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TDAH Levado a Sério vira movimento nacional e leva inclusão escolar e políticas públicas para o centro do debate

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Imagine uma sala de aula onde a criança que não consegue ficar sentada, que se distrai com qualquer estímulo e que é taxada de “desobediente”, finalmente é compreendida.

Onde os educadores sabem que o comportamento dela não é rebeldia, mas um transtorno neurobiológico com nome, tratamento e direitos. É exatamente esse cenário que o projeto TDAH Levado a Sério está construindo — cidade por cidade, escola por escola, professor por professor.

Com ações itinerantes por diversas regiões do Brasil, o TDAH Levado a Sério na Escola já impactou mais de 80 escolas e capacitou mais de 500 educadores
Com ações itinerantes por diversas regiões do Brasil, o TDAH Levado a Sério na Escola já impactou mais de 80 escolas e capacitou mais de 500 educadores – Banco de Imagens | iStock

Batizada de TDAH Levado a SériApseno na Escola, a iniciativa da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), com apoio da , não é apenas um programa de capacitação. É um movimento de transformação.

Com ações itinerantes por diversas regiões do Brasil, o projeto já impactou mais de 80 escolas e capacitou mais de 500 educadores durante as etapas realizadas em São Paulo(SP), Rio de Janeiro(RJ), Belém(PA) e Pouso Alegre(MG).

A iniciativa aposta na formação de professores como pilar fundamental para a inclusão escolar de crianças e adolescentes com TDAH. Ao preparar educadores das redes públicas e privadas, o projeto ajuda a criar um ambiente mais justo, acolhedor e eficaz para todos os alunos.

Mas a missão do TDAH Levado a Sério não para nas salas de aula. Ganhando fôlego a cada edição, a mobilização ultrapassou os muros escolares e chegou ao coração da política nacional: o Congresso.

Em um gesto simbólico, o prédio do Legislativo foi iluminado de laranja — cor da campanha — para lembrar a sociedade de que o TDAH não pode mais ser ignorado.

Em um gesto simbólico, o prédio do Congresso Nacional foi iluminado de laranja para lembrar a sociedade de que o TDAH não pode mais ser ignorado
Em um gesto simbólico, o prédio do Congresso Nacional foi iluminado de laranja para lembrar a sociedade de que o TDAH não pode mais ser ignorado – Tom Molina | Divulgação

E que já passou da hora de garantir tratamento, diagnóstico e acolhimento para quem convive com o transtorno.

Os sintomas que o mundo ainda insiste em não ver

O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) pode afetar entre 5 e 8% da população mundial, sendo que 70% das crianças com o transtorno apresentam outra comorbidade e pelo menos 10% têm três ou mais comorbidades¹.

Reconhecer os sintomas é essencial na jornada até o diagnóstico que deve ser feito por um especialista. Os principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Mas a realidade é bem mais complexa do que essa tríade sugere. Isso porque os sinais do transtorno são facilmente confundidos com mau comportamento, preguiça, agitação “normal da idade” ou até falta de limites.

Muitas vezes, o primeiro alerta vem na escola. A criança não para quieta, interrompe a aula, esquece materiais, não termina atividades. Em casa, os pais podem interpretar como birra. Mas não é. É o cérebro funcionando de um jeito diferente.

Para complicar, outros transtornos também podem parecer TDAH — e vice-versa. Depressão, ansiedade, distúrbios do sono, dislexia, transtorno opositor-desafiador.

E o mais desafiador: muitos desses quadros andam juntos com o TDAH, embaralhando ainda mais o diagnóstico. Ensinar professores a identificar os sinais é o primeiro passo para mudar a trajetória de vida de milhares de crianças.

Diagnóstico: entre a desinformação e o apagão da saúde pública

Com o crescimento da visibilidade do TDAH, mais pessoas têm buscado respostas para comportamentos que antes eram apenas rotulados. E não só crianças: os diagnósticos em adultos acima dos 44 anos também vêm aumentando, com prevalência estimada em até 4%.

Mas o caminho até o diagnóstico ainda é tortuoso no Brasil. Falta preparo na rede pública, faltam profissionais especializados, faltam políticas claras. E sobra desinformação. Especialmente nas redes sociais, onde leigos muitas vezes viralizam conteúdos sem embasamento científico.

O que parece um passo à frente pode, na prática, ser um retrocesso. Porque autodiagnósticos e generalizações perigosas confundem quem precisa de ajuda de verdade. Especialistas alertam: o diagnóstico deve ser feito por médicos capacitados — neurologistas, psiquiatras, pediatras. Só assim é possível garantir o tratamento certo, no tempo certo.

No fim das contas, reconhecer os sintomas e buscar um diagnóstico adequado ainda é um privilégio e isso precisa mudar.

Tratamento para o TDAH: mais do que controle, um recomeço

Quando falamos em tratamento para o TDAH, estamos falando de mais do que comprimidos. Estamos falando de devolver autoestima, restaurar laços, melhorar o desempenho escolar, profissional, afetivo. É sobre permitir que uma pessoa viva com mais autonomia, foco e equilíbrio.

Mais do que acalmar a mente, as terapias, sempre sob orientação de um médico, ajudam a organizar pensamentos, filtrar estímulos, tornar o cotidiano menos caótico. Para muita gente, é como enxergar o mundo com lentes novas.

Sem tratamento, os prejuízos se acumulam: evasão escolar, baixo rendimento, baixa autoestima, impulsividade em excesso, comportamentos de risco, uso precoce de álcool e drogas. E uma sensação constante de que a vida está sempre escapando pelos dedos.

Por isso, tratar o TDAH é resgatar potenciais que o mundo ainda insiste em ignorar.

O projeto TDAH Levado a Sério na Escola mostra que, quando conhecimento e empatia andam juntos, a transformação é possível
O projeto TDAH Levado a Sério na Escola mostra que, quando conhecimento e empatia andam juntos, a transformação é possível – Apsen | Divulgação

Política pública e acesso: entre a lei e a realidade

Na teoria, o Brasil avançou. A Lei nº 14.254 prevê o atendimento integral de pessoas com TDAH, do diagnóstico ao acompanhamento terapêutico. Uma conquista importante, resultado de anos de luta da sociedade civil e de especialistas.

Na prática, porém, a realidade ainda é diferente. O SUS não oferece, de forma estruturada, a maioria dos tratamentos recomendados. A distribuição de medicamentos é irregular, o tempo de espera por um especialista é longo, e o atendimento muitas vezes desinforma mais do que ajuda.

É nesse cenário que projetos como o TDAH Levado a Sério se tornam ainda mais necessários. Eles não apenas trazem luz para a urgência de se discutir o TDAH, como também levantam uma questão de saúde coletiva e de inclusão social.

A iluminação do Congresso Nacional na cor laranja, em alerta ao TDAH, foi um símbolo. Mas o que o Brasil realmente precisa é que essa luz se transforme em ações concretas, políticas eficazes e cuidado real.

O projeto TDAH Levado a Sério na Escola mostra que, quando conhecimento e empatia andam juntos, a transformação é possível. Uma escola que acolhe. Uma rede pública que escuta. Uma política que garante direitos. Tudo isso começa com uma escolha simples, mas poderosa: levar o TDAH a sério.

Para saber mais, acesse: www.tdahlevadoaserio.com.br


Referência:

1 – https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/entre-5-e-8-da-populacao-mundial-apresenta-transtorno-de-deficit-de-atencao-com-hiperatividade#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20Associa%C3%A7%C3%A3o,apresentam%20tr%C3%AAs%20ou%20mais%20comorbidades 



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