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O golfista marrento de Adam Sandler está de volta!

No hóquei, ele era casca-grossa, mas patinava mal pra caramba. No golfe, por outro lado, o “slap shot” de Happy Gilmore virou uma arma secreta: suas tacadas longas fariam qualquer profissional passar nervoso. O que o hóquei perdeu, o golfe ganhou: Gilmore virou sensação nos campeonatos e deu uma sacudida roqueira no mundinho engomado da PGA. Nem os socos de Bob Barker conseguiram frear sua escalada rumo à fama. Ele conquistou a jaqueta dourada, a namorada, tirou a avó daquele asilo que parecia uma fábrica… levou tudo. Fim de jogo.
Você já sabe: Um Maluco no Golfe, lançado em 1996, é um clássico da comédia. Foi o filme que transformou Adam Sandler de ex-SNL engraçadinho em astro de Hollywood de verdade. Provavelmente você consegue citar várias falas de cabeça, ainda mais se for fã de golfe e cresceu nos anos 90. Apesar de Sandler já ter feito algumas continuações na carreira, a volta do rebelde do golfe, aquele que bebe cerveja no funil e dá autógrafo em peito de fã, parecia sonho distante. Só uma fada madrinha… ou melhor, um serviço de streaming com quem Sandler já tem um contrato milionário, poderia realizar esse desejo.
Pá! Demorou quase 30 anos, mas ei! Desejo concedido!
Um Maluco no Golfe 2 te atualiza sobre o que nosso cara tem feito desde a última vez em que o vimos, o que é mais ou menos o que você esperaria: conseguindo patrocínios enormes, aproveitando seu status de semideus e criando uma família: quatro filhos bagunceiros que herdaram o dom do pai pra violência e piadas de mal gosto, e uma filha (Sunny Sandler), com sua esposa, a ex-diretora de relações públicas da turnê profissional, Virginia Venit (Julie Bowen).
Estava tudo ótimo, até que a tragédia bateu durante uma partida. Depois disso, Gilmore perdeu tudo e virou um beberrão dedicado, fazendo cantis com tudo, desde pepinos até cucos. Ele era feliz só no nome.
Felizmente, Gilmore vai para a reabilitação. Não importa que o grupo dele seja comandado pelo mesmo pilantra que mandava no asilo da Vovó (oi, Ben Stiller!). Happy está determinado a recuperar seu mojo. Com o tempo, ele supera o trauma que passou a associar com o esporte que o transformou em rei, e volta a pegar nos tacos de golfe. As coisas começam a melhorar.
Exceto por um babaca chamado Frank Manatee (Benny Safdie, vestido como se ainda estivesse no personagem de The Curse). Quando criança, ele viu Gilmore levar aquela energia caótica para o golfe, e isso o inspirou a criar sua própria liga rival, chamada Maxi, uma mistura de American Gladiator, a XFL original e uma ressaca de Four Loko. Manatee quer que Gilmore entre para a liga. Happy responde jogando ele dentro do aquário de lagostas de um supermercado. Pra constar: essa é a versão do Gilmore de dizer “Agradeço, mas recuso gentilmente sua oferta. Tenha um bom dia, senhor!”.
Mesmo assim, a Maxi cresce tanto que começa a ameaçar a própria existência da PGA. Gilmore então precisa reunir um verdadeiro time dos sonhos dos maiores nomes do golfe atual para enfrentar os jogadores bombados da liga rival, incluindo um fenômeno turbinado cirurgicamente (Haley Joel Osment), e assim preservar a integridade do esporte. Até Shooter McGavin (Deus o abençoe, Christopher McDonald), que foi internado depois de perder o juízo com a vitória de Gilmore décadas atrás, entra na brincadeira.
Essa é a história. Que, naturalmente, serve só como desculpa conveniente para Adam Sandler e seu parceiro de longa data, Tim Herlihy, empilharem uma enxurrada de piadas repetidas, referências profundas ao filme original e uma tonelada de participações especiais de celebridades. Como de costume, praticamente toda a família Sandler aparece, junto com os amigos e colaboradores de sempre. A trilha sonora é um manual de instruções de Classic Rock e Jock Jams. Todo mundo quer ver o Sandman voltar com o lado mais absurdo e bagunceiro de seu personagem icônico, o “A-hole-in-one”, e mesmo com uma pitada de pieguice de pai sentimental, o Gilmore descontrolado ainda tem força.
E quanto ao Jack Nicklaus fazendo piada sobre Arnold Palmer com o Travis Kelce, o Bad Bunny pegando uma bola de beisebol na boca, o Steve Buscemi mijando numa caixa de correio, a Margaret Qualleyfazendo espacate numa armadilha de areia e o Eminem sendo atacado por predadores enlouquecidos do pântano? São só bônus.
A regra das continuações é: entregue o mesmo, só que diferente. Um Maluco no Golfe 2 segue esse conceito à risca, e ainda distribui tanta nostalgia descarada que daria pra engasgar um jacaré caolho (descanse em paz, Morris). Pode confiar: sua piada favorita, sua fala preferida e/ou seu personagem do coração reaparecem, de um jeito ou de outro.
Uma briga num cemitério funciona como homenagem a todos os membros do elenco original que morreram entre 1996 e hoje, incluindo Bob Barker, Frances “Vovó” Bay, Joe “Jackass!” Flaherty, Carl Weathers e o já citado réptil dentuço. O filme termina do mesmo jeito que o primeiro começou: com “Tuesday’s Gone”, do Lynyrd Skynyrd, tocando no talo. Isso não é spoiler: é o destino.
Tudo funciona melhor do que você imagina, em parte porque a nostalgia é um entorpecente poderoso, e em parte porque nada supera o prazer genuíno de ver gente levando bolada nas partes íntimas. Até que saia a sequência de Billy Madison: Um Herdeiro Bobalhão, essa aqui já resolve bem.
Este artigo foi originalmente publicado pela Rolling Stone EUA, por David Fear, no dia 25 de julho de 2025, e pode ser conferido aqui.
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