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Cultura

A diáspora africana pelos olhos da primeira fotógrafa negra da Bahia

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A diáspora africana pelos olhos da primeira fotógrafa negra da Bahia

Uma exposição em Salvador celebra os 50 anos de carreira de Lita Cerqueira, considerada a primeira fotógrafa negra da Bahia.

Aos 72 anos, a artista é reconhecida por registrar a cultura negra brasileira. Uma amostra do seu acervo de mais de 50 mil imagens está em cartaz na exposição O Povo Negro é Meu Povo.

A mostra reúne, na Caixa Cultural de Salvador, as principais obras de Lita. A fotógrafa baiana, que vive hoje entre o Rio de Janeiro e Salvador, é uma guardiã da memória do povo negro brasileiro.

Nos últimos 50 anos, ela registrou com sua câmera em imagens em preto e branco a visão de uma mulher negra que vive intensamente histórias, memórias e o cotidiano do nosso povo do fim do século XX e início do XXI.

Autodidata até hoje, Lita começou na fotografia aos 19 anos. Nascida no centro histórico de Salvador, ela conta que a Bahia é a grande inspiração para a sua fotografia.

“Na Bahia, de dezembro a março é  festa. Quando você fotografa a rua, tá ali já o negro… Fotografia é amor, né? Você vai permanecer fotógrafo, você não deixa de ser artista. Quando você é artista, você vai morrer artista”. 

Pelas lentes sensíveis de Lita Cerqueira, são revelados o sagrado afrobrasileiro, a beleza negra, o carnaval, a capoeira, as infâncias, as festas populares. Não deixou escapar também do foco e do afeto da sua câmera, a turma da Tropicália: Caetano, Gil, Gal e Bethânia.

Janaina Damaceno é uma das curadoras da exposição. Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a antropóloga situa o trabalho de Lita Cerqueira como um dos mais importantes da diáspora negra no mundo.

“Porque ele conta de uma forma singular a trajetória do povo negro, do povo africano que veio para o Brasil. Na cidade que é uma das cidades mais negras do mundo. É importante colocar a obra da Lita não apenas dentro da ideia de nação, mas sobretudo a partir da ideia da diáspora, porque ela conta de uma maneira afetiva, muitas vezes dura também, mas sobretudo afetiva o que o povo negro e que o povo negro baiano fez de si mesmo nesses últimos 300, 400 anos. 

Com entrada gratuita, a exposição O Povo Negro é Meu Povo fica em cartaz na Caixa Cultural, no centro histórico de Salvador, até 29 de dezembro.


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