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Celebridade

Especialista analisa desabafo de Viviane Araújo: ‘Somos sempre velho para alguém’

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A atriz Viviane Araújo desabafou nas redes sociais após receber críticas etaristas sobre sua aparência. Em tom de frustração, ela destacou que muitos dos comentários negativos sobre sua idade e imagem vieram de outras mulheres.

Determinada, a artista reforçou que não tem medo de envelhecer e que deseja viver muitos anos para acompanhar o crescimento do filho e aproveitar a família.

Para entender melhor o tema e o impacto desse tipo de preconceito, a CARAS Brasil conversou com a geriatra e psiquiatra Roberta França, que analisou o comportamento social e emocional por trás do etarismo, especialmente quando praticado entre mulheres.

O que é etarismo e por que ele ainda é tão comum?

Segundo Roberta França, o etarismo é uma forma de discriminação direcionada a alguém por causa da idade – um fenômeno enraizado na sociedade.

“Trata-se de um fenômeno profundamente social, porque, afinal, o que significa ser ‘velho’? Se pararmos para pensar, somos sempre o velho de alguém. Para uma criança de 5 anos, por exemplo, uma pessoa de 15 ou 20 já é muito mais velha. E, dentro desse contexto, não faz sentido algum pensar em preconceito baseado na idade, usar a idade como um limitador, como algo negativo, que diminui a pessoa em sua função, em seus sonhos, desejos, vontades e naquilo que ela verdadeiramente idealiza ou deseja”, explicou.

A especialista reforça que, mesmo em 2025, o etarismo ainda está presente – e, muitas vezes, parte de mulher para mulher, como aconteceu com Viviane Araújo.

“Infelizmente, ainda em 2025, o etarismo continua presente, muitas vezes vindo de mulher para mulher. São, geralmente, as mulheres as maiores críticas de outras mulheres. A crítica à ruga, ao cabelo branco, ao corpo que não é o ‘ideal’, ao tipo de cabelo, à roupa ou ao comportamento — tudo isso muitas vezes parte de outras mulheres, que acreditam que certas atitudes ou aparências não ‘combinam’ com determinada idade”, pontua.

Os impactos emocionais do etarismo nas mulheres

De acordo com Roberta França, o etarismo traz consequências emocionais, psicológicas e sociais profundas.

“É claro que, dentro desse contexto, os impactos emocionais, psicológicos e sociais são muito profundos. Imagine se sentir castrada, violentada, impedida de fazer algo simplesmente porque as pessoas acreditam que você já não tem mais idade para isso. Mas o que é ‘não ter mais idade’? Onde está escrito que uma mulher, por ter 50, 60, 70, 80, 90 ou até 100 anos, não pode usar uma determinada roupa, um certo tipo de sapato, maquiagem, frequentar determinados ambientes, trabalhar, viajar ou ter um relacionamento?”, questiona.

Leia também: Viviane Araújo fala sobre maternidade após os 40

Para a médica, esse comportamento está diretamente ligado a preconceitos enraizados em uma sociedade machista.

“Tudo isso está diretamente ligado a preconceitos extremamente enraizados em uma sociedade machista – e esse machismo, muitas vezes, parte também de outras mulheres. É como se existisse uma expectativa de que essa mulher precise se encaixar em uma caixinha, moldada para caber na realidade e nos limites que o outro impõe”, completa.

Por que o envelhecimento feminino é mais cobrado?

A médica explica que a aparência feminina sempre foi alvo de julgamentos sociais, o que torna o envelhecimento das mulheres um desafio ainda maior.

“Realmente, o feminino ocupa sempre esse lugar de maior dificuldade para se colocar. É muito raro ver um homem sendo cobrado por suas rugas ou cabelos brancos — muitas vezes, isso é até considerado charmoso. Mas, quando se trata das mulheres, a cobrança é imensa: ela tem que viver muito, ter experiência, sabedoria, traquejo social, ser uma excelente profissional, uma excelente esposa, mãe, mulher… E, ao mesmo tempo, precisa ser magra, sem rugas, com a pele impecável — como um pêssego e parecer que nunca envelhece”, analisa.

Roberta defende que a sociedade precisa aprender a respeitar o processo natural de envelhecer.

“Queremos viver muito tempo, mas não permitimos que as mulheres evidenciem e passem pelo processo de envelhecimento, que é absolutamente natural para todos nós. Todos os dias, acordamos mais velhos do que fomos dormir — essa é a única maneira de se viver por muito tempo. Não existe outro caminho que não seja envelhecer”, destaca.

E completa com um pedido poderoso: “Por isso, eu sempre digo: deixe a gente envelhecer em paz. Deixe a gente envelhecer com respeito, com dignidade, com autonomia. Que o nosso senso crítico esteja voltado à crítica construtiva, à crítica positiva — aquela que ajuda as mulheres a crescerem, a ampliarem suas visibilidades, a conquistarem mais espaço. Precisamos nos preocupar menos com a ruga, o cabelo branco, a celulite ou o corpo que já não é o de uma menina de 18 anos, porque todos os corpos vão mudar. É impossível mantermos as mesmas características do dia em que nascemos até o dia em que morremos. Aliás, que chato seria se a gente não mudasse, né?”

CONFIRA PUBLICAÇÃO RECENTE DA CARAS BRASIL NAS REDES SOCIAIS:


Dra. Roberta França

Dra. Roberta França é médica geriatra e psiquiatra (CRM: 52744859), com 22 anos de formação pela Universidade Gama Filho. É pós-graduada em Geriatria e Gerontologia pela Universidade Estácio de Sá e em Psiquiatria. Membro da Comissão de Direito da Pessoa Idosa (OAB/RJ), integra também a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria e a Sociedade Brasileira de Neuropsiquiatria Geriátrica. Professora da ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) e palestrante em temas voltados à medicina geriátrica e psiquiátrica, é idealizadora do projeto social Cantinho da Geriatria, que impacta mais de 250 mil pessoas com conteúdo diário para a terceira idade nas redes sociais. Coautora do livro Estratégia de Vencedores, foi condecorada com a Medalha Pedro Ernesto e homenageada com Moção Honrosa pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelos relevantes serviços prestados aos idosos. Em 2023, foi reconhecida como Medicina Destaque pela mesma instituição.

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