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'Frankenstein' é resultado imperfeito da obsessão e do talento de seu criador; g1 já viu

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Em teoria, um “Frankenstein” dirigido pelo mexicano Guillermo del Toro (ganhador do Oscar por “A forma da água”) nem tem como ser ruim. Na prática, a nova adaptação do clássico literário de Mary Shelley é um reflexo notável de sua trama.
O filme, que estreia nesta quinta-feira (23) nos cinemas brasileiros, é o resultado imperfeito do talento inegável de um mestre.
Tecnicamente impressionante, sim. Até belo, em muitos momentos. Mas longo e instável, como se a obsessão de seu criador impedisse o corte de excessos desnecessários, que prejudicam ritmo e cadência.
Assista ao trailer de ‘Frankenstein’
Experimentos que dão errado
O próprio del Toro assina o roteiro a partir do argumento do livro de 1818, no qual um cientista brilhante dá vida a um monstro feito de partes de diferentes cadáveres com o objetivo de conquistar a morte.
O experimento, é claro, dá magnificamente errado – e criatura e criador ficam envolvidos em uma trama (quase) eterna de vingança.
O começo é promissor. Nele, o cineasta surpreende ao imprimir de forma notável cor e leveza na obra-prima da literatura gótica (fundadora da ficção científica).
Focada no cientista que dá nome à obra, a primeira metade se beneficia da atuação do sempre carismático Oscar Isaac (“Duna”).
Seu Victor Frankenstein é arrogante, egocêntrico e obcecado, mas exala a aura inegavelmente magnética do ator guatemalteco – que impede uma aversão total ao protagonista e provoca uma dualidade de sentimentos no público, dividido entre o asco e a atração.
Criatura que provoca a queda
A chegada da criatura anuncia a mudança de tom, e o aumento de sombras e da escuridão na tela espelha a espiral de loucura do anti-herói transformado em vilão – uma escolha frustrante para uma mente criativa que deslumbrou o planeta com a estética de “O labirinto do Fauno” (2006) e outras de suas obras.
Mais do que previsível, a decisão esconde algumas das maiores virtudes do próprio filme até então.
Jacob Elordi em cena de ‘Frankenstein’
Ken Woroner/Netflix
Não ajuda também a escalação de um Jacob Elordi (“Euphoria”), tranquilamente um dos homens mais bonitos do mundo da forma mais óbvia possível, para o papel da monstruosidade feita de cadáveres.
Coberto de próteses e maquiagem, no fim do dia a criatura de “Frankenstein” ainda tem a cara de um Jacob Elordi – com algumas cicatrizes a mais.
O ator e modelo australiano também não consegue atingir a profundidade necessária para um dos personagens mais complexos da ficção, um recém-nascido colossal e – supostamente – assustador, dividido eternamente entre a gratidão e o ódio mortal direcionados a seu criador.
Talvez nem seja culpa de uma limitação técnica do rapaz, mas de idade. É possível que simplesmente falte a ele experiência de vida o suficiente para imprimir no olhar o peso de uma existência tão amaldiçoada.
Monstro ou herói
Por fim, por mais que del Toro tenha uma louvável experiência com super-heróis (com o incrível “Blade 2”, o ok “Hellboy” e sua fascinante continuação), os momentos em que o monstro luta contra marinheiros ou lobos destoam do resto do filme.
Oscar Isaac em cena de ‘Frankenstein’
Ken Woroner/Netflix
Com uma força hercúlea e corpos jogados com facilidade por distâncias incríveis, as sequências parecem mais tiradas diretamente de uma adaptação da Marvel ou da DC.
Depois de uma introdução promissora seguida por uma conclusão tão árdua, a sensação ao final das 2h30 de duração é de um potencial gigantesco nunca atingido.
De fato, este “Frankenstein” está longe de ser ruim. E qualquer um que segue a carreira do mexicano pelo menos desde “A espinha do diabo” (2001) sabe que ele provavelmente nasceu para realizar esta adaptação.
Mas fica até difícil não sonhar com o que poderia ter sido dessa criatura caso a obsessão de seu criador ficasse um pouco mais sob controle.
Cartela resenha crítica g1
Arte/g1


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