Celebridade
O que aconteceu com Seu Moreiras de Rainha da Sucata? Ator deixou carta antes de partir

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Uma das figuras mais queridas e icônicas da teledramaturgia brasileira, o ator, diretor e roteirista Flávio Migliaccio, eternizado como o simpático e às vezes atrapalhado Seu Moreiras na novela Rainha da Sucata (1990), nos deixou em 2020, aos 85 anos, durante a pandemia de Covid-19.
Sua morte, ocorrida em maio daquele ano, foi um momento de grande comoção nacional, não apenas pela perda de um artista de talento inigualável, mas também pelas circunstâncias trágicas. Flávio Migliaccio foi encontrado sem vida em seu sítio, na cidade de Rio Bonito, interior do Rio de Janeiro.
Antes de partir, o veterano deixou uma carta de despedida com um desabafo profundo e reflexivo sobre a velhice no Brasil e o seu sentimento de desilusão com a humanidade: “Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este. E com esse tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje“, escreveu o ator em um trecho.

O personagem inesquecível de Flávio Migliaccio em Rainha da Sucata
Em Rainha da Sucata, novela de Silvio de Abreu, Seu Moreiras era um personagem de grande apelo popular. Proprietário de uma quitanda, ele era pai de Nicinha (Marisa Orth) e viúvo da misteriosa Salomé (Fernanda Montenegro, em uma participação especial). A figura era conhecida por sua simpatia, seu medo de que a filha fosse “mal falada” no bairro e seu jeito de se insinuar de forma cômica para as freguesas de meia-idade.
A novela, um marco da teledramaturgia dos anos 90, abordava o contraste social entre a emergente classe “nova-rica”, representada por Maria do Carmo (Regina Duarte), e a decadente elite paulistana. Seu Moreiras, com sua simplicidade e o comércio popular, ancorava a trama na realidade do cotidiano, sendo um contraponto divertido aos dramas mais exagerados do folhetim.
Flávio Migliaccio deu vida a Moreiras com a maestria que lhe era peculiar, adicionando camadas de humor e ternura que o tornaram inesquecível para o público que acompanhou a trama, e também para as novas gerações que a revisitaram em reprises.

O legado de Flávio Migliaccio
Embora o Seu Moreiras seja lembrado com carinho, a carreira de Flávio Migliaccio é uma das mais ricas e multifacetadas do cenário artístico brasileiro. Nascido no Brás, em São Paulo, em 1934, o artista começou sua trajetória no teatro nos anos 1950.
Na televisão, ele se consagrou com personagens que marcaram a memória afetiva de diferentes gerações. Entre os mais notórios estão o Xerife, da novela O Primeiro Amor (1972) e do seriado infantil Shazan, Xerife & Cia (1972-1974), além do icônico Tio Maneco, que ganhou vida em uma série de filmes e produções televisivas, se tornando um fenômeno de popularidade entre o público infantil das décadas de 70 e 80. O filme Aventuras com Tio Maneco (1971), dirigido e estrelado por ele, foi um sucesso internacional, vendido para 31 países.
Seu Chalita, da série Tapas & Beijos, foi um dos seus últimos grandes sucessos. O imigrante libanês, dono de um restaurante em Copacabana, era um personagem de temperamento forte e cômico que se tornou um favorito do público, consolidando a capacidade de Migliaccio de se reinventar e cativar em qualquer fase da vida. Seu último trabalho na TV foi como o imigrante Mamede Aud, na novela Órfãos da Terra, em 2019.
O falecimento de Flávio Migliaccio, aos 85 anos, encerrou uma trajetória de mais de seis décadas dedicadas à arte, deixando um vazio no cenário cultural. Seu legado, no entanto, permanece vivo através de seus inúmeros trabalhos no teatro, cinema e televisão.
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- Flavio Migliaccio
- Rainha da Sucata
