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Música

A lição que Nick Cave aprendeu com luto pelo filho que morreu

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Dono de uma carreira duradoura e de sucesso, Nick Cave enfrentou, em diferentes momentos, as experiências mais dolorosas em sua vida pessoal: a morte dos filhos. A primeira tragédia aconteceu em 2015, quando Arthur, então com 15 anos, caiu de um penhasco na Inglaterra. Pouco tempo depois, em 2022, Cave confirmou que seu filho mais velho, Jethro Lazenby, também havia morrido após um diagnóstico de esquizofrenia. Jethro tinha 31 anos.

Os ocorridos marcaram profundamente a trajetória particular e artística de Nick Cave. Desde então, ele compartilha reflexões sobre os impactos e mudanças que essas lembranças provocam. Recentemente, o músico usou seu blog, Red Hand Files, para falar sobre o assunto. O comentário surgiu após fãs questionarem o luto de Cave, especialmente 10 anos após a primeira perda.

O primeiro questionamento perguntou o que o artista aprendeu desde então. Já o segundo, se Cave sentia que a dor duraria para sempre.

A dor permanece, mas descobri que ela evolui com o tempo. O luto floresce com a idade, tornando-se menos uma afronta pessoal, menos uma traição cósmica e mais uma qualidade poética do ser, à medida que aprendemos a nos render a ele. À medida que somos confrontados com a intolerável injustiça da morte, o que parece insuportável acaba se revelando não ser insuportável. A tristeza se torna mais rica, profunda e texturizada. Ela se torna mais interessante, criativa e encantadora”, escreveu.

Cave também afirmou que passou a se identificar com outras pessoas que enfrentavam a dor da morte e se percebeu envolto em amor, além de ressignificar sua relação com a fé. “Descobri que Deus está entrelaçado em todas as coisas, até mesmo nos maiores males e em nosso desespero mais profundo. Às vezes sinto o mundo pulsando com uma energia rica e lírica, outras vezes parece plano, vazio e malévolo. Percebi que Deus estava presente e ativo em ambas as experiências.”

O músico ainda compartilhou uma conversa que teve com a esposa, Susie. “Ela concordou que as coisas melhoram com o tempo. Ela me lembrou que seus sonhos com Arthur de dez anos atrás eram terríveis, de terra arrasada, cheios de vergonha e choro. Ela disse que Arthur ainda a visita toda semana. Ele tem sempre a mesma idade, por volta dos dez anos. Nada de mais acontece, ele simplesmente fica sentado com ela. Às vezes, ela amarra os sapatos dele. Às vezes, ela penteia o cabelo dele. Às vezes, ele se aconchega em seu colo e envolve seus braços em volta do pescoço dela. Ela me contou que recentemente teve um sonho em que Arthur tinha um botão no lugar do nariz e, quando ela o apertava, uma pequena luz azul piscava. Não há desespero ou remorso nesses sonhos. Eles são, em vez disso, uma alegria.”

“Não sei o que mais aprendi, exceto que ainda estamos aqui, uma década depois, vivendo no coração radiante do trauma, o lugar onde todos os pensamentos e sonhos convergem e onde residem toda a esperança e tristeza, o olho brilhante e lacrimoso da tempestade — esse menino rodopiante que é Deus, como todas as outras coisas”, concluiu.

+++LEIA MAIS: A história hilária de confusão entre Nicolas Cage e Nick Cave em São Paulo

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