5 Seconds of Summer continua expandindo seus horizontes em novo álbum

A trajetória inicial de um grupo de ídolos adolescentes com múltiplas integrantes tende a ser breve, muitas vezes se dissolvendo em um mar de egos feridos e fãs em declínio. Não é o caso do quarteto australiano 5 Seconds of Summer, que está na ativa há tempo suficiente para que seu single de sucesso — a faixa de 2014 “She Looks So Perfect” — coloque sua sensualidade no vislumbre de uma jovem de calcinha da American Apparel. Inicialmente apresentados como uma banda pop-punk com refrões e visuais que agradariam aos fãs do One Direction, o grupo migrou para um pop melancólico e dançante com o álbum Youngblood (2018) e manteve essa vibe ao longo de sua carreira.

Com seu sexto álbum, EVERYONE’S A STAR!, o 5SOS (como são conhecidos pelos fãs) se diverte com o passado enquanto continua a explorar sonoridades mais sombrias. Veja “Boyband“, que se apoia em um sintetizador pulsante que remete a “People Are People“, enquanto os quatro integrantes atacam os estereótipos que lhes são atribuídos (“Garoto em uma boy band/ Namorado imaginário/ Irritam os metaleiros”) em tons monótonos de robôs masculinos. Ou a impactante faixa “No. 1 Obsession“, que subverte o estereótipo de objeto de desejo que muitos lhes impõem.

Nem tudo é metalinguagem, embora suas escolhas musicais mostrem que eles estão mais do que prontos para romper com quaisquer rótulos em que foram colocados na última década e meia. A música “I’m Scared I’ll Never Sleep Again“, perfeita para estádios, é uma canção de amor brilhante com guitarras poderosas, “The Rocks” canaliza uma energia ansiosa equilibrando ritmos alegres com letras melancólicas, e “Ghost” é uma tentativa admirável de criar uma balada moderna, com guitarras slide e uma quebra shoegaze que intensifica seu drama — uma façanha notável para uma música que menciona um Porsche destruído.

“Not OK“, por sua vez, é uma homenagem às fusões de dance-rock da vibrante “Feel Good Inc.” do Gorillaz (o verso de Calum Hood, em particular, canaliza o tom blasé de Damon Albarn) e a frenética “Firestarter” do Prodigy. Porém, o tributo — e a representação do estado que dá título à música — teriam se beneficiado de uma exclamação vocal um pouco mais descontrolada do grupo.

A história dos projetos que despertaram febre entre os jovens está repleta de estrelas brilhantes que desapareceram após cinco anos de carreira, mas desde sua formação no início dos anos 2010, o 5 Seconds of Summer se consolidou como um grupo pop atemporal, com uma ampla curiosidade musical e um apurado senso de autoconsciência. Talvez não estejam reinventando a roda em EVERYONE’S A STAR!, mas seu humor e inquietude tornam o álbum uma audição leve e agradável.

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