Celebridade
No elenco de Dona de Mim, Haonê Thinar comemora a força da representatividade: ‘Nem palavras para descrever’

Desmistificar a vida de uma pessoa com deficiência. Essa é amissão de Pam, personagem de Haonê Thinar (32) na trama global das 7, Dona de Mim. A atriz paulistana — que teve a perna amputada aos 8 anos por conta de um câncer maligno nos ossos — festeja a chance de, em seu primeiro trabalho em novelas, representar tantas pessoas e mostrar que as diferenças não impõem limites nem fronteiras para os sonhos.
Como está sendo a experiência da primeira novela?
Um grande sonho. Por mais que a gente faça curso de teatro, fazer uma novela é uma realidade muito distante. É a realização de sonhos, de tudo que almejei e de ser reconhecida pelo meu trabalho. O que está sendo mais valioso é o aprendizado que tenho. Eu me torno cada dia mais experiente. Sinto que estou ficando cada vez melhor no que eu já sabia fazer.
“Estou representandoas pessoas comdeficiência de formamuito natural.”
Como sua vida se transformou após a trama?
Não temos como fugir da representatividade. As pessoas me reconhecem na rua, recebo muitas mensagens de pessoas amputadas se sentindo representadas. Sinto que elas estão se vendo em mim e percebendo que há possibilidade de sermos o que quisermos mesmo com uma deficiência. Crescer sem esses exemplos foi ruim, mas me deu muito mais força para querer ser essa pessoa. Estou representando as pessoas com deficiência deforma muito natural, sem que isso seja enfatizado na personagem.
Como começou na arte?
Sempre tive uma veia artística, mesmo antes de ser amputada. Ao s5 anos, desfilei. Com 15, fui modelo de stand e, aos 16, fui para o teatro. A dificuldade era a falta de oportunidades. Só me contratavam quando era uma vaga voltada para alguém com deficiência. Nem dizia que era deficiente, eu queria mostrar que era capaz como qualquer outra pessoa. Já fui reprovada porque diziam que não era bonito ter uma pessoa com deficiência ali.
Qual o peso de, agora, representar tanta gente na tela?
Não acho que seja um peso. É o ápice da minha carreira, é gratificante. Eu não tenho nem palavras para descrever o que sinto. Eu não via ninguém igual a mim quando era pequena e, hoje, as crianças amputadas podem me ver e eu nem imagino qual seja a sensação delas. O público me agradece por não ter desistido.
Leia também: Haonê Thinar: A história da atriz de Dona de Mim que amputou a perna na infância
Qual a ideia equivocada que o público em geral ainda tem sobre pessoas com deficiência?
Sou casada, tenho dois filhos, Felipe e Lavínia, e trabalho desde meus 15 anos. Nunca me impedi de fazer nada, sempre fiz tudo que tive vontade. A ideia equivocada que o público tem é que as pessoas nos veem como um grande exemplo de superação, sendo que todas as pessoas são.
Dizem: ‘A pessoa só tem uma perna e eu reclamando da minha vida’. Mas eu também reclamo da vida, também tenho dias ruins. Colocam a gente em um lugar de infantilidade, de inocência. Ou então somos demonizados, sofremos preconceito. Pessoas me perguntam por que eu não me aposento por invalidez. Eu não sou inválida! As pessoas ainda pensam que somos incapazes.
“Eu não sou inválida! As pessoas aindapensam que somos incapazes”
Como é conciliar a maternidade com o trabalho?
Quando comecei a novela, minha filha tinha só 20 dias. Mas a novela era a minha grande oportunidade, então nem pensei duas vezes em vir trabalhar, mesmo em resguardo. Eu sempre tive uma rede de apoio muito grande. Quando eu vim ao Rio, meu marido ainda tinha trabalhos em São Paulo e minha irmã passou um mês e meio aqui comigo. Não é fácil conciliar, mas quando temos uma oportunidade, temos que agarrar com unhas e dentes.
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