Celebridade
Insônia na menopausa: Flávia Alessandra abre o diálogo sobre um sintoma que afeta muitas mulheres

Durante muito tempo, a menopausa foi tratada como um tema invisível, envolto em tabus e estigmas. Aos 51 anos, Flávia Alessandra decidiu encarar a nova fase com a mesma naturalidade com que fala sobre carreira, família e autocuidado. Ao notar no corpo os primeiros sinais como insônia, dores e mudanças sutis, transformou a experiência pessoal em conversa pública, durante entrevista à revista ELA. E, com isso, ajudou a ampliar o espaço para um diálogo necessário.
A atriz contou que os sintomas começaram a aparecer de forma inesperada. Ela relata que, ao chegar aos 50 anos, passou a ter insônia pela primeira vez e, logo depois, descobriu que o problema estava ligado à menopausa. “Curiosamente, uma dor esse ano que eu sentia no ombro e achava que era por conta do costeiro que usei no desfile de Carnaval como musa do Salgueiro também era um sintoma da menopausa, algo chamado de síndrome do ombro congelado”, contou. A descoberta fez Flávia perceber o quanto ainda existe desinformação sobre o assunto.
Segundo ela, “achamos que menopausa é só ‘calor’, mas o corpo muda de tantas formas… Desde então, passei a estudar, ler muito, conversar com médicas e outras mulheres. E percebi que falar sobre isso é quase um ato político. A gente precisa tirar o peso e o silêncio dessa fase”.
Por que a insônia aparece na menopausa?
De acordo com o ginecologista Dr. Igor Padovesi, a insônia é um dos sintomas mais frequentes da menopausa e pode atingir até metade das mulheres. Ele explica que o quadro tem causas múltiplas, mas a principal está nas oscilações hormonais características desse período. A queda do estrogênio impacta direta e indiretamente o sono, interferindo na profundidade e na sensação de descanso.
Segundo o médico, o problema nem sempre está em adormecer, mas sim em manter o sono. Muitas mulheres conseguem dormir rapidamente, mas acordam várias vezes durante a noite ou sentem que o sono foi leve e pouco restaurador. Isso ocorre porque o corpo entra em um estado de menor sono profundo. Além disso, os chamados sintomas vasomotores, como os fogachos (ondas de calor), costumam surgir durante a madrugada, provocando sudorese e despertares repetidos.
Conforme o especialista, ansiedade, sobrecarga mental e fatores de estresse também têm grande peso. “Essa mulher de meia idade costuma estar sobrecarregada com demandas do trabalho, dos filhos, às vezes dos pais, do relacionamento, e isso acaba sendo um fator que faz ela despertar à noite e a cabeça começar a funcionar”, explica.
Hábitos e tratamentos que ajudam
Segundo Dr. Padovesi, a terapia hormonal é o tratamento mais eficaz para resolver a maioria das queixas de insônia nessa fase. No entanto, ele ressalta que hábitos de higiene do sono e mudanças no estilo de vida são igualmente importantes para a qualidade do descanso. “A atividade física tem um papel central também, as pessoas que se exercitam mais durante o dia têm um sono consideravelmente melhor”, destaca.
Outros fatores, como alimentação equilibrada, redução do estresse e socialização, ajudam a minimizar a ansiedade e melhorar o sono. O médico também alerta para o impacto do excesso de peso, que pode provocar apneia obstrutiva do sono, comprometendo ainda mais o descanso.
Nos casos em que os sintomas persistem mesmo com a terapia hormonal, o ginecologista recomenda procurar um especialista em medicina do sono, área que reúne profissionais como pneumologistas, otorrinolaringologistas e cardiologistas.
Quebrando o silêncio sobre o sono feminino
De acordo com Dr. Padovesi, a desinformação ainda é o principal obstáculo para o tratamento adequado da insônia na menopausa. Muitas mulheres acreditam que é normal dormir mal com o passar dos anos e acabam não buscando ajuda médica. “Dormir bem é um pilar fundamental da qualidade de vida, da longevidade e prevenção de doenças”, afirma.
Ele acrescenta ainda uma dica prática: o uso de dispositivos de monitoramento do sono, como relógios e anéis inteligentes. “Eles trazem informações realmente muito boas e confiáveis sobre a qualidade do sono e permitem monitorar o tratamento e a melhora da paciente depois também”, diz.
