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Schynaider Moura fala sobre o desafio de viver o luto publicamente; psicanalista faz alerta

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A morte de Anne-Marie Garnero, filha da modelo Schynaider Moura, de 16 anos, trouxe à tona uma questão delicada: como viver o luto em tempos de exposição constante? Enquanto a modelo desabafava nas redes sobre o desejo de “deixar o tempo falar”, a psicanalista Dra. Cíntia Castro alerta que o silêncio, nesse contexto, pode ser uma forma de sobrevivência emocional — e não ausência de amor.

Atravessar o luto

A psiquiatra Dra. Cíntia Castro explica que o dilema vivido por Schynaider é comum a quem enfrenta uma perda tão profunda. Segundo a especialista, o luto é um território de contradições entre o desejo de partilhar e a necessidade de recolher-se.

“Quando uma perda como essa acontece, o mundo interno da pessoa enche-se de um silêncio que, às vezes, não cabe dentro dela. Ao mesmo tempo, há uma vontade quase instintiva de gritar, de contar ao mundo o tamanho do amor e da ausência.”

De acordo com a médica, nenhuma forma de expressar o luto é errada — seja por meio de postagens, homenagens ou do silêncio absoluto. “O recolhimento é uma forma de preservação emocional. Esse silêncio não é ausência de amor, mas uma tentativa de sustentar o insuportável dentro de si.”

Quando o tempo fala

A especialista ressalta que, diante de uma perda tão devastadora, é comum que os pais prefiram o silêncio nos primeiros momentos. “A perda de um filho desorganiza as bases mais profundas do sujeito: o tempo, o corpo, o sentido da vida e até a identidade parental. Diante disso, o silêncio inicial pode funcionar como um recurso de sobrevivência emocional.”

Segundo a psiquiatra, permitir que o tempo fale não é evitar o luto, mas respeitar o próprio ritmo. O risco aparece quando o isolamento se prolonga. “Quando a pessoa permanece sem meios de expressão emocional, há o risco do chamado luto não elaborado, que impede a retomada da vida. Por isso, é importante encontrar espaços seguros de escuta, como terapia, grupos de apoio ou vínculos afetivos.”

Luto público e privado

Com as redes sociais, o luto passou a ganhar visibilidade — e isso traz tanto apoio quanto desafios. “Nas redes, o luto ganha acolhimento coletivo, mas também se expõe a um ambiente público, às vezes superficial. A dor que é íntima e profunda pode se chocar com esse ritmo, dificultando o recolhimento necessário.”

Dra. Cíntia explica que ambos os espaços são legítimos: o público, onde o amor é reconhecido e partilhado, e o privado, onde a dor pode ser sentida sem precisar ser explicada.

A pressão por superação

A médica também chama atenção para a pressão social que muitas pessoas enlutadas enfrentam. “Amigos e familiares, mesmo bem-intencionados, podem enviar mensagens como ‘é hora de seguir em frente’, sugerindo que a dor precisa ser domada rapidamente. Mas o luto não tem cronômetro nem ritmo imposto de fora.”

Ela reforça que o processo de cura emocional demanda tempo e compaixão consigo mesmo. “O luto saudável é aquele que permite os dois movimentos: o de lembrar e o de sentir, o de falar e o de silenciar.”

Leia mais: Schynaider Moura faz desabafo uma semana após a morte da filha: ‘Incomparável’

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