Música
Tim Booth fala à RS sobre shows do James no Brasil, longevidade e Madchester

Tim Booth deixou claro logo de cara a missão do James no Brasil. O vocalista destacou que seu grupo — grande nome do indie pop e representante da cena Madchester — é formado por nove integrantes, todos multi-instrumentistas — e nenhuma banda tem uma formação tão grande se o objetivo é ganhar dinheiro. Ele garante que, junto dos colegas, quer criar uma grande arte.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, concedida entre seus dois compromissos no país, o frontman inglês falou sobre os 44 anos de carreira de James, os altos e baixos da fama e como a banda conseguiu se manter unida na maior parte do tempo. Além disso, adiantou o que fãs podem esperar do show deles na Audio, em São Paulo, nesta quinta-feira, 13. Eles se apresentaram em Curitiba na última quarta, 12. Ingressos ainda estão disponíveis via Ticketmaster.
Confira a conversa!
Entrevista com Tim Booth (James)
Rolling Stone Brasil: Esta é a terceira vez que James vem ao Brasil. Anteriormente, a banda só havia vindo em 2012 e 2024 [no Rock in Rio]. Como é voltar em menos de um ano, e o que você espera desses novos shows, sendo eles concertos solo em vez de apresentações em festivais?
Tim Booth: Após 44 anos de James, é sempre maravilhoso vir a países que raramente visitamos. É uma das nossas alegrias tentar ver como nos comunicamos com pessoas de uma cultura tão diferente. Nos festivais, só podemos tocar por uma hora e isso realmente nos limita, já que temos cerca de 400 músicas para escolher. Ao contrário da maioria das bandas, mudamos o setlist todas as noites e improvisamos muito, então nossos shows são completamente diferentes de um dia para o outro. Provavelmente é por isso que duramos tanto tempo, e ainda me sinto estimulado ao tocar ao vivo. É maravilhoso voltar e tocar nossos próprios shows porque podemos tocar material mais profundo.
O novo álbum Yummy (2024) alcançou o número 1 nas paradas do Reino Unido, a primeira vez que James conseguiu isso. Como foi alcançar esse tipo de feito, mesmo considerando a carreira extremamente bem-sucedida da qual a banda tem desfrutado ao longo dos anos?
Apenas algumas bandas conseguem se tornar maiores com o passar do tempo. Estamos em uma categoria de elite. Leonard Cohen e Nick Cave vêm à mente. Ter um número 1 foi uma verdadeira validação e ver nosso público crescer a cada ano é incrível, e somos realmente gratos. Tiramos Beyoncé do topo da parada, o que foi bastante bizarro.
https://www.youtube.com/watch?v=videoseries
Isso pode ser uma pergunta um pouco fora do comum. Nos anos 1980, James sempre foi rotulado como o próximo grande nome do indie, mas foi preciso a explosão de Madchester para que o público em geral realmente abraçasse a banda. Considerando que Madchester trouxe a introdução da música dance ao indie rock e o seu próprio histórico como dançarino, quão gratificante foi ver o público encontrar o James nos termos do artista?
Nós começamos um ano antes dos Smiths e todo mundo achava que iríamos romper com eles. Depois rompemos com a cena de Manchester sete anos depois, mas evitamos fazer parte dela, já que influenciamos essa cena e tínhamos áreas de sobreposição, mas não éramos realmente “dela”. Depois fomos vistos como os padrinhos do Britpop, mas também evitamos essa cena, porque uma cena dura apenas alguns anos e nós queríamos longevidade. Estamos há 44 anos cultivando nosso próprio caminho. Sempre em busca de música que seja nova para nós, que ajude a redefinir nossa direção.
A banda se separou por alguns anos nos anos 2000 depois que você saiu, mas quando voltou, o som parecia ter mudado. O tempo afastado influenciou as coisas que você queria explorar nos anos seguintes?
Voltamos com uma nova apreciação pelo que tínhamos. Nos anos 1990, amávamos nossa música, mas éramos bastante disfuncionais como banda, como muitas bandas são com o estilo de vida comum do rock ‘n’ roll. Desde que voltamos, amamos estar juntos e amamos ser artistas que podem criar no nosso próprio ritmo. Pagamos por todos os nossos próprios discos e os possuímos. Criamos talvez 120 músicas por ano e mostramos apenas algumas delas ao público. Nos sentimos muito abençoados por fazermos o que fazemos com tanto sucesso.
Como a banda consegue manter um certo equilíbrio criativo, considerando que há tantos membros e, portanto, tantas sensibilidades diferentes?
O equilíbrio é obtido através da idade e da experiência e temos um objetivo comum, que é: oferecer ao público todas as noites a possibilidade da maior fuga que eles já viram e tornar cada concerto único e individual para a cidade em que estamos e para a data específica em que estamos tocando – motivo pelo qual mudamos o setlist todas as noites. Esse objetivo comum nos une.
Por fim, você tem alguma mensagem para os fãs brasileiros que vão ao shows em São Paulo?
É um grande prazer tocar aqui, em uma cultura tão rica. Venham nos ver e descubram por que ainda estamos crescendo depois de 44 anos. Garanto a vocês uma noite de música extática e inspiradora.
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