste texto. Vinte e cinco: Esse é o número de atores que interpretaram Elphaba na produção principal. (Foram 22 Glindas.) Some a isso as 238 trocas de figurino, 226 pares de sapatos e 84 perucas por apresentação, e os olhos começam a se encher de água. É muito—mas, por outro lado, “muito” é meio que a essência de “Wicked””, não é? É um grande espetáculo sobre os poderes do bem e do mal, com uma cabra falante, macacos voadores e um triângulo amoroso espinhoso para completar.
A equipe responsável por transformar “Wicked” em um musical cinematográfico de duas partes estrelado por Cynthia Erivo e Ariana Grande certamente abraçou sua magnitude. Para o figurinista Paul Tazewell (vencedor do Tony por “Hamilton” e indicado ao Oscar por “West Side Story”, de Steven Spielberg), o projeto teve três referências principais: o livro “Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West”, de Gregory Maguire, lançado em 1995; o próprio espetáculo da Broadway, que foi transformado em livro por Winnie Holzman (que também escreveu o roteiro do novo filme) e, por fim, a fiel base de fãs do musical. “Era importante envolver esse público”, diz Tazewell, “e não redefinir completamente o que ‘Wicked’ representa.”
Ariana Grande em “Wicked”
Cortesia de Giles Keyte/Universal Pictures
Assim como Susan Hilferty, que projetou os figurinos vencedores do Tony para a produção teatral, Tazewell fez da terra e do ar suas referências principais ao criar os guarda-roupas das duas personagens centrais de Wicked: a excluída Elphaba, de pele verde, interpretada por Erivo na tela, e a menina bonita e loira Glinda, vivida por Grande. (Outros personagens importantes incluem a sábia e astuta Madame Morrible, de Michelle Yeoh, diretora da Universidade Shiz, onde Elphaba e Glinda se encontram; Fiyero, o charmoso interesse amoroso de ambos, interpretado por Jonathan Bailey; e o charlatão Mágico de Oz, interpretado por Jeff Goldblum.)
Rascunho de um dos figurinos de Glinda
Cortesia de Giles Keyte/Universal Pictures
“Eu já conhecia Paul há muito tempo porque ele tinha feito os figurinos para Harriet”—o drama de 2019 sobre Harriet Tubman, no qual ela estrelou—”e [nós] tínhamos uma compreensão profunda do que é permitir que um personagem se expresse através das roupas que usa”, diz Erivo. Quando ela teve uma ideia para os óculos de Elphaba, seu pijama ou seu calçado—”Eu disse para [Paul], ‘Eu adoraria que o salto da minha bota ficasse mais alto conforme avançamos na história dela'”—ele respeitou. Ela e Tazewell concordaram que “Nenhuma peça de figurino é fútil”, diz Erivo. “Tudo tem uma utilidade, e tudo é significativo.”
Cynthia Erivo em “Wicked”
Cortesia de Giles Keyte/Universal Pictures
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“Você poderia olhar qualquer sapato, qualquer botão—você poderia tocar em qualquer um deles, e eles contam a nossa história”, acrescenta o diretor Jon M. Chu, um grande fã de “Wicked”, que teve seu primeiro contato com o musical durante sua pré-estreia em São Francisco, antes de chegar à Broadway.
Enquanto Elphaba, uma lutadora que arrisca sua segurança para proteger os animais de Oz, é vestida principalmente com tecido de casca de árvore envernizado, plissês de cogumelo e as silhuetas sóbrias e restritivas de vestidos de luto vitorianos no início de sua trajetória, Glinda, a Boa Bruxa, eternamente popular e irreprimivelmente animada, representa “tudo o que é etéreo e efervescente”, explica Tazewell. Seu conceito para o “vestido de bolha” de Glinda—talvez o figurino mais famoso do show—tirou inspiração de motivos tanto tangíveis (borboletas) quanto abstratos (a espiral de Fibonacci).
Cynthia Erivo e Ariana Grande em “Wicked”
Cortesia de Giles Keyte/Universal Pictures
“Paul Tazewell é o ser humano mais brilhante do planeta, desde suas formas até a história das cores, passando pela atenção ao detalhe de cada visual”, diz Grande. Nos dias mais movimentados da produção, Tazewell comandava uma equipe de mais de 100 pessoas, entre elas alfaiates e costureiros de nível couture, tecelões e bordadeiras, artesãos de feltro, tricoteiros, modistas, sapateiros, armeiros e joalheiros, além de especialistas em impressão 3D e manipulação a laser. Foi, de todas as formas, uma pressão intensa—mas uma pressão movida por um espírito de encantamento.
Ao discutir o mundo visual de Oz, concebido por Tazewell e o designer de produção Nathan Crowley, Chu costumava perguntar: “Estamos criando algo encantador?” Tazewell recorda. “À medida que avançávamos na criação de Oz, ficou claro que o encanto deveria passar por cada fenda e rachadura que criássemos.” De fato, o impulso nos faz lembrar uma fala do Mágico no final do primeiro ato, quando Elphaba e Glinda espiam por trás da cortina de seu refúgio na Cidade Esmeralda: “Eu sei, é um pouco demais”, ele diz com um sorriso de ombro. “Mas as pessoas esperam esse tipo de coisa!”