Connect with us

Moda

Projeto social usa fotografia para empoderar comunidades

Published

on


Projeto usa a fotografia como ferramenta para que as pessoas observem o mundo em que vivem e reflitam sobre como podem transformá-lo
Projeto usa a fotografia como ferramenta para que as pessoas observem o mundo em que vivem e reflitam sobre como podem transformá-lo – Divulgação

O fotógrafo paulista André François viajou o mundo retratando os problemas da sociedade e suas culturas. Em 1992, visitou São Thomé das Letras, no sul de Minas Gerais, para filmar seu primeiro documentário, focado nos trabalhadores das pedreiras. No entanto, também se deparou com as dificuldades enfrentadas pelos moradores locais e despertou a curiosidade das crianças, que ficaram encantadas com sua câmera fotográfica.

“O André entregou as câmeras para as crianças para entretê-las, e o resultado foram fotografias com um olhar muito importante sobre o que elas faziam e o lugar em que viviam. Ali, ele percebeu a diferença entre o olhar dele sobre as coisas e o olhar de quem vivia ali”, contou Andreza Portela, coordenadora do núcleo educacional do ImageMagica.

O impacto dessas imagens o surpreendeu, e dali nasceu a ideia do ImageMagica, fundada em 1995, que atua para ampliar o acesso à cultura por meio de projetos socioculturais e socioeducacionais.

Assim também surgiu o Bumba, um dos primeiros projetos da instituição. “Era um ônibus gigante adaptado para que as pessoas pudessem dirigir e morar nele, como se fosse um escritório. Ele rodou por algumas escolas e cidades do país.”

Ao lado de uma equipe voluntária, André passou a oferecer oficinas de fotografia pinhole, uma técnica antiga e artesanal, na qual a imagem precisa ser revelada. “O pinhole usa qualquer objeto que forme uma caixa escura, seja pequeno ou grande, desde uma caixa de fósforo até um quarto inteiro, onde um pequeno furo permite a entrada da luz e a formação da imagem.”

“Ele levava muitas latas para as escolas e ensinava as crianças a fazer suas próprias câmeras e a fotografar. Mas a fotografia nunca foi o fim, sempre foi o meio”, explica Andreza.

Com o tempo, entenderam que o ImageMagica não era uma ONG de fotografia, mas um projeto que usa a fotografia como ferramenta para que as pessoas observem o mundo em que vivem e reflitam sobre como podem transformá-lo.

Perceber o mundo em que se vive é o primeiro passo para modificá-lo

Outro projeto desenvolvido é o PhotoPower, que realiza oficinas de fotografia e empreendedorismo em escolas públicas
Outro projeto desenvolvido é o PhotoPower, que realiza oficinas de fotografia e empreendedorismo em escolas públicas – Divulgação

Atualmente, o projeto está organizado em áreas culturais, como humanização, saúde e bem-estar, sustentabilidade e empoderamento. “Por exemplo, temos um projeto que trabalha a pobreza e a dignidade menstrual nas escolas, abordando essas questões com adolescentes”, explica Andreza.

“Também temos um projeto sobre cultura alimentar, que resgata a tradição local e fala sobre consumo consciente, alimentação saudável e a origem dos alimentos. Muitos não sabem de onde vem o que comem, então levamos nutricionistas e convidamos a comunidade para aprender na cozinha, a preparar pratos saudáveis e reaproveitar alimentos.” Como a instituição visita escolas por todo o Brasil, há um cuidado em respeitar a cultura alimentar de cada região.

Outro projeto desenvolvido é o PhotoPower, que realiza oficinas de fotografia e empreendedorismo em escolas públicas, centros culturais e casas de apoio, com foco no empoderamento. “O objetivo é resgatar sonhos e estimular a capacidade de enfrentar a vida e organizar o futuro.”

Outra frente de atuação é o PhotoBoat, uma embarcação que, uma vez por ano, navega pelo Rio Arapiuns, no Pará, levando cultura, educação e arte para comunidades ribeirinhas por meio de oficinas fotográficas e capacitação.

Durante as oficinas, também são trabalhadas questões psicológicas, pinturas e releituras de imagens
Durante as oficinas, também são trabalhadas questões psicológicas, pinturas e releituras de imagens

“Navegamos pelos rios atendendo comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. O objetivo é o empoderamento cultural, por isso contratamos equipe local, afinal, não faz sentido falarmos da cultura deles se não fazemos parte dela. No final, aprendemos mais do que ensinamos.”

Em todos os projetos, os participantes são convidados a refletir sobre um tema, fotografar e escrever uma legenda sobre isso.

“São muitas atividades para aprofundar o tema, para que ele seja absorvido, e a foto com a legenda é o fechamento do processo. Nesse momento, exercitamos comunicação visual, pensamento crítico, trabalho em grupo e escrita, a legenda não é só informativa, ela expressa a visão do participante.”

Durante as oficinas, também são trabalhadas questões psicológicas, pinturas e releituras de imagens, pois toda fotografia é uma imagem, mas nem toda imagem é uma fotografia.

Andreza conta que, após as oficinas, os participantes passam a se relacionar de forma diferente com os lugares que frequentam diariamente. “Abrimos um espaço para conversar e dar voz aos participantes, não apenas por meio da fotografia. Ao final de cada oficina, realizamos exposições com as fotografias.”

Arte-educação e o poder da inclusão

Nos projetos desenvolvidos em hospitais, todos os envolvidos, profissionais, pacientes e acompanhantes, são convidados a participar
Nos projetos desenvolvidos em hospitais, todos os envolvidos, profissionais, pacientes e acompanhantes, são convidados a participar – Divulgação

Nos projetos desenvolvidos em hospitais, todos os envolvidos, profissionais, pacientes e acompanhantes, são convidados a participar, fotografar e são orientados pelos arte-educadores.

“Se alguém quer retratar o cuidado, ajudamos a pensar o que isso significa para cada um. Pode ser manter a roupa de cama limpa, fazer os procedimentos corretos para evitar contaminações… Nossos arte-educadores auxiliam nesse processo.”

Por meio do comitê de diversidade, o ImageMagica busca tornar suas atividades cada vez mais inclusivas e acessíveis, realizando oficinas em instituições como a APAE.

“As atividades são adaptadas conforme as necessidades dos alunos. Por exemplo, se um participante tem dificuldades de coordenação motora e não consegue segurar o celular, o arte-educador auxilia segurando as mãos dele. Conversamos sobre o que querem fotografar e nos adaptamos ao processo durante a atividade.”

O ImageMagica acredita que tudo começa pelo olhar e, ao longo de 30 anos de atuação, tem se dedicado a fazer com que as vozes da população, especialmente as mais vulneráveis, sejam ouvidas por meio da arte.

Apoio

O ImageMagica é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que aceita doações de pessoas físicas e empresas. Também está aberto a voluntários, inclusive corporativos. Para mais informações, entre em contato pelo site ou pelas redes sociais: Instagram, Facebook e LinkedIn.



Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade