Celebridade
Vilma Melo celebra virada na carreira e fala sobre representatividade na TV: ‘É possível’

No teatro desde os 17 anos, Vilma Melo (56) já era reconhecida e premiada por seu trabalho nos palcos muito antes de chegar à TV. Em 2017, ela se tornou a primeira artista negra a ganhar o Prêmio Shell de Melhor Atriz e, hoje, brilha como Jussara, na trama global das 7, Dona de Mim, e como Olympia, protagonista da série Encantado’s, também da Globo.
São tantos anos de estrada que ela nem imaginava viver algo assim nesta altura da vida. “A TV nunca foi um sonho para mim. Há fatores psicológicos, emocionais e sociais ligados a isso. Eu fazia teatro de guerrilha, à margem, então era algo distante. Também sou professora de Teatro e coordenadora no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, o que me satisfazia e absorvia de tal forma que a TV não era uma meta. Além disso, eu não me via representada naquele espaço. Eu, mulher preta, suburbana, que já tinha passado por todos os tipos bullying – que na época nem nome tinha –, me via muito apartada desse mundo audiovisual”, explica a artista, que antes havia feito apenas pequenas participações em novelas.
A trama Dona de Mim é a primeira que Vilma participa do início ao fim e com um personagem relevante. “Apesar de ter sofrido muito lá em 2012, já consigo ver um audiovisual diferente do que minhas ancestrais trilharam. Zezé Motta, Léa Garcia, Ruth de Souza, todas essas vieram com o pé na porta. A minha geração veio forçando a maçaneta para abrir. E a de agora, de Clara Moneke, Gabz, Duda Santos, já tem a chave. A porta ainda não está aberta, mas elas podem virar a fechadura, porque todo mundo já sabe que é possível, que preto vende e que a gente faz direito. Tenho fé que, antes de partir desse mundo, vou ver a porta escancarada para todos, não só para pessoas pretas, mas para outros segmentos raciais, para PCD’s, LGBTQIAPN+, que vamos vê-los fazer qualquer tipo de personagem”, torce a carioca, que afirma: a luta por representatividade continua.
Grata por fazer parte dessa mudança, a atriz celebra as oportunidades que a vida lhe deu e como, mesmo nos momentos mais difíceis, a arte a salvou. Um desses momentos foi em 2020, quando perdeu precocemente o marido, o light designer Binho Schaefer. Desta união ficaram os frutos, os filhos Lorena e Pedro.
“Sou agradecida a tudo que o universo e Deus fazem por mim. Tive a oportunidade de passar longos anos da minha vida com um cara especial, companheiro, pai incrível. Também sou grata por viver isso na carreira, com mais de meio século de vida. Não importa se foi aos 17 ou aos 56 anos, o que importa é que aconteceu, está acontecendo. Tenho que agradecer por ser protagonista, por ganhar prêmios, ser reconhecida. Sou feliz com o que tenho. Acordo agradecendo pela vida, é nosso bem mais precioso. E aí, quando dão um limão, a gente vai lá e faz uma limonada”, ensina a estrela. E apesar de ouvir de algumas pessoas que chegou “lá”, acredita que a estrada não tem final e está sempre pronta para os próximos caminhos, sejam eles nos palcos, na TV ou no cinema.
