Celebridade
Médico alerta para tumor silencioso após caso de Tony Bellotto: ‘Costuma ser detectado tardiamente’

Tony Bellotto, guitarrista dos Titãs, chocou ao revelar no começo do ano, no mês de março, que descobriu um tumor no pâncreas e logo depois precisou passar por uma cirurgia. O cantor está se recuperando bem após o procedimento e já fez algumas aparições públicas.
À época, a médica de Tony Bellotto, a Dra. Fernanda Capareli, oncologista especializada em tumores gastrointestinais do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, contou ao Jornal O Globo sobre os detalhes do tratamento do artista.
A doutora revelou que Tony teve uma reação diferente dos outros pacientes ao receber a notícia do tumor. “É muito comum o paciente passar por algumas fases ao saber que está com câncer: da surpresa, da negação, da aceitação. O Tony não teve a negação, não fez a pergunta “por que eu?”. A postura dele é “como podemos resolver isso”“, afirmou ela no mês de março.
O que diz a opinião de outro médico oncologista?
Para entender mais sobre o assunto, a CARAS Brasil, entrevista o Dr. Jorge Abissamra, médico oncologista e especialista em Oncologia Clínica pelo Instituto de Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho.
Ele explica que o pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago, entre o estômago e a coluna vertebral. Ele tem duas funções principais: produzir enzimas que ajudam a digestão dos alimentos e produzir hormônios (como insulina) que ajudam a regular o açúcar no sangue.
“O câncer de pâncreas ocorre quando células do pâncreas (normalmente das partes que ‘excretam’, os ductos que transportam enzimas digestivas) sofrem mutações, começam a crescer de forma descontrolada, formam um tumor e podem invadir tecidos próximos e se espalhar para outros órgãos. O tipo mais comum é chamado de adenocarcinoma ductal pancreático (exócrino), que representa a grande maioria dos casos”, declara.
Quais os sinais?
Os sinais e sintomas do câncer de pâncreas podem variar bastante, mas alguns dos mais comuns incluem:
- Dor ou desconforto na parte superior do abdômen ou na “barra” que vai para as costas;
- Amarelamento da pele ou dos olhos (icterícia, se o tumor obstruir o ducto biliar);
- Perda de apetite e perda de peso sem razão aparente;
- Fadiga, mal‐estar geral, indigestão persistente;
- Mudança no controle do açúcar no sangue ou aparecimento de diabetes de início recente, em alguns casos;
- Problemas como coágulos de sangue ou tromboses podem aparecer como consequência de tumores pancreáticos.
“Uma característica importante: muitos desses sintomas só aparecem quando o câncer já está em estágio mais avançado, ou seja, eles não são específicos, e podem facilmente ser confundidos com outras doenças digestivas, de fígado ou de pâncreas”, avalia.
Dados que chamam a atenção
Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. É responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença.
O Dr. Jorge Abissamra avalia: “Embora não seja tão frequente como alguns cânceres de mama, próstata ou pulmão, ele é uma causa significativa de mortes por câncer, justamente porque costuma ser detectado tardiamente”, diz.
Qual o tratamento?
O tratamento depende muito de em que estágio o câncer foi detectado (se está restrito ao pâncreas ou já se espalhou), da saúde geral da pessoa, entre uma série de questões que devem ser avaliadas com um médico especialista. Abaixo, o Dr. Jorge Abissamra Filho destaca alguns cuidados:
- “Cirurgia: Se o tumor estiver localizado e for possível removê-lo completamente (o que em muitos casos não é possível), a cirurgia pode oferecer a melhor chance de cura”;
- “Quimioterapia: Usada tanto após a cirurgia (adjuvante) quanto em casos em que não é possível operar”;
- “Radioterapia: Pode fazer parte de um plano combinado, dependendo do caso”;
- “Cuidados paliativos ou tratamento de suporte: Em muitos casos em que a doença está avançada, o objetivo pode ser melhorar a qualidade de vida, aliviar sintomas como dor, náusea, perda de apetite, mais do que ‘curar’”, finaliza ao analisar casos como do cantor.
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