Moda
Na China, um homem criou uma empresa onde as pessoas ‘fingem que trabalham’ e é um sucesso absoluto
/catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2025/08/trabalho.jpg?ssl=1)
Na China, uma nova modalidade de serviço tem ganhado força: espaços onde as pessoas simulam estar trabalhando.
Embora à primeira vista pareça uma ideia inusitada, já que significa pagar para parecer empregado, esses ambientes se tornaram populares, especialmente entre os jovens.
O sucesso do modelo revela uma faceta mais profunda da realidade chinesa: o desemprego crescente entre a população mais jovem.
Na China, um homem criou uma empresa onde as pessoas ‘fingem que trabalham’ e é um sucesso absoluto
Com uma taxa de desemprego juvenil que ultrapassa 14%, muitos recém-formados e jovens profissionais enfrentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho.
Em vez de permanecer em casa, onde o estigma da inatividade pesa e as cobranças familiares são constantes, eles optam por frequentar escritórios compartilhados nos quais fingem exercer alguma atividade profissional.
A prática oferece não apenas uma rotina semelhante à de um emprego formal, mas também a tranquilidade de mostrar aos pais que estão se esforçando para “fazer a vida andar”.
Esses espaços, criados por empreendedores atentos às mudanças no comportamento social, funcionam como ambientes de trabalho realistas: há estações com computadores, rede Wi-Fi, salas de reunião, áreas de descanso e, em muitos casos, refeições incluídas.
Os clientes chegam pela manhã, passam o dia digitando, participando de videoconferências ou apenas navegando por sites de vagas de emprego.
Embora pareçam estar ocupados com tarefas corporativas, a maioria está em busca de uma oportunidade real, tentando montar um negócio próprio ou apenas mantendo uma rotina produtiva enquanto o emprego não chega.
Locais simulam empregos reais e preservam disciplina
Para muitos usuários, a experiência vai além da aparência. A simulação de uma rotina profissional ajuda a preservar a disciplina e reduz a sensação de estagnação.
Alguns relatam melhorias na saúde mental, motivação renovada e até a formação de laços de amizade nesses espaços.
Além disso, há um grupo crescente de freelancers e trabalhadores autônomos que usa o local como ponto de apoio para manter foco e produtividade.
O fenômeno, embora recente, reflete um momento de transição na sociedade chinesa. A desconexão entre as formações acadêmicas e as demandas do mercado de trabalho tem deixado uma parcela significativa da juventude sem perspectivas claras.
Nesse contexto, fingir que se trabalha deixou de ser uma farsa para se tornar uma estratégia, uma forma temporária de lidar com o vazio profissional enquanto se constrói, com esforço silencioso, um futuro possível.