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Para James Cameron, filmes da Netflix não deveriam concorrer ao Oscar

Desde 2019, a Netflix já emplacou inúmeros filmes na lista de indicados ao Oscar — como O Irlandês (2019), Maestro (2023) e Os 7 de Chicago (2020). O estúdio teve vitórias em categorias secundárias: Nada de Novo no Front (2022) e Roma (2019) venceram Melhor Filme Internacional, e Jane Campion levou o prêmio de Melhor Direção por Ataque dos Cães (2021). Mas a estatueta de Melhor Filme permaneceu inalcançada, alimentando discussões sobre o papel do streaming na indústria cinematográfica.
Atualmente, a Paramount, a Comcast e a Netflix estão concorrendo pela aquisição do acervo de filmes e séries da Warner Bros. Segundo a Variety (via NME), caso seja selecionada, a Netflix se comprometeu a manter os lançamentos da Warner Bros. nos cinemas, mesmo com seu histórico de priorizar estreias na plataforma digital.
A disputa, no entanto, tem provocado reações divididas em Hollywood. Entre as críticas mais contundentes está a do diretor canadense James Cameron — responsável por enormes sucessos de bilheteria, como Titanic (1997) e a saga Avatar. Em entrevista ao podcast The Town With Matthew Belloni, o cineasta declarou sua torcida pela Paramount, e afirmou que “a Netflix seria um desastre”.
O incômodo de Cameron tem relação com a postura do CEO da Netflix, Ted Sarandos. Em abril de 2025, o executivo opinou publicamente que os filmes exibidos nos cinemas “estão mortos”, e classificou a experiência tradicional de ir ao cinema como “ultrapassada”. Ele disse em entrevista à revista Time que a Netflix estaria “salvando Hollywood”.
Para Cameron, essa filosofia compromete a essência da obra cinematográfica, e as exibições limitadas em salas de cinema que a Netflix têm promovido — como foi o caso de Frankenstein, de Guillermo Del Toro — é uma “isca para trouxas”. ‘Vamos lançar o filme por uma semana ou 10 dias. Vamos nos qualificar para o Oscar.’”, ironizou Cameron. “Eu acho isso fundamentalmente podre. Um filme deve ser feito como um filme para o cinema, e o Oscar não significa nada para mim se não significa cinema”. Cameron argumentou ainda que a Academia estaria sendo “cooptada” por essa estratégia de divulgação, o que é “horrível”.
As expectativas para o Oscar 2026 ainda estão incertas, mas títulos como Frankenstein, Train Dreams e Jay Kelly são possíveis candidatos. Todos eles tiveram lançamentos limitados nos cinemas antes de chegarem ao catálogo da Netflix.
Vencedor de três Oscars por Titanic (Melhor Diretor, Melhor Edição e Melhor Filme), Cameron defendeu que as produções feitas para o streaming não deveriam nem mesmo ser elegíveis ao Oscar — a não ser que sejam exibidos “em dois mil cinemas durante um mês, em uma distribuição significativa”, assim como longa-metragens tradicionais.
Enquanto isso, Cameron se prepara para lançar sua nova superprodução: Avatar: Fogo e Cinzas. A estreia mundial ocorrerá no Dolby Theatre, em Hollywood, no dia 1º de dezembro de 2025, e o longa chega aos cinemas brasileiros no dia 18 do mesmo mês.
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