Celebridade
Dior apresenta primeira coleção feminina assinada por Jonathan Anderson

Há algo de inevitavelmente teatral no gesto de um novo diretor criativo ao assumir uma casa de moda histórica. O estilista irlandês Jonathan Anderson (41), à frente de sua primeira coleção feminina para a Dior, certamente transformou todo esse instante de transição em um espetáculo.
Ao projetar na abertura de seu desfile um vídeo do cineasta britânico Adam Curtis (70) em uma colagem de fragmentos de filmes e memórias da própria maison, o estilista pareceu encenar o medo e a reverência que acompanham qualquer tentativa de reescrever um legado.
Entre imagens de lideranças criativas do passado da maison, como Yves Saint Laurent (1936-2008), John Galliano (64) e Maria Grazia Chiuri (61), o que se via era o peso simbólico de uma marca que, há mais de sete décadas, define parte do imaginário feminino ocidental. Mas Anderson não se permite paralisar pela história. Ele a reconfigura. Sua coleção propõe uma leitura menos devocional e mais livre da herança deixada por Christian Dior (1905-1957), trocando a rigidez da silhueta original por estruturas maleáveis e inesperadas.
O clássico tailleur Bar reapareceu encolhido, quase infantil, enquanto vestidos de renda leve flutuavam em transparências e estruturas esculturais. Havia humor na desconstrução, uma ironia típica da assinatura do estilista, que misturava jeans e alfaiataria, chapéus ao estilo tricórnio e minissaias, revelando toda a habilidade do designer em embaralhar temporalidades e transformar a tradição em uma linguagem bem mais contemporânea.
O desfile de estreia de Anderson não foi uma negação do passado, mas um diálogo ao mesmo tempo tenso e vivo. Entre memórias e promessas, a Dior que emerge de suas mãos é menos monumental e mais humana, consciente de que o futuro da casa depende, justamente, de sua capacidade de respirar fora das vitrines da própria história.
FIQUE POR DENTRO DAS ÚLTIMAS NOTÍCIAS ACOMPANHANDO O INSTAGRAM DA CARAS BRASIL:
- Coluna Moda
- paula martins
