Celebridade
Sandra Annenberg revela mudanças na intimidade e especialista alerta: ‘Fogo não se apaga’

A sexóloga Bárbara Bastos comenta fala de Sandra Annenberg sobre sexo na menopausa, explica impacto da autoimagem em conversa com a CARAS Brasil
Sandra Annenberg (57), casada há 28 anos com o jornalista Ernesto Paglia (66), abriu o jogo sobre como a intimidade do casal mudou com o tempo, principalmente após o avanço da idade e a chegada da menopausa. Em entrevista recente, a apresentadora destacou a importância de manter a vida sexual ativa mesmo depois de tantos anos de casamento.
Para entender os desafios por trás desse tema, CARAS Brasil ouviu a sexóloga e terapeuta sexual Bárbara Bastos, que analisou o relato de Sandra e explicou o impacto do envelhecimento na vida íntima de casais de longa data.
O que é comum em mudanças na intimidade?
Sobre a fala de Sandra Annenberg, Bárbara garante que a experiência da jornalista é mais comum do que se imagina:
“É bastante comum, em meus atendimentos, que os casais relatem uma diminuição do desejo sexual ao longo do tempo, e que a própria dinâmica da relação íntima e do relacionamento em geral se modifique. É claro que essas mudanças podem ser tanto negativas quanto positivas. Sandra, por exemplo, trouxe pontos interessantes sobre como ela e o parceiro conseguiram se transformar de maneira positiva. No entanto, nem sempre é assim que acontece, e é crucial estarmos atentos a essas transformações. É justamente essa atenção que nos permite manter uma vida sexual e um casamento prazerosos, com a chama da intimidade e do tesão acesa”, diz a sexóloga.
Ela reforça que a rotina pode esfriar o desejo se o casal não ficar atento: “Com o passar do tempo em um relacionamento, é natural que a gente se acostume com muitas coisas. Isso tem seus benefícios, mas também pode levar a uma desvalorização de detalhes importantes. A fase da conquista, por exemplo, muitas vezes dá lugar a uma rotina onde não se valoriza mais o dia a dia com o parceiro, pois já se tornou um hábito. Quando essa dinâmica se prolonga e se soma a fases como a menopausa ou o envelhecimento — que trazem mudanças individuais impactantes no corpo e nos hormônios — é óbvio que o casamento pode ser afetado”, explica.
E completa: “Contudo, gosto de enfatizar que a menopausa ou o envelhecimento não significam o fim do desejo sexual ou da vida íntima. De jeito nenhum! Tenho muitas pacientes que chegam à menopausa e, ao trabalharem bem sua sexualidade e estarem atentas tanto a si mesmas individualmente quanto ao casamento, conseguem manter o vínculo, a conexão, o tesão e o desejo de formas diferentes. Sim, não será como no início do namoro ou quando eram mais jovens, mas o fogo não se apaga completamente. Como Sandra bem colocou, a chama não se extingue; tudo depende de quão atentos e dedicados vocês estão a essa conexão.”
Menopausa não é fim da sexualidade
A menopausa foi um ponto crucial na fala de Sandra Annenberg. Para Bárbara Bastos, é fundamental derrubar mitos:
“É fundamental desmistificar a ideia de que, com as mudanças hormonais típicas dessa fase, a vida sexual da mulher chega ao fim. Muito pelo contrário! A menopausa, embora traga consigo alterações como a diminuição da lubrificação, a possível redução do desejo e, em alguns casos, dor durante a relação sexual – muitas vezes decorrente da própria falta de lubrificação –, não representa o encerramento do prazer ou da intimidade”, reforça.
A especialista lembra que é possível ressignificar o prazer: “Essas transformações, sim, podem impactar a autoestima e a dinâmica do casal, mas é crucial entender que elas não são um ponto final. Por muito tempo, nossa sociedade e cultura perpetuaram a falsa noção de que após a menopausa não há mais espaço para a sexualidade feminina. Essa é uma crença totalmente equivocada. A realidade é que, embora essas alterações existam, elas não significam o fim da vida sexual, mas sim uma transformação”, pontua.
Para isso, é essencial acompanhamento: “Nessa nova etapa, é essencial que a mulher tenha um acompanhamento mais frequente com a ginecologista para cuidar de cada fase com carinho. A comunicação aberta e a paciência são pilares importantes, tanto no relacionamento com o parceiro quanto na busca por orientação profissional. O prazer, ele não desaparece; ele se transforma, ele assume novas formas. Ter essa perspectiva renovada é fundamental, pois permite que a mulher enxergue outros caminhos para alcançar o prazer, sem se sentir estagnada ou limitada pelas mudanças da menopausa. Há uma infinidade de possibilidades a serem exploradas para uma vida sexual plena e satisfatória”, completa.
O que muda na autoimagem e sexualidade?
Ao comentar a fala de Sandra Annenberg sobre o corpo, Bárbara Bastos reforça o impacto da autoimagem:
“A autoimagem desempenha um papel fundamental na sexualidade em todas as fases da vida, não se restringindo apenas a casais mais velhos. Embora para eles a preocupação possa estar ligada a questões como a pele e as rugas, em pessoas mais jovens, outras questões podem impactar significativamente a autoimagem e, consequentemente, a sexualidade e a autoestima. A forma como nos vemos tem um impacto direto na nossa capacidade de nos entregar e permitir durante o sexo. Quando nos sentimos bem com nossa aparência, ficamos mais confortáveis para nos soltar, emitir sons e deixar que nosso corpo e rosto se entreguem completamente às sensações e prazeres que o sexo oferece”, diz a especialista.
Por outro lado, quando a autoimagem não vai bem, tudo pode travar: “No entanto, uma autoimagem negativa pode nos travar por completo, impedindo que nos permitamos e nos sintamos presos. Isso não afeta apenas o indivíduo, mas também o parceiro, que percebe essa retração. Uma pessoa que se sente travada e não consegue se permitir tende a ter o corpo físico mais retraído, e dependendo do seu estado mental e da sua percepção de si, pode não conseguir se entregar, relaxar ou estar mentalmente presente. Para que casais aproveitem a sexualidade com cem por cento de presença, deixando os sentimentos e sensações virem e sentindo o prazer plenamente, é essencial que essa barreira seja quebrada”, afirma.
Como a terapia sexual pode ajudar
Para Bárbara, o caminho passa pela terapia sexual: “Na terapia sexual, frequentemente começamos trabalhando o indivíduo. Embora existam questões diretamente relacionadas à sexualidade, muitas vezes a solução passa por atividades que fazem a pessoa vibrar, perder a noção do tempo, entrar em “flow” e elevar sua energia. Isso pode ser um esporte, uma atividade manual, ou até mesmo programas de atividades para o casal que não são sexuais, mas que preenchem um “copinho da felicidade” e da satisfação. Ao construir confiança e segurança em outras áreas da vida, é muito mais fácil começar a construir essa mesma confiança e segurança no ambiente sexual, permitindo que a pessoa se solte, se permita e sinta o prazer como deve ser”, conclui.
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