Música
‘The Beatles Antologia 2025’: novo episódio, gravações inéditas e como Giles Martin restaurou tudo com tecnologia

Giles Martin acaba de devolver o The Beatles: Antologia para o mundo, e essa volta é bem diferente da primeira vez que você viu em 1995. O filho do produtor lendário George Martin explicou em entrevista o que mudou, o que foi descoberto e por que essa nova edição revela algo que ninguém tinha visto antes: apenas quatro caras em um quarto.
A Antologia original saiu em novembro de 1995 com documentário de oito partes e as primeiras músicas novas dos Beatles desde a morte de John Lennon. Paul, George e Ringo trabalharam com Jeff Lynne em “Real Love” e “Free As A Bird”. Depois vieram mais dois álbuns em 1996.
Agora, 30 anos depois, tudo foi restaurado e remasterizado pela equipe de produção da Apple Corps junto com técnicos do Park Road Post da Nova Zelândia — o estúdio de Peter Jackson. O resultado é impressionante. A série de documentário ganhou um novo completamente inédito, focado em Paul e Ringo voltando a gravar nos anos 90.
O que Giles Martin notou ao revisar tudo isso é fascinante. George Harrison teria aprovado, diz ele. Nos anos 90, os sobreviventes ainda não tinham total clareza sobre o que haviam feito. Mas agora? “Paul McCartney admite que as melhores músicas que já escreveu foram com os Beatles, e a melhor banda que já esteve foi The Beatles“, explica Giles. “No Episódio Nove você vê eles sendo muito mais generosos um com o outro, menos competitivos do que eram”.
A qualidade audiovisual dos episódios restaurados é de outro mundo. Tudo foi filmado em vídeo nos anos 90, época ruim para isso. Com a tecnologia de hoje, a diferença é drástica. “Se você ouve Shea Stadium, o que foi lançado era muito bruto. Não tinha bateria. Agora conseguimos restaurar tudo”, conta Giles. O mesmo valeu para o Washington Concert — algo que apareceu no documentário The Beatles ’64 que ele fez com Scorsese.
Giles Martin é cuidadoso em não usar a palavra “IA” de forma alarmante. Quando Paul McCartney mencionou que fizeram uma “faixa IA dos Beatles“, todos riram depois. O que Giles faz não é construir. É remover. “É tudo sobre restauração. Estou limpando elementos, tirando o que atrapalha. Como quando você está escavando terra e encontra o que está embaixo”. Nem hiss, nem ruído foi removido — esses elementos fazem parte do caráter da gravação.
Mas sim, há momentos impressionantes. “Quando estou trabalhando no Coliseu Washington, consigo isolar a voz de John. Ninguém nunca conseguiu fazer isso. É bem estranho”. Yoko Ono disse a ele uma vez: “O John agora é só uma voz”. Esse é o ponto da restauração para Giles — permitir que as pessoas toquem os Beatles através do som.
O novo Antologia 4 traz 13 demos e gravações de sessão nunca ouvidas antes. Giles é o primeiro a admitir que não é um beatlemaníaco, ele se vê como fã de música. “Mesmo quando eles são ruins, são bons. Você escuta eles rindo”, explica. “Você ouve as relações e a fragilidade”.
Há pouco material deixado no cofre, segundo Giles. Muita coisa já saiu. Mas as pessoas sempre querem mais, sempre pedindo para remixar “Rubber Soul” ou ouvir os 27 minutos completos de “Helter Skelter”. Seu pai discordava. “Meu pai me olhou e disse: ‘Por que você faria isso?’”, relata.
Fora disso tudo, Giles está trabalhando nos filmes de Beatles do Sam Mendes que estão em produção. Ele está no set dando nuances aos atores — não aconselhando, só compartilhando o que ouviu e viu.
No fim, o que Giles Martin quer que você sinta é humanidade.
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