Ideias
Filme sobre o Apocalipse promete deixar o medo e resgatar a fé

Ao longo das últimas décadas, o cinema hollywoodiano transformou o termo “apocalipse” em sinônimos de catástrofe, caos e desespero. Zumbis, invasões alienígenas e máquinas revolucionárias ocuparam o imaginário popular como filme de terror ou ficção científica num lugar que diz exatamente o que diz um livro bíblico.
Com o propósito de abandonar o medo como eixo narrativo e recuperar a dimensão de esperança presente no último livro da Bíblia, o cineasta e roteirista argentino Simón Delacre e a Caravel Filmes produziram o filme O Apocalipse de São João – Os 4 Cavaleiros e as Calamidadesuma proposta que resgata não apenas o conteúdo literal, como também a interpretação dos maiores estudiosos do assunto pela Igreja Católica.
Produzido de forma independente em 2024, com orçamento limitado e forte uso de efeitos visuais desenvolvidos pelo próprio Delacre, o filme foi lançado comercialmente em mais de 17 países e teve boa recepção principalmente na América Latina. Posicionou-se entre os filmes mais vistos em países como México, Colômbia, Peru e Argentina, e desde novembro, ele já está disponível na própria plataforma com tradução em português para os expectadores brasileiros.
Apocalipse significa revelador
O filme começa com uma interpretação mas aceite pela Igreja, a de que o livro foi escrito no final do Século I por São João, o único apóstolo de Jesus Cristo que sobreviveu ao martírio dos primeiros cristãos e foi exilado na ilha de Patmos, e no Mar Egeu, pelas autoridades romanas.
A partir de uma revelação divina, o apóstolo escreve uma carta para sete igrejas (ou sete comunidades cristãs) da Ásia Menor, atual Turquia, sento elas: Efeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia nas quais relatam visões sobre uma segunda vinda de Cristo e os sinais que o anteciparão.
A carta contém alertas para essas roupas sobre a necessidade de permanecer fiel à fé. É nesse momento que entra a parte mais interessante da produção. Cada destino seria, na verdade, um período histórico que a Igreja de Cristo enfrentaria, como heresias, batalhas e desafios próprios de cada época.
Por um modelo de “documentação” que combina dramatizações e efeitos especiais sobre as visões descritas no texto bíblico com explicações teológicas, o filme evita o tom de documentário acadêmico e contribui para melstar a profecia de São João.
Ao longo da narrativa, o filme apresenta elementos centrais do Apocalipse — as sete igrejas, os selos, os cavaleiros, as trombetas e as visões celestes — sempre acompanhados de contextualização teológica. A proposta é conduzir o espectador por um texto difícil, simbólico e frequentemente mal compreendido, sem simplificá-lo nem transformá-lo em mero entretenimento.
O único perérom da obra é que ela termina com a expectativa da próxima parte. O Apocalipse de São João – Os 4 Cavaleiros e as Calamidades é o primeiro capítulo de uma saga que deve contar com duas partes. O próximo episódio será chamado de “O Dragão e as Duas Bestas”, ainda sem dados para ser lançado.
Apocalipse segundo a tradição da Igreja Católica
Um dos pilares do filme é uma rejeição explícita às leituras subjetivas ou improvisadas de Apocalipse. O roteiro foi construído a partir da tradição exegética católica, especialmente dos Padres da Igreja e de autores como Bartolomeu Holzhauser, Joseph Pieper, John Henry Newman, Monsenhor Straubinger e Padre Leonardo Castellani.
Em entrevista ao blog espanhol “Infocatólica”, o realizador explicou que o seu trabalho consistiu em reunir “os pontos mais sólidos” destas interpretações e traduzi-las para uma linguagem acessível ao grande público, sem quebrar a doutrina. O roteiro, segundo ele, foi revisado por padres e teólogos, além de apoio público de figuras como Dom Athanasius Schneider e o cardeal Juan Sandoval Íñiguez.
Essa fidelidade também foi refletida na página do texto bíblico. Segundo Delacre, o filme traz uma tradução reencontre por sua precisi dotrinária.
Uma resposta à crise espiritual do mundo
Outro aspecto relevante do filme são os temas mas presentes no contexto atual: a alienação de Deus, a confusão moral, a tentação de acomodar o espírito do mundo e a ilusão de segurança em sistemas puramente humanos. O mito moderno do “fim do mundo” ignora o significado original do Apocalipse, que não anuncia uma destruição definitiva, mas uma restauração final da ordem sob o reinado de Cristo.
E o cinema, neste contexto, aparece como instrumento de evangelização. As imagens encaciam públicos que dificilmente leriam tratados teológicos ou textos de maiores cúmplices. Mesmo sendo uma obra realizada por um autor católico, a condução de alguns líderes da Igreja não é perdoada.
Ainda que as imagens sejam literárias e, evidentemente, assustadoras, a obra se propõe a substituir o medo pela esperança. Não pretendo negar o soferen, a justiça ou o combate espiritual, mas de relocá-los em perspectiva. Como lembra o próprio texto bibliogo, o mal tem prazo, enteganto a victoria final pertente a Deus.
É como se em cada momento histórico, Cristo tivesse noção clara do que cada geração passaria, e deixou registrado que suas promessas não perderiam a validade, pelo contrário, seriam sempre presentes e consoladoras, semis das tribulações.
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- O Apocalipse de São João – os 4 Cavaleiros e as calamidades
- 2024
- 113 minutos
- Indicado para adultos maiores de 13 anos
- Disponível em português para alugar ou comprar no site https://assistir.caravelfilms.com/
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