Celebridade
‘Há chances reais de melhora’

Após perder R$ 30 milhões com apostas, Latino revela drama e especialista explica ligação entre compulsão, depressão e caminhos para recuperação
O cantor Latino(52) chocou o público ao revelar que perdeu cerca de R$ 30 milhões por causa de um vício em corridas de cavalo. Em seu desabafo, o artista contou que chegou a trocar os palcos por apostas diárias, acumulou dívidas com agiotas, enfrentou depressão, síndrome do pânico e precisou vender todos os seus bens. Ele descreve a compulsão como “uma energia diabólica” e afirma que foi ainda mais destrutiva que seu antigo vício em drogas.
A reportagem de CARAS Brasil conversou com a psiquiatra Maria Fernanda Caliani, que analisou o caso e explicou os impactos do vício em jogos, além dos tratamentos indicados.
Compulsão e transtornos mentais: o que vem antes?
Latino revelou que desenvolveu depressão e síndrome do pânico durante o período mais crítico de sua compulsão. Segundo a psiquiatra, é comum que transtornos emocionais e vícios estejam profundamente entrelaçados.
“Existe uma relação bastante próxima entre transtornos mentais e dependências comportamentais. Muitas vezes, o jogo entra como uma forma de aliviar sintomas prévios de ansiedade, solidão ou depressão. Mas o que começa como ‘escape’ se torna um problema à parte — e frequentemente agrava os sintomas preexistentes”, explica Caliani.
A médica ainda destaca que, em outros casos, a própria compulsão pode ser o gatilho para o sofrimento psíquico.
“Em outros casos, a própria compulsão gera tanto sofrimento e prejuízo emocional que leva ao desenvolvimento de quadros depressivos ou crises de pânico. Cada paciente tem uma história única, mas é comum vermos esse ciclo de retroalimentação entre vício e sofrimento psíquico.”
É possível vencer o vício em jogos?
Latino afirmou que só conseguiu se recuperar após buscar espiritualidade e fazer mudanças radicais em sua vida. No entanto, do ponto de vista médico, o tratamento vai além da fé.
“Há tratamento — e há chances reais de melhora significativa, desde que a pessoa tenha acesso ao suporte adequado. O tratamento pode envolver psicoterapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar gatilhos e modificar padrões de pensamento distorcidos, medicação para controlar impulsividade ou tratar transtornos associados (como depressão ou ansiedade), e grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos”, orienta a psiquiatra.
Apesar de reconhecer o papel da espiritualidade no processo, ela alerta que isso não substitui o acompanhamento médico: “A espiritualidade pode ser um fator de proteção importante, mas não substitui o acompanhamento médico. A boa notícia é que, com suporte e persistência, é possível retomar o controle da vida.”
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