Connect with us

Música

O segredo de Liam Neeson para a comédia: Não tente ser engraçado

Published

on



Mesmo por telefone, dá para sentir a gravidade de Liam Neeson. Não importa que ele tenha atendido a ligação para uma entrevista da seção “Last Word”, centrada de forma vaga em sua notável atuação cômica no reboot de Corra que a Polícia Vem Aí!. Ainda é o mesmo homem que já interpretou tanto um mestre Jedi quanto um supervilão do Batman; estrelou A Lista de Schindler (1993), de Steven Spielberg, e se reinventou como astro de ação na fase final da carreira com a franquia Busca Implacável. Por isso, quando Neeson responde a um simples “como você está?” com um seco “pior”, leva um momento para perceber que o consagrado ator está, na verdade, tentando arrancar risadas.

Corra que a Polícia Vem Aí!, que estreou no último fim de semana, é uma das comédias de grande estúdio mais engraçadas a chegar aos cinemas em anos. E muitos dos seus gags rápidos e eletrizantes funcionam graças à tensão entre as expectativas que temos sobre Neeson — nas quais ele se apoia em cena — e o caos pastelão que ele provoca como Frank Drebin Jr. É uma escalação perfeita, uma referência implícita ao fato de que o ator que interpretou o Frank Drebin original nos filmes Corra que a Polícia Vem Aí! e em sua série de comédia predecessora, Police Squad!, também era mais conhecido por papéis dramáticos: Leslie Nielsen.

Em conversa com a Rolling Stone, Neeson falou sobre sua abordagem absolutamente séria à comédia, as lições que aprendeu como boxeador amador, a importância da pontualidade — e muito mais.

Qual foi o melhor conselho que você já recebeu?
“Mantenha a compostura”, disse-me um ator profissional, anos atrás.

O que você gostaria que tivessem te dito sobre atuação quando estava começando?
Que os altos seriam incríveis — e os baixos, muito baixos.

Qual é a pior parte do sucesso?
Alguém disse uma vez: “É terrível quando estão falando de você — e ainda pior quando não estão”.

Você tem heróis na atuação?
Gosto de voltar aos velhos tempos, anos 1940, 1950. Gostava muito do Spencer Tracy como intérprete, porque ele sempre parecia muito real. Sem nariz falso, sem sotaques esquisitos, essas coisas — ele só estava ali, presente e verdadeiro.

Como você tenta incorporar isso no seu trabalho?
Se o público acredita nas palavras que estão saindo da sua boca, isso já é o suficiente para mim.

Quais são alguns dos seus livros favoritos?
Adoro romances policiais. “Nordic noir”. Tem um autor que faleceu há alguns anos, Henning Mankell. Um escritor nórdico excelente.

Que músicas ainda te emocionam?
Pink Floyd, Dire Straits, U2. Gosto muito do The Wall, do Pink Floyd. Vi ao vivo em 1983, talvez em Londres. Foi sensacional.

Você não fez muitas comédias. O que te atraiu a estrelar o reboot de Corra que a Polícia Vem Aí!?
Fui procurado pelo Seth MacFarlane para saber se eu tinha interesse. E eu tinha assistido às versões originais, que gostei — me arrancaram boas risadas. Então disse que sim, que tinha interesse, e deixamos por isso mesmo. Depois recebi o roteiro, e achei engraçado — tinha várias boas risadas ali.

Você foi hilário interpretando a si mesmo na série Life’s Too Short, do Ricky Gervais. A graça era que você queria fazer comédia, mas era péssimo nisso. O que lembra daquela filmagem?
As pessoas acham que foi improvisado, mas não foi nada disso. Cada vírgula e ponto e vírgula estavam no roteiro escrito por Ricky. Eu estava um pouco nervoso para fazer aquilo, achei que ia ficar rindo o tempo todo. Mas quem ria o tempo todo era o Ricky. Aquilo me deu confiança.

De quais comédias você é fã?
Quando criança, ia muito às matinês de sábado, e adorava Laurel & Hardy, aquelas comédias curtas dos anos 1920 e 1930. Bud Abbott e Lou Costello também. Mais modernamente, Trovão Tropical, do Ben Stiller, sempre me faz rir. Os filmes do Will Ferrell. Mike Myers, Austin Powers. E Napoleon Dynamite, que achei sensacional.

Você cresceu na Irlanda do Norte durante os Troubles. A comédia teve um papel importante na sua vida naquela época de tanta violência?
O cinema certamente era um grande escape, fosse comédia ou não. Era um período turbulento. E escapar disso era muito, muito importante. Os esportes da escola também — eu era boxeador amador quando criança.

Li que você teria feito teste para jogar no Bohemian Football Club, time de futebol da Irlanda.
Não sei de onde tiraram isso — é totalmente falso! Tenho dois pés esquerdos quando se trata de futebol.

Tem algo das suas experiências como boxeador que você leva até hoje?
Preparação. E manter uma boa forma física para a vida — e especialmente para papéis principais no cinema. Porque o trabalho é exigente, os dias são longos. É bom estar razoavelmente em forma.

Assim como você, o astro original de Corra que a Polícia Vem Aí!, Leslie Nielsen, veio de um histórico mais dramático. Como sua sensibilidade dramática influenciou a cômica?
No filme, tento interpretar cada cena da forma mais séria possível. Talvez um pouco mais exagerado em certos momentos. Não atuo tentando ser engraçado — essa é uma regra que estabeleci para mim mesmo. Não interprete pela comédia. A ideia é que isso apareça naturalmente na interação com os outros atores.

Você já viu os vídeos dele dando entrevistas com a maquininha de pum?
Vi sim. Assisti a alguns.

Mesmo ali ele consegue manter tudo bem sério.
Sim, ele mantém a seriedade, mas é um humor doce, inocente, tipo moleque de escola.

Comédia é uma questão de timing — mas o mesmo vale para ação e coreografia de luta. Você vê alguma conexão entre as duas coisas?
Acho que sim. É uma pergunta interessante. Você depende muito do seu diretor e do editor, claro, especialmente em sequências de luta. Em Corra que a Polícia Vem Aí!, eu estava cercado de atores e atrizes excelentes — especialmente a Pamela Anderson. Ela está sensacional no filme — sexy, engraçada e ótima de trabalhar junto.

Em Busca Implacável, você tem a famosa frase: “O que eu tenho são um conjunto muito específico de habilidades”. Que habilidades específicas você adquiriu ao longo da carreira?
Com atuação, você está sempre em busca. Sabe o que quero dizer? Nunca sinto que “já fiz”. Sempre tem algo novo para aprender, com os diferentes atores e atrizes com quem você trabalha, e também com diretores diferentes. Como disse antes, só tento ser verdadeiro. E chegar no horário. Isso é muito importante. Ouço histórias perturbadoras sobre atores e atrizes extremamente talentosos que aparecem no set com duas, três, quatro horas de atraso. Eu jamais trabalharia com essas pessoas. Acho isso extremamente desrespeitoso.

Pontualidade é fundamental.
Sim, muito, muito importante, na minha opinião. Porque tem uma equipe de 60, 70, 80 pessoas esperando por você. O mínimo que você pode fazer é mostrar respeito chegando na hora.

+++LEIA MAIS: ‘Corra que a Polícia Vem Aí’ rende muitas risadas, mas perde ritmo no final

Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade