Música
Por que Humberto Gessinger, fã de Nasi, não fala de política em shows

Humberto Gessinger abordou a polêmica envolvendo o Ira! e o vocalista Nasi, que “expulsou” bolsonaristas da plateia de uma apresentação no início do ano. Como resposta, a banda enfrentou uma onda de boicote a shows.
Em entrevista ao podcast Perimetral (via Whiplash), o músico ex-Engenheiros do Hawaii também explicou por que prefere não falar de política em seus shows, apesar de considerar que artistas têm esse direito.
Humberto argumentou, inicialmente, em apoio à atitude de Nasi:
“Cara, eu gosto muito do Ira!, e acho que falar tuas ideias no show faz parte, não só esteticamente, quanto politicamente. Fala o que tu quiser. Vaiar e aplaudir também faz parte do show.”
Ele continuou desenvolvendo o raciocínio e alertou para o que considera prejudicial, que seria um boicote e uma estigmatização “arquitetada” dos artistas. Gessinger disse:
“O que eu acho é que a coisa do boicote… não sei se sou paranoico, mas aí eu acho que já entram, como falava Jânio Quadros, forças ocultas. Já tem uma arquitetura desenhada pra estigmatizar isso. Porque não me parece fora do normal um artista falar a sua opinião e gente gostar e gente não gostar.”
Humberto Gessinger não fala de política em shows
O cantor e multi-instrumentista, no entanto, explicou que evita falar de política em suas apresentações. Humberto afirma gostar que a música seja o carro-chefe do show, pois sente “ciúmes” quando o aspecto político “toma a frente” do trabalho artístico.
Ele explica:
“Eu tento não trazer isso para o palco, mas meio com ciúmes disso, entendeu? Porque eu acho que a música deve ser o que eu faço e deve ser o que deve ficar na frente. Tenho ciúmes quando esses acessórios tomam a frente do que é o teu trabalho e as pessoas começam a não ouvir a música.”
A polêmica com Nasi e o Ira!
No início do ano, quatro shows do Ira! na região Sul do Brasil foram cancelados de uma vez. As performances aconteceriam entre abril e maio.
A razão está em um posicionamento de Nasi durante show realizado em Contagem (MG), no fim de março. O vocalista pediu que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro deixassem a plateia após vaias por ele ter disparado o grito “sem anistia”, em referência aos presos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
A empresa que produzia as quatro apresentações no Sul — mais especificamente em Jaraguá do Sul, Blumenau, Caxias do Sul e Pelotas — afirmou que não teve escolha a não ser cancelar os eventos. Em nota, a companhia relatou “inúmeros pedidos de cancelamento de ingressos adquiridos, desistência de patrocinadores e o risco claro de não progressão das vendas até as datas dos shows”.
Posteriormente, Nasi se retratou publicamente com os colegas pelas “perdas” ocorridas, mas definiu o produtor responsável pelos shows no Sul como “cagão” e disse que o episódio “não representa o público, nem o povo do Sul”:
“Por mais que eles (do Sul) tenham, estatisticamente, uma orientação mais conservadora, isso não foi empurrado pelos fãs. Isso foi milícia digital. Nosso show de novembro em Porto Alegre já está praticamente esgotado. Fizeram um terrorismo com os contratantes, literalmente. E tinha um contratante que era responsável por cinco shows desses. Eu sei de robôs, gente que está do outro lado do País, em Manaus, falando que não iria ao show (risos).”
Ele acrescentou:
“Agora, o cara (produtor) foi cagão. Vários outros contratantes receberam essas ameaças, bancaram e tiveram sucesso. Porque nossos shows, desde o primeiro, estão lotados. Aqui em São Paulo, tivemos que abrir uma noite extra na Vibra. Quase 6 mil pessoas cabem lá.”
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