Celebridade
Beth Goulart encara novo desafio na Globo e define novela vertical: “É sinal dos tempos”
Beth Goulart (64) atravessa um momento de forte conexão com o público, tanto nos palcos quanto nas telas. Atriz de trajetória sólida e respeitada na dramaturgia brasileira, ela soma agora dois trabalhos que dialogam com diferentes gerações e formatos, mas mantêm o mesmo compromisso com a emoção e a verdade cênica. Em cartaz com o espetáculo Simplesmente eu, Clarice Lispector e no ar na novela Tudo Por Uma Segunda Chance, da Globo, Beth reafirma sua versatilidade artística em tempos de transformação do audiovisual.
O monólogo dedicado à escritora Clarice Lispector (1920-1977) já foi assistido por mais de 1,3 milhão de pessoas em 294 cidades do país, tornando-se um dos maiores fenômenos do teatro brasileiro contemporâneo. A partir do dia 9 de janeiro, o espetáculo retorna ao Teatro Fashion Mall para mais uma temporada carioca, em uma data carregada de significado para a atriz. O dia marca o nascimento de Paulo Goulart (1933-2014), um dos maiores nomes da história da televisão e do teatro no Brasil, pai de Beth. A volta aos palcos, portanto, também se transforma em um gesto de celebração da memória, da arte e da herança familiar que moldou sua carreira.
Paralelamente ao sucesso no teatro, Beth Goulart pode ser vista em um projeto que aponta para o futuro da teledramaturgia. Tudo Por Uma Segunda Chance é a primeira novela vertical da Globo, com capítulos de até três minutos, exibidos semanalmente às terças-feiras nas redes sociais da emissora. Na trama, ela interpreta Glória Trajano, uma mãe intensa, passional e central nos conflitos que movem a história.
Uma mãe movida pelo instinto e pela paixão
Ao falar sobre Glória Trajano, Beth destaca em entrevista à CARAS Brasil a força simbólica das personagens maternas na dramaturgia. Para ela, a intensidade da mãe que defende o filho a qualquer custo é um motor dramático poderoso, que atravessa gerações e formatos.
“As mães são sempre personagens maravilhosos porque elas vivem suas questões e, também a de seus filhos, com muita intensidade. Toda mãe é passional quando se trata de seu filho, é instintivo até”, explica. “No caso de Gloria Trajano, ela é uma leoa. Quer defender seu filho de alguém que tentou matá-lo. Ela não sabe das maldades de Soraia e acredita que foi Paula quem tentou matar Lucas. Com isso, impede muitas vezes a aproximação de Paula com o filho, servindo de instrumento para a vingança de Soraia”, completa.
Beth também observa que o formato vertical imprime uma nova dinâmica ao desenvolvimento desse tipo de personagem. “A novela vertical é uma nova forma de contar uma história, priorizando a velocidade dos acontecimentos e criando curiosidade no espectador. Como cada capítulo tem no máximo três minutos, as informações chegam muito rapidamente”, afirma.
Atuar no ritmo das redes sem perder a verdade
Veterana das novelas tradicionais, Beth Goulart vê o novo formato como um desafio estimulante, que exige adaptação sem abrir mão da qualidade interpretativa. Para ela, atuar em capítulos tão curtos pede objetividade, precisão e uma relação diferente com o tempo da cena.
“Fiquei muito feliz de participar da primeira novela vertical da Globo. É um produto novo, em que a casa está investindo bastante para fidelizar um novo público”, afirma. “Na atuação, temos que pensar mais objetivamente para contar a história, sem muita subjetividade, porque não dá tempo de o público absorver tantas camadas. Precisamos ser mais diretos no diálogo e na ação dos personagens, adaptando nosso trabalho à velocidade do produto sem perder a qualidade”, complementa.
A atriz também destaca a sensação de proximidade que o formato para redes sociais cria com quem assiste. “Eu sou de um tempo em que uma cena poderia durar quatro páginas de texto. Hoje, um capítulo inteiro tem quatro páginas”, compara.
Como atriz, Beth Goulart afirma que sua entrega permanece a mesma, independentemente do formato. Para ela, a verdade da cena continua sendo essencial para alcançar o coração de quem assiste, mesmo diante das transformações na maneira de contar histórias. Segundo a artista, o avanço das novelas verticais representa muito mais uma mudança de forma do que de conteúdo.
“As pessoas assistem sozinhas, cada um na hora que quiser, da maneira que quiser, na palma de sua mão e compartilham suas opiniões com seus amigos e seguidores nas redes sociais, digamos que é uma mudança de dentro para fora de casa. É sinal dos tempos, essa proximidade com o publico cria também uma interação maior, nós recebemos essas opiniões e também compartilhamos com eles nossas opiniões, é uma mudança grande que atinge a todos nós.”, acrescenta.
Beth Goulart, atriz de Tudo Por Uma Segunda Chance – FOTO: Adri Lima
Beth Goulart, atriz de Tudo Por Uma Segunda Chance – FOTO: Adri Lima
Uma ponte entre gerações e formatos
Em Tudo por Uma Segunda Chance, Beth Goulart acredita estar ajudando a construir uma ponte entre o público que cresceu acompanhando novelas na televisão e uma geração acostumada ao consumo rápido de conteúdo digital. Para ela, o novo formato não substitui o tradicional, mas amplia possibilidades.
“Acredito que aproxima gerações, sim. A nova geração não tem a mesma relação afetiva com as novelas como as gerações mais experientes, então pode ser uma forma de engajá-los”, afirma. “As novelas verticais também agregam o público das novelas tradicionais, porque são bem-feitas e emocionantes. Uma fortalece a outra”, fala ainda.
Sobre o impacto de sua personagem, Beth é direta ao falar do que espera provocar no público. “Espero que sintam com ela as emoções de um bom personagem. Glória é forte, intensa e passional como a própria novela. Isso cria interação e engajamento”, diz.
A resposta do público, segundo a atriz, já começa a aparecer no dia a dia. “As pessoas ficam curiosas sobre os próximos acontecimentos e os novos capítulos. Isso é muito bom. É o que faz você acompanhar uma boa novela”, conclui.
ASSISTA A UM DOS CAPÍTULOS DE TUDO POR UMA SEGUNDA CHANCE COM BETH GOULART:
- Beth Goulart
- Tudo por uma Segunda Chance
