Celebridade
Psicóloga analisa postura de Gominho após morte de Preta Gil: ‘Consciente do fim’

Psicóloga analisa em entrevista à CARAS Brasil a postura de Gominho após a morte de Preta Gil e explica o processo de perda
A morte de Preta Gil (1974-2025) deixou uma onda de comoção entre fãs, familiares e amigos. Um dos mais próximos dela, Gominho não apenas acompanhou cada etapa do tratamento, como largou tudo para morar com a artista e ser seu apoio diário durante o período mais difícil.
Mas após a partida da cantora, o comunicador, que revelou ter passado pelo ‘luto vivo’, começou a ser alvo de críticas nas redes sociais por demonstrar leveza em meio ao luto. Para muitos, a postura positiva estaria em desacordo com o momento de dor.
Para entender o que está por trás dessa reação do artista e das cobranças sofridas, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga Letícia de Oliveira, que analisou a situação com base em sua experiência clínica.
Segundo Letícia, o que Gominho viveu ao lado de Preta Gil pode ser classificado como luto antecipatório, fenômeno comum em casos de doenças graves e de longa duração: “Quando você acompanha uma pessoa por um tratamento, por alguns anos, como foi o caso da Preta Gil, você vive momentos de altos e baixos, de esperanças e retrocessos. Convive de perto com a morte”, explica.
“Inicialmente, diante de um diagnóstico de câncer, você se depara com a possibilidade da morte. À medida que o tratamento avança e há recidivas, ou quando surge a metástase, não é só a pessoa doente que sente o impacto — todos que a acompanham percebem a perda de saúde e de capacidades”, diz a psicóloga.
Ela define esse processo como um “luto homeopático”, onde a perda vai sendo sentida gradualmente: “Não é que doa menos, mas nos acostumamos, momento a momento, com a ausência daquela pessoa inteira ao nosso lado. É um luto que se processa aos poucos, de forma consciente, muito diferente da perda repentina, como em um acidente. Não é menos sofrido, mas é menos abrupto. E esse processamento gradual faz com que quem acompanha o processo se torne mais consciente do fim que se aproxima”, afirma.
É possível viver o luto com leveza? E isso é saudável?
Logo após a morte de Preta, Gominho declarou que pretende “brilhar” como forma de homenagear a amiga, e que não quer viver mergulhado na tristeza. Para a psicóloga, essa forma de reagir, embora incompreendida por muitos, é legítima.
“As pessoas falam sobre viver a vida, mas isso muitas vezes é mal interpretado. O Gominho foi o melhor amigo da Preta, esteve com ela desde o início do diagnóstico. Ele viveu intensamente o processo da doença e da morte. Imagino que, neste primeiro momento, não é que a dor não vá surgir, mas existe um alívio. Alívio pelo fim de uma trajetória tão sofrida, por não ver mais a pessoa que você ama passando por tanto sofrimento físico e emocional.”
A profissional destaca que esse tipo de reação, embora pareça contraditória, é comum: “É comum que quem acompanhou um ente querido com câncer demonstre, num primeiro momento, uma reação de alívio, que pode parecer até leveza. E esse alívio é real: é o fim da dedicação exaustiva, das longas horas no hospital, da angústia constante. Depois disso, vem a vontade de viver o que não foi possível durante esse período. Mas também vem a falta da pessoa. Então, sim, é possível viver o luto com certa leveza no início. Isso não significa ausência de sofrimento — é apenas uma manifestação diferente da dor.”
Julgamentos podem agravar a dor?
As críticas públicas à forma como Gominho lida com o luto têm gerado debates. Letícia é categórica: julgar o modo como alguém vive a dor é não só injusto, mas também prejudicial.
“Acho muito cruel esperar que o outro viva o luto da mesma forma que a gente. Cada um processa a dor e a perda de um jeito. Há quem negue a realidade no primeiro momento, quem se anestesie, quem mantenha o foco apenas nas burocracias. Outros sentem alívio por não estarem mais imersos na doença, por não verem mais o sofrimento de quem amam.”
Ela alerta para o distanciamento entre quem julga e quem realmente esteve presente: “A morte, nesse caso, deixa de ser uma possibilidade e se torna uma realidade concreta. E o julgamento vem, muitas vezes, de quem não viveu aquilo de verdade. Cada um teve sua experiência ao lado da Preta e se entregou da sua maneira.”
Para a especialista, a entrega de Gominho ao longo do tratamento legitima ainda mais sua reação atual: “É muito fácil demonstrar tristeza sem ter feito a entrega real. E, pelo que acompanhamos, o Gominho foi quem mais abriu mão da própria vida para estar ao lado dela. Agora ele está sendo cobrado por pessoas que talvez não tenham feito nem um oitavo do que ele fez.”
Por fim, Letícia destaca a importância de respeitar o tempo e o processo do outro: “O que a gente precisa é homenagear em vida, não depois da morte. Talvez ele esteja demonstrando sabedoria, e espero que não se afete com essas críticas — embora seja natural que isso aconteça. Afinal, no momento de luto, o que menos se precisa é ser atacado, entrar em polêmicas ou virar alvo de fofocas, como estão fazendo com ele e com a Carolina Dieckmann. A impressão que dá é que as pessoas não querem deixar a história morrer e assim, não dão paz para quem mais precisa de acolhimento e tranquilidade.”
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