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Música

Por que Rodolfo Abrantes ficou anos sem fazer shows fora de eventos religiosos

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Rodolfo Abrantes mudou o foco de sua carreira ao encerrar em 2004 o Rodox, banda que formou após a controversa saída do Raimundos. Convertido ao protestantismo na virada do século, o artista deixou de realizar shows em espaços convencionais para se apresentar apenas em eventos religiosos, além de ter construído um repertório orientado à música gospel.

Somente em 2024 é que o vocalista e guitarrista resolveu voltar aos moldes anteriores de performance ao vivo, com turnês ocupando casas de shows. Com sua atual excursão, “Microfonia”, que estreou ano passado em São Paulo, o artista tem uma série de datas marcadas entre outubro e dezembro em cidades como Porto Alegre, Brasília e Blumenau.

Em entrevista a Felipe Branco Cruz para a revista Veja, Abrantes admitiu que sentia falta dos palcos mais convencionais. Porém, deixou claro que não abandonou sua carreira musical — apenas direcionou esforços a atividades diferentes.

“Nesse período eu só me apresentava durante os cultos, porque a música também faz parte desse ambiente. Embora não tocasse em casa de shows, lancei um monte de músicas e me senti impulsionado a voltar. Ainda carrego minha maneira de compor, e a adrenalina que sinto no palco é tão grande que minha cabeça demora umas três horas para desligar.”

Ao ser convidado a refletir se a religião o tirou dos palcos, Rodolfo apontou as reais razões para ter dispensado formatos mais tradicionais de apresentação ao vivo. Segundo ele, os traumas gerados pelo rompimento com o Raimundos e o fim do Rodox — grupo que já trazia temáticas religiosas em suas letras — levaram a tal distanciamento.

“Minha saída do Raimundos gerou alguns traumas, não só para mim, como para a própria banda e para os fãs. Enfrentei um ambiente de certa animosidade. Na sequência, eu montei o Rodox, com músicas religiosas, e a banda sofreu rejeição muito grande. Então, decidi me dedicar 100% a meu ministério e isso não excluiu a música, pois eu continuei compondo e gravando. Mas entendi que precisava passar meu testemunho da Palavra. Foi importante me devotar à religião porque isso edificou a minha fé.”

Rodolfo Abrantes não canta músicas do Raimundos

Quem vai a algum dos shows de Rodolfo Abrantes deve esperar canções de sua carreira solo e do Rodox. Nada de Raimundos, banda que o tornou nacionalmente conhecido na década de 1990.

Em entrevista de 2020 ao programa The Noite com Danilo Gentili (via Whiplash), Abrantes foi bastante sincero ao revelar o motivo. O assunto foi abordado após Roger Moreira, vocalista e guitarrista da banda residente do programa, Ultraje a Rigor, perguntar por que Deus seria contra as canções do grupo. O artista respondeu:

“Não é Deus que tem algo contra as músicas. Muitas pessoas tendem a pensar que um cara era de uma banda legal e saiu porque entrou para a Igreja, mas é bem mais profundo. Eu tinha uma vida e eu vivia de acordo com o que eu acreditava. Cantava exatamente o que eu vivia. Colocava nomes de pessoas nas loucuras que eu vivia, expunha muita gente. A música era a trilha sonora desse estilo de vida.”

Ao converter-se religiosamente, Abrantes conheceu o que definiu como a “verdade”: Jesus Cristo. Isso o transformou enquanto pessoa, o que também acarretou uma mudança em sua trilha sonora particular. Além disso, o artista deixou claro que mesmo nos tempos de Raimundos, sempre cantou aquilo que vivia. Por isso, hoje, não poderia interpretar canções como as de antigamente.

“Eu me recuso a cantar algo que não jorre do meu coração. Inclusive, eu não canto muitas músicas que eu fiz desde que entrei na igreja. Em algumas delas, descobri erros teológicos que aprendi na frente, ou coisas que eu falei uma besteira absurda. E eu descobri que música tem um incrível poder de ensinar. Então, deixei essas músicas de lado. Não é por Deus ser contra as músicas do Raimundos e, sim, de minha vida não ser mais compatível com a que eu tinha. É algo muito pessoal.”

Ainda em meio à entrevista, Rodolfo Abrantes contou que tinha uma relação bastante tumultuada com seu passado. Nas últimas duas décadas, o cantor simplesmente evitava qualquer assunto relacionado ao Raimundos. Hoje, ele reconhece que “ninguém nasce para Cristo com maturidade”.

“A impressão quando se trata de alguém menos maduro é que seu passado parece estar correndo atrás de você, querendo te puxar. Eu corria disso e chega uma hora que você não precisa correr, mas passei 19 anos da minha vida correndo. Se alguém falasse do meu passado, eu corria. […] Hoje, eu consigo olhar para meu passado e respeitá-lo. Não quero voltar, mas olho para a minha história e trato com respeito e gratidão.”

Rolling Stone Brasil: Cazuza — edição de colecionador

Cazuza, o poeta, o músico, o crítico da realidade nacional que permanece tão atual em sua atitude-visão, prevendo “o futuro repetir o passado”, é homenageado na edição de colecionador da revista Rolling Stone Brasil. Sua capacidade maior é a de se transformar em música de amor e liberdade e música de protesto na mesma medida; sua intenção permanece nos corações inquietos de quem revisita sua obra 40 anos após o lançamento de seu primeiro disco solo, homônimo, conhecido posteriormente como “Exagerado”.

Cazuza nos deixou em 1990, mas seu legado permanece, como provam a exposição Cazuza: Exagerado — com 700 itens da memorabilia do filho da Lucinha e do João — e o doc “Cazuza: Boas Novas”, que mergulha nas memórias dos amigos e parceiros musicais do artista, atualmente nos cinemas. Compre no site Loja Perfil.

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