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Beijo pode transmitir sintomas de depressão, diz estudo

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Beijar é uma das formas mais íntimas de conexão entre duas pessoas. Mas e se esse gesto tão comum também pudesse carregar algo invisível, como sintomas de depressão? Um estudo recente realizado no Irã sugere que casais podem compartilhar mais do que afeto: eles também trocam bactérias capazes de influenciar diretamente a saúde mental.

A pesquisa acompanhou 1.740 casais recém-casados por seis meses e descobriu que parceiros de pessoas com depressão e ansiedade passaram a apresentar alterações no microbioma oral —conjunto de micro-organismos que vivem na boca— semelhantes aos do parceiro afetado. Essas mudanças foram associadas ao aumento de sintomas como insônia, estresse elevado e até depressão.

Os casais podem compartilhar mais do que imaginam, incluindo influências microscópicas em sua saúde mental
Os casais podem compartilhar mais do que imaginam, incluindo influências microscópicas em sua saúde mental – Tero Vesalainen/istock

O estudo, publicado na revista Exploratory Research and Hypothesis in Medicine, levanta uma questão intrigante: será que o beijo pode ser uma via de transmissão emocional e biológica? Os cientistas acreditam que sim e que isso pode mudar a forma como tratamos transtornos mentais em casais.

O microbioma oral e o eixo cérebro-boca

O microbioma oral é composto por centenas de espécies de bactérias que vivem em equilíbrio na boca. Quando esse equilíbrio é alterado, pode haver impactos em diversas áreas do corpo e até no cérebro. Segundo os pesquisadores, bactérias como Clostridia, Veillonella, Bacillus e Lachnospiraceae foram encontradas em maior quantidade nos parceiros de pessoas com depressão.

Essas bactérias estão ligadas ao chamado “eixo microbiota oral-cérebro”, uma via de comunicação entre os micro-organismos da boca e o sistema nervoso central. Elas podem afetar a barreira hematoencefálica, permitindo que substâncias inflamatórias cheguem ao cérebro e alterem o humor, o sono e o comportamento.

Além dos beijos, a convivência em ambientes fechados, o compartilhamento de utensílios e até a respiração do mesmo ar contribuem para essa troca microbiana. Ou seja, viver junto pode literalmente mudar a composição bacteriana da boca e, com isso, influenciar a saúde mental.

Mulheres são mais afetadas

Um dos achados mais relevantes do estudo foi a diferença de impacto entre os gêneros. As mulheres apresentaram alterações mais significativas tanto na flora bacteriana quanto nos níveis de cortisol —o hormônio do estresse. Elas também relataram maior piora na qualidade do sono e aumento de sintomas depressivos.

Essa maior sensibilidade feminina pode estar relacionada a fatores hormonais e imunológicos, que tornam o corpo da mulher mais suscetível a mudanças no ambiente e nas relações. Isso reforça a importância de considerar o contexto conjugal no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais.

Segundo a médica Anna Luísa Barbosa (CRMGO 33271), o estudo abre caminho para uma abordagem mais integrada da saúde mental, que leve em conta não apenas o indivíduo, mas também o ambiente e os vínculos afetivos.

O que muda no tratamento da depressão

As descobertas sugerem que o tratamento da depressão pode precisar de uma abordagem mais ampla. Em vez de focar apenas no paciente, os profissionais de saúde mental podem considerar o casal como uma unidade terapêutica. Isso inclui:

  • Tratamento simultâneo dos dois parceiros;
  • Uso de probióticos específicos para equilibrar o microbioma oral;
  • Cuidados com a higiene bucal e alimentação;
  • Terapias que abordem a dinâmica emocional da relação.

Embora o estudo ainda esteja em fase inicial e precise de mais validação científica, ele já levanta um alerta importante: a saúde mental pode ser influenciada por fatores microscópicos e invisíveis –e o beijo, que sempre foi símbolo de afeto, pode também ser um canal de transmissão de desequilíbrios emocionais.



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