Celebridade
Priscila Buiar reflete sobre novo filme internacional: ‘Profundamente pessoal’

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Priscila Buiar reflete sobre 24 anos de carreira e o protagonismo no longa-metragem Uma Questão de Tempo
Atriz e modelo, Priscila Buiar (33), começou a carreira cedo. Aos 10 anos, já havia entrado no teatro amador e realizado seu primeiro book profissional. Hoje, ela é uma força de atuação em território nacional e internacional.
Nascida em Maringá, no Paraná, Priscila se formou em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2014, mesmo ano em que participou de peças como Hamlet Essencial e Sinfonia da Morte. Atualmente, mora no Rio de Janeiro e tem focado em projetos na frente das câmeras, como Uma Questão de Tempo (2025).
Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Priscila Buiar falou sobre a importância de um projeto como Uma Questão de Tempo no contexto político e social atual, além de revisitar um pouco de seu passado enquanto dá uma palinha de o que os fãs podem esperar no futuro.
Escrito e dirigido por Brian P. Hoffman e Ana M. Rojas, Uma Questão de Tempo, ou A Matter Of Time, é um curta-metragem de drama que conta a história de Milena (Priscila Buiar), uma mãe beneficiária do DACA, que enfrenta uma crise que pode mudar sua vida quando sua rotina com a filha, Sofia (Brielle Dardashtian), é interrompida por uma iminente operação do ICE.
“A imigração sempre foi uma questão política nos Estados Unidos, mas também é profundamente pessoal”, disse a atriz. “Esta história é sobre uma mãe, uma família, uma noite, mas ela fala da realidade de milhões de outras pessoas. Não queríamos sensacionalizar ou politizar, queríamos mostrar a verdade emocional. É isso que o cinema pode fazer. Ele pode criar empatia em uma época em que é perigosamente fácil desumanizar.”
Gravado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em um momento que as batidas policiais constantes e imigrantes vivem sob um estado de medo constante, podendo ser abordados dentro de suas casas ou andando na rua, Priscila afirma que não sentiu medo de repercussões negativas durante o projeto.
“Quando se escolhe trabalhar com temas relevantes, com um grande propósito, é natural pensar sobre a profundidade dos temas abordados e sobre como aquilo vai reverberar na sociedade”, explicou. “Eu, particularmente, nunca pensei em não fazer o projeto ou tive medo sobre algo que pudesse acontecer durante ou após. Estou acostumada a escolher projetos justamente pelo debate que eles se propõe a fazer, e sobre como aquele tema é relevante e necessário para a sociedade naquele momento”.
A realidade para Ana Milena Rojas, no entanto, é diferente. Imigrante e beneficiária do DACA, a co-diretora e escritora vive uma realidade vulnerável e volátil espelhada pelo curta-metragem. Segundo a atriz, foi a crueza e a profundidade da história criada que a fizeram querer protagonizar o projeto.
Antes mesmo de começar o roteiro, Ana já havia compartilhado sua vontade de contar uma história para a atriz, que à incentivou: “Eu sou muito fã de histórias intensas, eu amo fazer drama, e me lembro de ter dito pra ela: Coloque no papel um assunto que você queira muito abordar. Algo que te aflige, algo que te incomoda, algo que você precisa contar para o mundo”.
Na trama, Priscila interpreta Milena, mãe imigrante nomeada após sua criadora. O papel, tão próximo a vida real, reflete a realidade de milhares de pessoas ao redor do mundo e exige uma preparação cuidadosa por parte da atriz.
“Meu primeiro passo é me situar dentro daquele mundo específico e me apurar em detalhes. Para a construção da personagem eu fiz muitas entrevistas com amigos ou amigos de amigos que viveram ou vivem essa situação,” contou Priscila. “Hoje, com minhas fãs e com o alcance da minha rede social, eu fiz amizades com muitas pessoas pelo mundo inteiro e isso foi algo que expandiu meus horizontes, literalmente. Sempre que viajo me conecto com elas e aproveitei dessa relação para entrevistar algumas delas que são imigrantes”.
A atriz relatou ter anotado relatos e insights em um caderno especial para Milena. Junto de conhecimento reunido sobre os fatos com base em sites e noticiários, ela utilizou as experiências pessoais daqueles que entrevistou para trazer a urgência e a realidade do que a personagem estava vivendo.
