Celebridade
Elenco de ‘Carlota Joaquina’ revela o que nunca foi contado sobre o filme: ‘Ataque do coração’

Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira e Ludmila Dayer relembram histórias do clássico de Carla Camurati, que volta aos cinemas em agosto
O clássico Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995) completa 30 anos em 2025 e, para marcar a data, o filme será relançado nos cinemas no dia 14 de agosto, reacendendo memórias de um dos momentos mais marcantes do cinema nacional. O elenco se reuniu para celebrar o reencontro e revisitar bastidores cheios de improvisos, gargalhadas, calor… e até uma ovelha do Exército!
Entre os nomes presentes estavam Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, Ludmila Dayer, a diretora Carla Camurati e a produtora Bianca de Felippes, que compartilharam momentos inesquecíveis dos bastidores e refletiram sobre a importância do filme na história do audiovisual brasileiro.
Perrengues da peruca
Interpretando Dom João VI, Marco Nanini relembrou com carinho o clima de união nos bastidores: “Foi um momento importante para todo o cinema e para todos nós que participamos desse filme. Foi, de fato, uma sorte, porque reuniu um grupo muito interessante de atores, artistas e técnicos. O filme foi sendo levado com muita alegria. Sempre teve muita alegria na equipe, e isso facilitou tudo.”
Ele ainda revelou um truque curioso envolvendo sua caracterização: “Minha peruca do Dom João, lá em São Luís do Maranhão, não cabia na minha cabeça. Tive que fazer um corte e virar ao contrário. Aí ficou bom.”
Leia também: ‘Carlota Joaquina’ volta aos cinemas e elenco garante: ‘O filme continua atual’
Sobre rever o longa depois de tanto tempo, ele confessou: “Nunca mais eu tinha visto o filme. Ontem eu vi. Gostei muito, porque acho que ele não envelheceu. É uma chanchada, mais ou menos… deslavada, mas tem o ‘quê’, porque é da nossa história também. O brasileiro tem isso.”
Descoberta de família no set
O ator, que vive Dom Pedro I, ficou impressionado ao rever sua atuação três décadas depois: “Lembro da época em que vi o filme. Me critiquei bastante, achava o filme muito bom. Mas quando vi ontem, consegui me distanciar e achei o filme ainda melhor. Me surpreendi comigo — o que é difícil.”
Palmeira destacou o frescor da obra e a liberdade criativa do elenco: “Ninguém saiu querendo fazer uma comédia. Ninguém estava procurando uma piada. Cada mundo foi fundo naquilo que estava sendo proposto, e isso deu esse resultado fantástico, pela liberdade que a gente tinha de criação.”
E ele ainda descobriu algo surpreendente durante as filmagens: “Estava filmando no Centro Histórico, em São Luís, e um cara da produção falou: ‘Seu tio tá querendo falar contigo’. Pensei: não tenho tio no Maranhão. De repente, um cara grita: ‘Marquinhos!’. Quando olho, falei: ‘Caramba, é meu pai!’ Depois descobri que meu avô tinha outra família no Nordeste.”
Olhar irreverente
Marieta, que deu vida à inesquecível Carlota Joaquina, destacou a profundidade com que a equipe mergulhou na história: “A gente estudou muito a história dessas figuras. Sabíamos exatamente onde estávamos pisando. Mas isso tudo é contado com esse filtro de liberdade extrema, que acho uma ótima esperteza do roteiro.”
Ela exaltou a genialidade do olhar infantil que permeia a narrativa: “Essa menina que ouve essa história e se fantasia, acha que é a Carlota… a partir daí, tudo é permitido. A visão que se tem de Dom João VI é através desse olhar, que dá uma liberdade infinita.”
Encantamento de criança
Intérprete da pequena Carlota, Ludmila emocionou-se ao relembrar sua experiência ainda criança: “Quando entrei no set, senti que fui teletransportada. Aquelas roupas, todo mundo caracterizado no meio do Rio… era como se eu tivesse saído da minha realidade. Era tudo tão real.”
Ela revelou como se sentiu após o fim das filmagens: “Quando acabou, chorei tanto. Percebi que não tinha outro lugar no mundo onde eu queria estar. Fiquei muito mal de ter me separado da Carla, que virou meio que minha mãe.”
Caos criativo
A diretora Carla Camurati arrancou gargalhadas ao lembrar de uma das situações mais inusitadas do set com animais do exército: “A ovelha do exército nunca tinha visto o mar. Estava tendo um ataque do coração e o Luís estava fazendo respiração boca a boca nela!”
Carla também relembrou com orgulho a liberdade criativa da equipe: “A única cena que fizemos do nada foi a da Carlota matando o jardineiro. Não estava no roteiro. Mas bastou uma ideia e, em poucas horas, a equipe montou tudo. Isso era lindo.”
Nanini, de novo, roubando a cena… com pitombas
Teve até momento de mau humor resolvido com fruta típica! Nanini se derreteu ao lembrar: “Fiquei com humor péssimo em Paquetá, todos de lã e um calor danado. Mas aí chegaram caixas de pitomba. Acalmei, fiz a cena e tudo ficou bem. Na verdade, eu não gosto de representar. Gosto é de chupar pitomba.”
CONFIRA PUBLICAÇÃO RECENTE DA CARAS BRASIL NAS REDES SOCIAIS:
O que o filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil retrata?
‘Carlota Joaquina, Princesa do Brazil’ é uma comédia satírica que narra a história da princesa espanhola Carlota Joaquina, desde seu casamento arranjado na infância com o tímido príncipe português Dom João, até sua chegada ao Brasil com a fuga da corte portuguesa no início do século XIX.
O filme usa um tom irreverente e bem-humorado para contar como a corte real, cheia de intrigas, privilégios e personagens caricatos, se muda às pressas para o Rio de Janeiro para escapar das ameaças de Napoleão Bonaparte. A partir desse evento histórico, que transformou a colônia em sede do império, a narrativa acompanha as aventuras de Carlota, uma mulher ambiciosa e cheia de personalidade, que vive um casamento infeliz e se depara com a chance de ascender ao poder em um novo mundo.
Lançado em 1995, o filme é um marco do cinema brasileiro pós-Retomada e ficou conhecido por sua linguagem inovadora e por misturar fatos históricos com uma boa dose de ficção e deboche, convidando o público a rir e refletir sobre as origens do Brasil.
