Celebridade
Além de ‘Vale Tudo’: Relembre mortes em novelas que pararam o Brasil

A morte de Odete Roitman em “Vale Tudo” (1988), arquitetada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, entrou para a história como o maior “quem matou?” da teledramaturgia brasileira. A cena em que a vilã, interpretada por Beatriz Segall, é baleada chocou o país, revelando, no último capítulo, que a responsável pelo disparo fatal foi Leila (Cássia Kiss, na versão original), por engano, mirando em Maria de Fátima (Gloria Pires). O mistério, a lista de suspeitos e a reviravolta final estabeleceram um padrão de sucesso que seria replicado em diversas outras produções.
No entanto, a lista de crimes e mistérios que mobilizaram o público brasileiro é extensa e repleta de reviravoltas. De assassinatos com motivações políticas ou financeiras a serial killers frios, as novelas souberam usar o suspense policial para prender o telespectador na frente da TV. Relembre:
A Próxima Vítima
Uma das tramas de mistério mais engenhosas e bem-sucedidas foi apresentada em A Próxima Vítima (1995), escrita por Sílvio de Abreu. A novela inovou ao introduzir um serial killer que aterrorizava a elite paulistana.
O mistério girava em torno de um Opala preto, o veículo do assassino, e de uma lista baseada no horóscopo chinês, que previa a ordem das mortes. A trama gerou tanta repercussão que senadores e líderes sindicais da época chegaram a palpitar sobre a identidade do assassino nos capítulos finais.
A revelação foi bombástica: o charmoso e, até então, acima de qualquer suspeita Adalberto Vasconcelos, interpretado por Cecil Thiré, era o responsável pelos crimes. Ele havia cometido as mortes por queima de arquivo, para encobrir um assassinato ocorrido em 1968, e seguia a ordem da lista para dar ares de um “acerto de contas” místico.
Entre suas vítimas notáveis estavam Paulo Soares (Reginaldo Faria), atropelado no primeiro capítulo, a socialite Júlia Braga (Glória Menezes) e o observador Eliseo Jardim (Gianfrancesco Guarnieri). O ator Cecil Thiré, que deu vida ao assassino, faleceu em 2020, mas seu papel na novela permanece vivo na memória do público.


Celebridade
Gilberto Braga, o mestre do “quem matou?”, repetiu a dose de sucesso em Celebridade (2003), elevando a vilania a um novo patamar. O mistério central da trama era a morte de Lineu Vasconcelos (Hugo Carvana). Diferente do que ocorreu com Odete Roitman, a assassina de Lineu era uma personagem central na trama de vingança: a ambiciosa Laura, interpretada por Cláudia Abreu.
Laura matou Lineu para proteger seus planos de destruir Maria Clara Diniz (Malu Mader), que estava prestes a recuperar seu poder. Para evitar vazamentos, a produção da novela chegou a gravar três finais diferentes, com Cláudia Abreu sendo a escolhida no último capítulo. Hugo Carvana, o ator que viveu Lineu, nos deixou em 2014, sendo lembrado por seus inúmeros papéis marcantes na televisão e no cinema.

O Astro
O remake de O Astro (2011), baseado na obra de Janete Clair de 1977, trouxe de volta o suspense em torno da morte do empresário Salomão Hayalla (Daniel Filho). A versão original revelou Felipe (Edwin Luisi) como o assassino. No remake, contudo, o autor Alcides Nogueira, em uma reviravolta para surpreender o público já familiarizado com a primeira versão, optou por um culpado diferente.
A macrossérie revelou que o assassino foi a personagem Clô, interpretada por Regina Duarte. Ela empurrou o empresário da janela de seu próprio quarto. “Fui eu! Eu matei o Salomão! Eu matei e não me arrependo! Eu sempre suportei a truculência do Salomão, porque sei que grande parte dos homens do mundo é assim“, confessou a esposa de Salomão.

Avenida Brasil
Outro grande sucesso recente que prendeu o público em um mistério foi Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro. O assassinato ocorreu no núcleo mais popular e inesperado da trama: o lixão.
O ex-amante de Carminha (Adriana Esteves), Max (Marcello Novaes), foi morto em um barraco no lixão. Inicialmente, a mãe Lucinda (Vera Holtz) assumiu a culpa para proteger a verdadeira assassina, que só foi revelada no emocionante capítulo final.
Em um momento de confronto, Carminha confessou o crime. Ela atingiu Max com uma pá para se defender de uma agressão, num ato de desespero para proteger a si mesma em uma discussão. A cena da confissão e a posterior redenção de Carminha, indo viver no lixão com Lucinda, é considerada um dos finais mais emblemáticos da teledramaturgia moderna.
Passione
Em Passione (2010), o autor Sílvio de Abreu não se contentou em ter apenas um mistério de assassinato. No decorrer da trama, o vilão (Werner Schünemann) é brutalmente assassinado.
O mistério sobre quem matou Saulo durou meses, com diversos personagens sendo incriminados, incluindo o vilão Fred (Reynaldo Gianecchini), que acabou preso injustamente pelo crime. No final, a revelação foi chocante e carregada de drama: a própria vilã Clara (Mariana Ximenes) foi a responsável.
A motivação, no entanto, dava um contorno trágico à personagem: Saulo havia abusado de Clara na infância. A vilã o esfaqueou em um quarto de motel, em um ato de vingança contra o pedófilo. O suspense foi tão bem construído que, assim como em Celebridade, a revelação da assassina foi gravada em segredo, mantendo a surpresa até os minutos finais da novela.
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