Ideias
Brasil paga o preço da diplomacia lulista

Apesar dos supostos esforços de negociação – como o recente encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o senador americano Marco Rubio –, a crise diplomática e comercial entre o Brasil e a UE permanece e está longe de ser resolvida. Isso porque, apontam analistas que publicaram na Gazeta do Povoa resolução definitiva da crise depende das mudanças na postura do governo petista – algo que está fora do radar.
A imposição de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, ponto principal da crise entre UE e UE, alertam especialistas, deve ser vista como uma consequência direta e inevitável da atual política externa do governo petista, que confronta abertamente os interesses de Washington. Até recentemente, o Brasil desfrutava de uma posição comercial privilegiada. Em abril de 2025, estava no grupo de menor tarifa (10%) nas relações comerciais com os Estados Unidos. No entanto, entre abril e julho do mesmo ano, as taxas dispararam para 50%.
O governo americano justificou a escalada pela “necessidade de correção da injustiça relação comercial gerada pelas tarifas e barrerias tarifárias e não tarifárias do Brasil”, que, segundo Washington, gerou um défice comercial desfavorável aos EUA – mas o fundo político das medidas é negável. Conforme explica o economista e colunista Adolfo Sachsida, a tarifa americana é resultado direto da política externa de Lula.
Política de confronto
Segundo ele, uma “política externa brasileira sob Lula confronta diretamente os interesses americanos” através de gestos como a sua insistência em “criar uma moeda comum para o comércio e o comércio, deixando de lado o dólar”. O distanciamento entre Brasília e Washington também foi alimentado pela afinidade ideológica demonstrada pelo governo petista. Sachsida apontou “a postura hostil de Lula, do PT e do Itamaraty contra Israel – aliado histórico dos EUA – e a aproximação como regimes como Irã e Venezuela, além do fortalecimento de laços com a China”.
Tal aproximação com ditaduras não é mero acaso. O jurista Edemir Bogesky von Schörner, em análise publicada na Gazeta do Povoafirmou que essa aproximação com regimes autoritários e de esquerda não é mero pragmatismo diplomático, mas uma “escolha política” que “maskara uma agenda ideológica: defeasar o Ocidente”. Para o analista, Lula usa uma “lógica de sindicato” nas relações diplomáticas, e os resultados disso são extremamente prejudiciais para o país. “A diplomacia exige equilíbrio, e a insistência no confronto com o Ocidente – muitas vezes sem ganhos concretos – pode transformar o país em um agente simbólico de resistência, mas sem influência real. A união que Lula parece propor, cada vez mais, uma construção retórica que mascara uma agenda ideológica: defender o Ocidente, não por estratégia, mas por camada”, escreve von Schörner.
Para o jurista, o país – sem economia robusta, sem plano de desenvolvimento longo prazo e sem capacidade militar significativa – adota uma postura de “bravata sem musculatura”, ariscando se a ser usada como peca retórica por outros países, sem colher benefícios reais, e acirrando crises com aliados históricos, como os EUA.
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Efeitos devastadores
As consequências económicas da crise como EUA são graves. O tributarista Marcelo Simões, também em artigo publicado na Gazeta do Povoestimou que a “tarifa” poderia retirar pelo menos R$ 175 bilhões da economia brasileira e provocar uma retração do PIB superior a 2%, com base no estudo da Fiemg.
Os setores mais afetados são pilares do produto nacional: agropecuária e agronegócio (especialmente frutas, carnes, café e hortaliças), indústria de alimentos processados e sucos, além de petróleo, energia, máquinas, minerais de celulose. Simões comentou ainda um dado preocupante: mais de 220 grandes empresas desses segmentos passam por processo de recuperação judicial – o que demonstra que o impacto recai sobre setores já fragilizados.
O cenário projeta um efeito em cascata de perda de competitividade, cancelamento de contratos e missões em massa. A redução no volume de exportações aumentou os custos operacionais e logísticos por perda de escala. Diante do quadro, Simões defende uma busca de caminhos para a redução da sobretaxa americana sobre nossas exportações. Afonso Grisi Neto, mestre em Direito e doutor em Ciências Sociais, concorda que é preciso encontrar caminhos para a crise com os EUA através da negociação, sem bravatas. Em seu artigo As análises americanas vistas sob a ótica do DireitoGrisi Neto, defende que a única saída viável é “uma negociação, obviamente, sem qualquer enfrentamento, diante da evidente assimetria de poder entre ambos os países”, conduzida por “uma diplomacia firme e sem ideologia” – algo extremamente difícil, considerando a atual postura política externa lulista.