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Estado de saúde de Maurício Kubrusly preocupa após situação aos 80: ‘Se expõe a riscos reais’

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Internação de Maurício Kubrusly (80) após um acidente doméstico reacendeu um alerta silencioso sobre idosos, quedas em casa e os riscos ampliados quando há demência. Ícone da TV brasileira e eternizado pelo quadro ‘Me Leva, Brasil’, o jornalista foi internado na UTI na Bahia depois de sofrer uma queda dentro de casa. A informação mobilizou fãs e chamou a atenção para um tema cada vez mais presente em um país que envelhece rapidamente.

Segundo informações divulgadas por familiares, Kubrusly já convivia com um quadro de demência frontotemporal, uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta linguagem, comportamento e memória. Diante do acidente, a família optou por cuidados clínicos intensivos, reforçando a importância da prevenção de acidentes domésticos e da adaptação do ambiente para idosos com saúde fragilizada. A fonte é a própria família do jornalista.

Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que quedas em idosos estão entre as principais causas de internações, perda de autonomia e agravamento de doenças preexistentes. Para entender os riscos e os cuidados necessários após um episódio como esse, a CARAS Brasil conversou com Roberta França, médica especialista em Longevidade Consciente e Saúde Mental.

Acidentes domésticos em idosos exigem atenção diária

Ao falar sobre quedas e acidentes domésticos, a médica é direta ao apontar que o envelhecimento exige mudanças práticas dentro de casa: “Eu sempre oriento as famílias e meus pacientes que, à medida que envelhecemos, a nossa casa precisa ser adaptada às nossas dificuldades, ao nosso novo momento e à nossa nova condição. É muito importante que o ambiente do idoso vá se ajustando a essa nova realidade para evitarmos quedas e acidentes domésticos, que são bastante comuns”, afirma Roberta França.

Ela destaca que alguns objetos cotidianos representam riscos reais: “Por exemplo, é fundamental evitar escadas e banquinhos para subir, que estão entre os maiores causadores de quedas no ambiente doméstico. Tapetes soltos e o excesso de móveis dentro de casa também representam um problema, pois o idoso pode escorregar, cair e se machucar ao bater nas quinas dos móveis”, alerta.

A especialista também chama atenção para a iluminação: “Além disso, é importante instalar luzes de emergência ou luzes com sensor de movimento, para que, em ambientes mais escuros, o local fique adequadamente iluminado”, completa.

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Outras adaptações são consideradas essenciais para reduzir o risco de acidentes: “A instalação de barras de segurança nos corredores, banheiros e quartos é essencial, assim como evitar degraus dentro de casa. No box do banheiro, por exemplo, se houver um degrau, o ideal é retirá-lo, pois esse é um local onde o paciente tropeça com frequência”, diz.

Segundo Roberta França, perdas sensoriais comuns do envelhecimento ampliam o perigo: “São pequenos detalhes que podem parecer bobagem, mas é preciso entender que essas adaptações são necessárias. Com o envelhecimento, muitas vezes passamos a enxergar e ouvir pior, e essa redução dos sentidos favorece o risco de acidentes. Quanto mais adaptada a casa estiver para o idoso, menores serão as chances de ocorrer um acidente doméstico”.

Demência aumenta riscos e exige vigilância redobrada

Quando o idoso convive com demência, o cenário se torna ainda mais delicado: “Como mencionei anteriormente, o próprio processo natural de envelhecimento já leva à redução da capacidade visual e auditiva, à diminuição da força muscular e a uma maior tendência ao desequilíbrio. Por isso, é necessário adaptar a casa para minimizar os riscos”, explica a médica.

Ela ressalta que a demência compromete a noção de perigo: “Quando falamos de um idoso com demência, a atenção deve ser redobrada, pois a demência retira do paciente o senso crítico, a percepção de risco e, principalmente, o medo do que pode acontecer. Sem esse medo e sem o entendimento de que determinada situação pode causar um acidente, o paciente age com menos atenção e se expõe a riscos reais”.

Objetos comuns podem se tornar ameaças: “É preciso ter cuidado com facas e objetos cortantes, como tesouras, além de escadas e bancos, pois são situações que realmente colocam o paciente em risco”, pontua.

Ela também alerta para situações menos óbvias. “Dependendo do grau de demência, não se deve deixar as chaves da casa visíveis, pois o paciente pode pegá-las e sair para a rua sem que a família perceba”, afirma.

Em apartamentos, o risco é ainda maior: “Se o idoso morar em apartamento, especialmente em andares altos, é fundamental instalar redes ou grades de proteção, pois o risco de queda é real. Já acompanhei um caso em que isso resultou em um desfecho muito grave”, relata.

Mesmo em fases iniciais da doença, a prevenção não pode ser adiada: “Mesmo que a família ache que o paciente ainda não está em um estágio avançado da doença, é importante lembrar que a demência é progressiva. Em algum momento, ele pode apresentar surtos ou alucinações. Nesses casos, quanto mais se investe em prevenção, menores são os riscos e as chances de um acidente grave ou até mesmo trágico”.

Alta da UTI e reabilitação

Após uma internação em UTI, o impacto na saúde do idoso costuma ser profundo, especialmente em quem tem doenças neurodegenerativas: “Todo paciente idoso, ao ser internado, apresenta um aumento significativo do seu estado de vulnerabilidade. Quando falamos de um paciente com demência, sabemos que a internação compromete ainda mais a função neurológica”, explica Roberta França.

A médica descreve mudanças frequentes no retorno para casa: “Esse paciente tende a voltar para casa mais desorientado, confuso e debilitado, levando mais tempo para se reorganizar na rotina domiciliar”.

Segundo ela, a perda cognitiva costuma ser duradoura: “Na maioria das vezes, a perda cognitiva que ocorre durante a internação não consegue ser revertida. É como se, a cada internação, o paciente descesse um degrau, que passa a ser o seu novo patamar de normalidade“, afirma.

As consequências físicas também preocupam: “Além disso, o paciente costuma emagrecer, perder massa muscular e, se permanecer muito tempo acamado, desenvolver uma sarcopenia importante, com perda de função“, diz.

Por isso, o cuidado precisa ser multidisciplinar: “A fisioterapia é fundamental, assim como as atividades cognitivas e a terapia ocupacional. O acompanhamento médico regular também é essencial, principalmente quando o paciente permanece acamado por longos períodos, pois aumenta o risco de pneumonia e infecções”.

Para Roberta França, a recuperação exige tempo e estrutura: “Sobretudo, a reabilitação muscular é indispensável para que esse paciente consiga retomar, ao menos parcialmente, suas atividades anteriores à queda ou à internação”.

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Dra. Roberta França

Dra. Roberta França é médica geriatra e psiquiatra (CRM: 52744859), com 22 anos de formação pela Universidade Gama Filho. É pós-graduada em Geriatria e Gerontologia pela Universidade Estácio de Sá e em Psiquiatria. Membro da Comissão de Direito da Pessoa Idosa (OAB/RJ), integra também a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria e a Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria Geriátrica. Professora da ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) e palestrante em temas voltados à medicina geriátrica e psiquiátrica, é idealizadora do projeto social Cantinho da Geriatria, que impacta mais de 250 mil pessoas com conteúdo diário para a terceira idade nas redes sociais. Coautora do livro Estratégia de Vencedores, foi condecorada com a Medalha Pedro Ernesto e homenageada com Moção Honrosa pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelos relevantes serviços prestados aos idosos. Em 2023, foi reconhecida como Medicina Destaque pela mesma instituição.

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