Celebridade
‘É essencial para a saúde do fígado’

Ator de Vale Tudo, João Vicente de Castro revelou vício e especialista explica impactos e sinais silenciosos de sobrecarga
Em 2024, João Vicente de Castro (42), intérprete de Renato no remake de Vale Tudo, fez um desabafo sobre um vício que desenvolveu em remédios para dormir. O ator contou que a dificuldade para relaxar após longas jornadas de trabalho o levou à automedicação, hábito que o fez “desaprender a dormir” de forma natural.
Para entender os efeitos que esse tipo de medicação pode causar, a CARAS Brasil conversou com a Dra. Patricia Almeida, hepatologista pela Sociedade Brasileira de Hepatologia e doutora pela USP.
“O uso prolongado de medicamentos para dormir, como benzodiazepínicos ou outros hipnóticos, geralmente não causa danos diretos ao fígado na maioria dos casos, desde que utilizados conforme prescrição médica. No entanto, muitos desses remédios são metabolizados pelo fígado, e seu uso excessivo ou prolongado — especialmente sem acompanhamento médico — pode sobrecarregar esse órgão. Esse risco aumenta quando há outros fatores envolvidos, como consumo de álcool, obesidade ou doenças hepáticas pré-existentes”, explica.
A especialista ressalta atenção redobrada para quem já possui problemas hepáticos: “Pacientes com cirrose devem ter um cuidado ainda mais rigoroso: o uso de certos medicamentos sedativos pode desencadear ou agravar encefalopatia hepática, uma complicação em que o fígado não consegue mais eliminar substâncias tóxicas, levando a alterações neurológicas e comportamentais.”
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Ela ainda reforça que dormir bem é fundamental para a saúde do órgão: “Um sono de qualidade, natural e restaurador é essencial para a saúde do fígado, já que durante o sono ocorrem processos fundamentais de desintoxicação e regeneração hepática. Por isso, o uso de medicamentos para dormir deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde, e alternativas não medicamentosas para melhorar o sono devem ser consideradas.”
Sintomas silenciosos de sobrecarga no fígado
A médica alerta que os sinais nem sempre são evidentes: “O fígado é um órgão silencioso e pode estar sobrecarregado sem apresentar sintomas evidentes, especialmente nas fases iniciais. Alguns sinais indiretos incluem cansaço persistente, sensação de peso ou desconforto abdominal, náuseas leves, perda de apetite ou, mais raramente, coloração amarelada na pele e nos olhos (icterícia).”
Exames laboratoriais podem ser a primeira pista: “Alterações em exames de sangue, como elevação das enzimas hepáticas (TGO, TGP, GGT), podem dar sinais de que algo não vai bem.”
Entre as ferramentas mais eficazes de avaliação, ela destaca: “Uma ferramenta muito útil na avaliação da saúde do fígado é o FibroScan, um exame rápido, indolor e não invasivo, que mede a elasticidade do fígado e identifica a presença de gordura (esteatose) ou fibrose (cicatrizes). Ele permite detectar alterações no fígado mesmo antes que surjam sintomas, sendo uma excelente forma de monitoramento para quem usa medicamentos de forma contínua ou tem fatores de risco para doenças hepáticas.”
É possível reverter os danos?
A boa notícia é que, na maioria dos casos, o fígado pode se recuperar: “Na maioria dos casos, sim. O fígado tem uma extraordinária capacidade de regeneração, desde que o dano ainda não tenha chegado a estágios irreversíveis, como a cirrose avançada. A interrupção do uso abusivo de medicamentos, associada a hábitos saudáveis — como alimentação balanceada, atividade física, manutenção de um peso adequado, redução do consumo de álcool e melhora do sono — pode permitir a recuperação parcial ou total do órgão.”
Segundo a hepatologista, casos leves tendem a responder bem às mudanças de hábitos: “Danos mais leves, como inflamação ou acúmulo de gordura (esteatose hepática), tendem a regredir com mudanças no estilo de vida. Já lesões mais avançadas, como a fibrose hepática, exigem acompanhamento contínuo. O FibroScan, junto com os exames laboratoriais, é fundamental para acompanhar a evolução e orientar as melhores condutas.”
O acompanhamento especializado é indispensável: “O acompanhamento com um hepatologista é indispensável para avaliar a extensão do dano e definir um plano individualizado de cuidados e prevenção.”
