Connect with us

Moda

Como uma visita ao dentista pode ajudar a detectar doenças sistêmicas

Published

on


A saúde bucal vai muito além da estética de um sorriso bonito. A boca funciona como uma verdadeira porta de entrada para o organismo e pode refletir o estado geral da saúde, além de ajudar na identificação de doenças crônicas como diabetes, anemia e problemas cardíacos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo sofrem com doenças bucais —sendo a cárie o problema mais recorrente.

No Brasil, os dados também são preocupantes. Entre adultos e idosos, a perda de dentes é uma das condições mais comuns. Na faixa etária de 65 a 74 anos, 73% das pessoas necessitam de algum tipo de prótese dentária. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2019, apontou que 34 milhões de brasileiros com mais de 18 anos haviam perdido 13 dentes ou mais, e 14 milhões já não possuíam nenhum dente.

Dentista explica a importância do check-up odontológico para cuidar dos dentes, gengivas e da saúde de forma integral
Dentista explica a importância do check-up odontológico para cuidar dos dentes, gengivas e da saúde de forma integral – Edwin Tan/istock

Segundo a dentista Maria de Lourdes Soares, do AmorSaúde, é pela boca que entram os alimentos e também as bactérias. “Ela é um dos principais pontos de contato com o meio externo e abriga milhares de microrganismos que vivem em equilíbrio”, afirma. “Porém, quando há inflamações ou infecções gengivais, esses microrganismos podem se espalhar pela corrente sanguínea e afetar outras partes do corpo”, explica a dentista.

Algumas doenças sistêmicas podem manifestar sinais sutis na boca antes mesmo de outros sintomas aparecerem, como:

Diabetes: inflamações e cicatrização lenta

  • Pacientes com diabetes tendem a apresentar inflamação gengival com mais frequência, além de maior propensão a infecções e cicatrização lenta após procedimentos. A glicose alta compromete a imunidade e favorece o acúmulo de bactérias na boca.

Doenças cardíacas: sangramentos e infecções recorrentes

  • Gengivas inflamadas e sangramentos frequentes podem ser sinais de problemas cardiovasculares ou consequência de medicações usadas por quem tem doenças cardíacas. Além disso, a presença de bactérias na boca pode agravar quadros de endocardite.

Anemia: língua lisa e mucosas pálidas

  • A anemia pode ser percebida por alterações na coloração da mucosa bucal, que se torna mais pálida, além de aftas frequentes e uma língua lisa e dolorida.

Doenças autoimunes: feridas e inflamações persistentes

  • Em doenças como lúpus, líquen plano e síndrome de Sjögren, é comum o surgimento de feridas recorrentes e inflamações na mucosa oral.

Deficiências nutricionais e doenças gastrointestinais: mau hálito e alterações no esmalte

  • Problemas como refluxo, gastrite e carências de vitaminas (B12, ferro e zinco, por exemplo) também se manifestam na boca, seja por mau hálito persistente, erosão do esmalte ou alterações na língua. Esses sinais servem de alerta para investigar distúrbios digestivos ou alimentares.

A importância do acompanhamento com dentista

Maria de Lourdes alerta que o profissional dentista pode identificar esses sinais e encaminhar o paciente para uma avaliação médica completa. Além disso, ela ressalta que problemas bucais não tratados podem agravar doenças preexistentes.

“As doenças periodontais e infecções bucais permitem que bactérias entrem na corrente sanguínea durante atividades simples, como escovar os dentes ou mastigar. Em pessoas com alterações cardíacas, isso pode causar endocardite bacteriana, uma infecção grave. Já em pacientes diabéticos, a infecção bucal interfere na ação da insulina, dificultando o controle da glicemia”, explica a dentista.

Apesar disso, muitas pessoas ainda procuram o dentista somente quando sentem dor. A profissional reforça que o check-up odontológico regular é essencial. “Prevenir é melhor do que remediar. Consultas regulares permitem o diagnóstico precoce de cáries, inflamações gengivais e até de lesões suspeitas, como o câncer de boca, evitando complicações e mantendo a saúde bucal em equilíbrio”, afirma Maria de Lourdes.

A profissional destaca que alguns sinais merecem atenção, pois podem indicar doenças periodontais ou até lesões potencialmente malignas: sangramento gengival, mau hálito constante, gengivas inchadas ou feridas que não cicatrizam por mais de 15 dias.

Hábitos que afetam a saúde da boca

Além das doenças sistêmicas, a dentista alerta que o estilo de vida também tem impacto direto sobre a saúde bucal. Alimentação, sono, tabagismo e até o estresse podem alterar o equilíbrio da microbiota oral e favorecer o surgimento de cáries, inflamações e feridas.

Dietas ricas em açúcar

  • O consumo frequente de doces, refrigerantes e ultraprocessados alimenta as bactérias que produzem ácidos e corroem o esmalte dos dentes, aumentando o risco de cáries e mau hálito. O mais indicado é manter uma alimentação equilibrada, com frutas, verduras e proteínas, e reduzir a frequência do açúcar, não apenas a quantidade.

Tabagismo

  • O cigarro reduz a oxigenação dos tecidos, prejudica a gengiva e retarda a cicatrização, além de causar manchas nos dentes e aumentar o risco de câncer bucal. Mesmo usuários de cigarro eletrônico devem ter atenção, já que a nicotina líquida também afeta a circulação local.

Falta de sono

  • Dormir pouco enfraquece o sistema imunológico, o que favorece aftas, infecções e gengivites. A má qualidade do sono também está associada ao bruxismo, que provoca desgaste dental e dores de cabeça.

Estresse e ansiedade

  • Esses fatores aumentam a liberação de cortisol, que altera o pH da boca e reduz a produção de saliva, combinação que facilita o aparecimento de cáries, mau hálito e tensão muscular na mandíbula.

Consumo de álcool

  • O álcool irrita a mucosa oral, causa desidratação e reduz o fluxo salivar. Em excesso, pode favorecer o surgimento de feridas e, a longo prazo, aumentar o risco de lesões pré-cancerígenas.

Para Maria de Lourdes, é importante lembrar que o cuidado com a boca é parte do cuidado integral do paciente. “O dentista trabalha em conjunto com médicos para controlar fatores de risco e adaptar condutas, por exemplo, ajustar o tratamento odontológico em pacientes cardíacos, diabéticos ou gestantes. Esse diálogo é essencial para o cuidado integral”, afirma.

Nos idosos, ela reforça que a saúde bucal tem impacto direto na alimentação, na fala e até no bem-estar emocional. “Próteses mal adaptadas, boca seca e infecções bucais comprometem a qualidade de vida e a saúde geral”, acrescenta.

Para manter o corpo e a boca saudáveis, a profissional recomenda práticas simples e diárias: “Escovar os dentes de maneira adequada após as refeições, usar fio dental, controlar o consumo de açúcar e manter consultas regulares fazem uma enorme diferença. Quem adota esses hábitos está cuidando não só do sorriso, mas de todo o organismo”, conclui.



Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade