Celebridade
Preta Gil foi vilã em novela da Record TV no início da carreira: ‘Só pelo dinheiro’

No ar na Record TV, Caminhos do Coração foi a primeira parte da grande trilogia de sucesso ‘Os Mutantes’; Relembre a experiência de Preta Gil na trama
No ar em 2007, Caminhos do Coração foi o início de um dos maiores sucessos já recordados na Rede Record. A primeira parte da trilogia dramatúrgica ‘Os Mutantes’ conquistou o público e abriu caminho para uma série de projetos baseados em obras como o X-Men americano.
Escrita por Tiago Santiago, a novela contou com a colaboração de sete outros autores e teve direção dividida entre cinco profissionais. Estreou como “novela das dez”, porém após uma avaliação da direção da emissora trocou de lugar com “Amor e Intrigas” e se tornou a “novela das oito” em busca de atrair um público infanto-juvenil.
Na trama, Preta Gil interpreta Helga, uma mulher envolvida amorosamente com dois irmãos, Eric e Ramon. A relação entre os três era descrita como algo ousado para a televisão aberta da época: “Foi o primeiro trisal, acho que a Record nunca entendeu isso. Nem sabia o que era e eu estava fazendo,” relatou a artista em sua autobiografia “Preta Gil: Os Primeiros 50”.
No livre, Preta compartilhou a experiência completa de como foi participar do projeto e abriu o coração sobre sua infelicidade. A atriz estava passando por dificuldades financeiras que a levaram a aceitar o papel apesar de não gostar do roteiro: “Eu lia o roteiro e olhava meu extrato do banco e chorava. Os dois eram péssimos. Eu não preciso de muito para viver, mas é angustiante não ter dinheiro nem para começar um projeto, nem para ir comer uma pizza na esquina.”
Antes de aceitar o papel, Preta encontrou com Alexandre Avancini, diretor geral do projeto, determinada a dizer não por estar constrangida com o roteiro: “Ele foi tão persuasivo e tão entusiasta, dizendo que estavam trazendo uma equipe de fora, de Los Angeles, para efeitos especiais maravilhosos,” contou.
Apesar da descrença de Preta Gil, o projeto fez sucesso entre o público nacional e internacional. Em uma viagem para Cabo Verde, na África, Preta foi recebida por um aeroporto lotado e diversas pessoas segurando cartazes com o nome de sua personagem escrita. Ela descreveu a experiência como uma “loucura”.
O projeto foi um divisor de águas para a Record, mas a artista não estava feliz e não se sentia em casa. O fato de ser uma emissora evangélica também era desencorajador para a atriz: “Nada contra os evangélicos. Se tem uma coisa que respeito é a religião das pessoas. Tanto que cheguei a frequentar igrejas evangélicas (com fervor!),” relatou. “O problema é que sempre entrava algum bispo no estúdio dando suas opiniões sobre as cenas.”
Segundo a artista, a interferência era constante e se diferenciava de suas outras experiências na televisão, como na TV Globo, onde já havia gravado Agora é que são Elas (2003), na Globo, e o programa Caixa Preta (2004), na Band. “Como sou uma pessoa digna, me propus a fazer a novela com dignidade. E fiz o meu melhor,” concluiu a atriz na autobiografia.