Quando questionada sobre a mensagem espera que os espectadores levem do filme, Priscila falou sobre conscientização, tanto dos moradores dos Estados Unidos, quanto de pessoas em outros países que, por estarem em uma realidade afastada, não sabem ou compreendem o que está acontecendo: “É aí que entra a função da arte, de mostrar, conscientizar, evidenciar situações até então desconhecidas ou ignoradas pela maioria”, afirmou.
Uma carreira movida por valores
Com 24 anos de carreira, Priscila já participou de novelas na TV Globo e Rede Record, séries da Netflix, curtas e longas-metragens independentes e até uma websérie de fantasia. Para a atriz, cada uma dessas experiências serviram como grande aprendizado sobre todas as funções necessárias para a realização de um filme, desde a produção, escalação, preparação de elenco, direção, edição, até funções que impactam mais diretamente o trabalho do ator no set como a continuidade, guarda-roupa, etc.
Ela, no entanto, acredita ser impossível reduzir sua trajetória a um único projeto específico: “Eu sou muito grata a toda e a cada oportunidade que eu tive em toda a minha carreira. Seja ela de participação, ou de protagonista, todas elas me ensinaram. Também sou muito grata a cada profissional com quem trabalhei. A cada pessoa com quem troquei, com quem aprendi, com quem fiz arte. Todas elas, e todos os projetos, me fizeram ser quem eu sou e chegar aonde cheguei”.
Quando questionada sobre sonhos para o futuro, Priscila confessa que possui alguns papéis que sonha em fazer, mas não é apegada ao aspecto “externo” ou moldado de cada personagem ou projeto, o que realmente a move como artista é o propósito de cada obra e como aquele projeto pode impactar a vida das pessoas. Segundo ela, cada projeto aparece no momento certo: “Também tenho uma fé muito grande de que cada projeto e personagem aparece no momento certo em que tem que aparecer, pois antes mesmo daquilo reverberar para o mundo, primeiramente aquele personagem e projeto reverbera dentro de mim. Todo personagem me ensina, me faz crescer, me traz aprendizados e me transforma profundamente. E eu sou apaixonada por esse processo”.
Em relação ao futuro próximo, a atriz revela ter planos concretos e dois projetos fechados, sendo um deles para o cinema nacional com o diretor, e seu amigo, Paulo Fontenelle: “Nossa parceria tem sido muito próspera e já é nosso terceiro trabalho juntos. Já fizemos um filme de terror, Sala Escura, que estreou em 2024 e que atualmente está disponível na Prime Vídeo; o drama Mariana, que gravamos no ano passado e que agora está em pós produção”, relembra. “E agora faremos algo novo, vamos gravar uma comédia: Mentira tem Perna Curta durante os meses de julho e agosto em Minas Gerais, ao lado um elenco maravilhoso. Estou muito animada!”
Já o segundo projeto, Priscila afirma que ainda não pode dividir muitos detalhes, mas que está empolgada pelo o que está por vir e deve compartilhar mais detalhes em breve.
A busca pelo autoconhecimento e bem-estar
Além de seu trabalho como atriz, Priscila também é fundadora do SELFCARE, projeto focado em saúde física e mental. Ela afirma acreditar que o autoconhecimento e o autocuidado estão diretamente ligados com sua profissão: quanto mais se conhece como ser humano, mais ferramentas possui para usar como atriz.
Seu lado como influenciadora de bem-estar surgiu em 2022, após o sucesso de Stupid Wife (2022-2024), Priscila decidiu utilizar de sua plataforma para incentivar mudanças positivas na vida das mulheres que a seguem e a acompanham e afirma que esse é o trabalho mais importante e mais bonito que já fez.
“Eu vejo que quanto mais eu divido, mais eu compartilho, mais eu aprendo e mais amor e carinho eu recebo em troca. Nós seres humanos nem sempre temos ideia do tamanho e da força do impacto que temos na vida do outro. Mas eu busco usar esse “super poder” de forma consciente, positiva, amorosa e gentil. Minha frase favorita é: “‘Você nunca saberá quantas vidas transformou, mas elas saberão’”, conclui a atriz.