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Celebridade

‘Carlota Joaquina’ volta aos cinemas e elenco garante: ‘O filme continua atual’

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Em clima de reencontro, elenco e equipe do filme ‘Carlota Joaquina, Princesa do Brazil’ celebram os 30 anos do longa e relançamento no cinema

Três décadas depois de estrear e provocar o público com sua linguagem ousada, Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995) está de volta às telonas em versão remasterizada. O clássico de Carla Camurati, símbolo da Retomada do cinema nacional, será relançado oficialmente no próximo 14 de agosto, em salas de todo o país. E o reencontro entre elenco e equipe técnica foi marcado por emoção, nostalgia e reflexões sobre a atualidade da obra.

Em coletiva de imprensa, nomes como Marieta Severo, Marco Nanini, Ludmila Dayer, Marcos Palmeira, a diretora Carla Camurati e a produtora Bianca de Felippes relembraram os bastidores e reforçaram a força estética e política do filme – que segue mais relevante do que nunca.

“Nosso cinema encaretou muito”

Ao falar sobre a liberdade criativa que marcou Carlota Joaquina, Carla Camurati fez uma análise direta sobre o momento atual do audiovisual brasileiro:

“A diferença é muito grande do que a gente sente hoje. O nosso cinema hoje, em grande parte, encaretou muito. Ele trocou a violência pelo sexo. Foi invadido por uma camada moralista onde a violência ninguém se importa. Agora, se eu sair dando um beijo na boca de cada um, vai ser um escândalo. Os nossos filmes entraram num processo de moral, onde a violência dá passagem. Tudo está impregnado de uma violência que eu acho muito ruim. Alguns filmes têm uma liberdade onde você fala de sexo com toda a verdade. O cinema que a gente fazia era mais lúdico, mais livre.”

Sobre o processo de criação, ela recorda a intensidade da equipe e a clareza artística: “No momento em que eu achei o período da história que eu queria contar, eu sabia como contar. Eu queria muito, e eu falei: ‘Eu vou fazer este filme’. Eu consigo fazer esse filme se eu tiver uma linguagem muito sólida, porque eu não tenho dinheiro. Sentávamos nós quatro — eu, Emília [Duncan], Tadeu [Burgos] e Breno [Silveira] — exaustivamente em cima de pinturas, referências e filmes. Assistíamos para ver onde estava errado: ‘Olha essa parede lisa, que coisa horrorosa!’.

E completa: “Fomos achando o que não deveríamos fazer. O Carlota já tinha tudo determinado: as cores, os limites, o que filmar. O filme é todo decupado. Estabeleci uma linguagem que vai do quadrinho ao real. Os atores estão todos totalmente encarnados. Tem intensidade, imaginação. Eu queria um humor para todas as idades. Tocamos em assuntos delicados, mas com uma camada de humor que tanto uma criança de 10 anos quanto uma pessoa de 90 se diverte.”

“Parece feito hoje”

Para a produtora Bianca de Felippes, o impacto do filme permanece tão potente quanto em 1995: “No ano passado, a Carla me chamou para um evento na Cinemateca. Eu não via o filme há muito tempo, e fiquei com a mesma emoção que vocês tiveram. Falei: ‘O filme é muito bom!’. A gente tem que lançar de novo. Ele não envelheceu. Continua melhor do que muitos filmes. É muito atual, fala da nossa história.

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E o relançamento, que começou tímido, agora ganha força: “O projeto começou pequeno, mas está crescendo. Pela reação do público, o filme pode dar muito certo de novo. Ele parece feito hoje.”

O Brasil sob a lente da sátira

Marieta Severo, que eternizou a personagem-título, refletiu sobre como o filme aborda traços enraizados da cultura brasileira:

“Ele fala do Brasil atual, mas também da nossa formação, do nosso caráter brasileiro. Tem um ponto que me chamou atenção: quando a corte chega ao Brasil, atacada por piolhos, e uma portuguesa que morava aqui acha que a bandagem na cabeça é moda europeia e começa a usar. Essa imitação do que vem de fora, esse deslumbramento, ainda existe e o filme toca nisso com muito humor.”

Trupe criativa e liberdade cênica

Marcos Palmeira, intérprete de D. Pedro I, também destacou o espírito coletivo do projeto: “Tinha um clima de trupe, um grupo viajando e fazendo juntos, solidariedade entre elenco e equipe. Tinha frescor na fotografia do Breno. A Carla confiou em mim para fazer esse Dom Pedro meio moderno. O filme continua atual. A gente vive de novo uma tentativa de censura à cultura. Ainda nos enxergam como uma colônia. Agora são as terras raras. O filme continua atual.”

Marco Nanini, por sua vez, exaltou a atmosfera lúdica do trabalho: “A gente estudou os fatos, mas teve liberdade na interpretação. Na minha primeira filmagem, com a Marieta, perguntei: ‘Como você vai fazer a Carlota?’ Ela disse: ‘Não sei’. Eu falei: ‘Então eu também não sei’. Começamos a filmar e fomos descobrindo juntos. O jeito do Dom João veio da irregularidade do chão em São Luís. Foi Deus que mandou.”

Um marco da Retomada

Produzido com recursos limitados, mas criatividade de sobra, Carlota Joaquina se tornou símbolo de uma nova era do cinema brasileiro. Com figurinos feitos à mão, sapatos artesanais e um visual quase circense, o longa conquistou público e crítica. Agora promete conquistar uma nova geração de espectadores.

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O que o filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil retrata?

‘Carlota Joaquina, Princesa do Brazil’ é uma comédia satírica que narra a história da princesa espanhola Carlota Joaquina, desde seu casamento arranjado na infância com o tímido príncipe português Dom João, até sua chegada ao Brasil com a fuga da corte portuguesa no início do século XIX.

O filme usa um tom irreverente e bem-humorado para contar como a corte real, cheia de intrigas, privilégios e personagens caricatos, se muda às pressas para o Rio de Janeiro para escapar das ameaças de Napoleão Bonaparte. A partir desse evento histórico, que transformou a colônia em sede do império, a narrativa acompanha as aventuras de Carlota, uma mulher ambiciosa e cheia de personalidade, que vive um casamento infeliz e se depara com a chance de ascender ao poder em um novo mundo.

Lançado em 1995, o filme é um marco do cinema brasileiro pós-Retomada e ficou conhecido por sua linguagem inovadora e por misturar fatos históricos com uma boa dose de ficção e deboche, convidando o público a rir e refletir sobre as origens do Brasil.

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