O primeiro trailer da cinebiografia ‘Michael’ oferece uma visão estranhamente otimista da vida de Michael Jackson

Michael Jackson descreveu seu tempo no Jackson 5 como repleto de abuso físico por parte de seu pai, com toda a experiência roubando-lhe a infância — mas no primeiro trailer implacavelmente otimista de Michael, vemos apenas diversão familiar em vislumbres desse período. No geral, o teaser apresenta uma visão inteiramente triunfante de uma vida que, mesmo no relato do próprio Jackson, teve sua parcela de conflitos e infelicidade, mesmo enquanto ele criava alguns dos maiores e mais influentes pop e R&B do século XX.

A prévia começa com Jackson (interpretado por seu sobrinho Jaafar Jackson) em um estúdio de gravação com o produtor Quincy Jones (Kendrick Sampson). “Eu sei que você esperou muito tempo por isso”, diz Jones. “As faixas estão prontas, as músicas estão prontas. Vamos começar do zero”. Ao som do clássico de 1982 de Jackson, “Wanna Be Startin’ Somethin’”, o trailer continua mostrando os pontos altos da carreira, incluindo a gravação de Thriller. O filme, dirigido por Antoine Fuqua, encerrou a produção em maio de 2024, mas o espólio de Jackson teria descoberto que o filme finalizado violava um acordo legal de décadas com a família de Jordan Chandler, que acusou Jackson de molestá-lo em 1993, quando Chandler tinha 13 anos. O Puck noticiou que o roteiro original tornava o caso Chandler central para o terceiro ato do filme, retratando Jackson como uma suposta vítima de extorsão.

O espólio teria ignorado a questão legal durante a aprovação do roteiro, forçando extensas refilmagens em março de 2025. A data de lançamento do filme estava inicialmente marcada para abril de 2025, mas foi então adiada para outubro de 2025 e, subsequentemente, para abril de 2026. Relatos iniciais indicavam uma versão de quase quatro horas que a Lionsgate considerou dividir em dois filmes.

A filha de Jackson, Paris Jackson, distanciou-se do projeto depois que Colman Domingo disse à People Magazine que ela e seu irmão, Prince, “apoiavam muito” o filme. “Não fiquem dizendo às pessoas que eu fui ‘prestativa’ no set de um filme no qual não tive 0% de envolvimento”, ela escreveu no Instagram. Paris disse que leu um rascunho inicial do roteiro e forneceu notas sobre imprecisões e “mentiras descaradas”, mas os produtores ignoraram suas preocupações. “O filme agrada a uma seção muito específica dos fãs do meu pai que ainda vive na fantasia”, disse ela. “E eles vão gostar”.

Dan Reed, diretor do documentário da HBO de 2019, Leaving Neverland, que se concentra em dois homens que acusam Jackson de abuso sexual, criticou repetidamente a cinebiografia como um “completo acobertamento”. No início deste mês, o Financial Times noticiou que o espólio chegou a um acordo de US$ 2,5 milhões este ano com um conjunto separado de acusadores. Wade Robson e James Safechuck, que apareceram em Leaving Neverland, têm um processo por negligência contra as produtoras de Jackson agendado para julgamento em 2026. Jackson foi absolvido das acusações de abuso infantil em um julgamento criminal em 2005, e o espólio tem consistentemente negado todas as alegações. O elenco do filme também inclui Miles Teller como o advogado de Jackson, John Branca; Colman Domingo como Joe Jackson; Nia Long como Katherine Jackson; Jessica Sula como LaToya Jackson; Larenz Tate como o fundador da Motown, Berry Gordy; Laura Harrier como a executiva de música Suzanne de Passe; e Kat Graham como Diana Ross. Graham King, que produziu Bohemian Rhapsody, atua como produtor ao lado de Branca e John McClain, co-executores do espólio de Jackson.

Este artigo foi originalmente publicado pela Rolling Stone EUA, por Brian Hiatt, no dia 6 de novembro de 2025, e pode ser conferido aqui.

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