Música
O hit do Creedence que deixa John Fogerty insatisfeito até hoje

Willy and the Poor Boys, terceiro álbum lançado pelo Creedence Clearwater Revival apenas em 1969, veio recheado de sucessos como “Down on the Corner”, “It Came Out of the Sky”, “Don’t Look Now (It Ain’t You or Me)”. Porém, o maior deles, “Fortunate Son“, até hoje ainda deixa John Fogerty ligeiramente insatisfeito.
Guitarrista, vocalista, líder e principal compositor da banda californiana, Fogerty lamenta não ter conseguido gravar a música em questão em suas melhores condições — principalmente no que se refere à voz.
Segundo o músico contou em entrevista ao Los Angeles Times (via Ultimate Classic Rock), os vocais em “Fortunate Son” foram registrados após um extenuante dia de gravações. Ele não se sentiu capaz de oferecer sua melhor performance.
Fogerty relembra:
“As faixas básicas de ‘Down on the Corner’ e ‘Fortunate Son’ foram gravadas, e uma tarde fui ao estúdio de Wally Heider para terminar as músicas. Para ‘Down on the Corner’, fiz as maracas e o solo do meio, depois cantei todos os vocais de apoio e, por fim, a voz principal. Então, fiquei cantando a plenos pulmões por provavelmente uma hora e meia, e depois tive que voltar e terminar ‘Fortunate Son’.”
Ele acrescenta:
“Eu estava gritando com todas as minhas forças, fazendo o melhor que podia, mas depois senti que algumas notas estavam um pouco desafinadas — que eu não tinha acertado o alvo. Eu sempre me ressenti um pouco com isso.”
John Fogerty e o desgaste vocal
O líder do Creedence Clearwater Revival recorda que na época não era raro algum artista desgastar sua voz propositalmente para alcançar diferentes nuances na hora de gravar. Todavia, ele garante que esse não foi o seu caso.
Fogerty cita até mesmo John Lennon, dos Beatles, entre os que se valiam dessa técnica rudimentar:
“Eu sei que, no caso dos Beatles, John (Lennon) ficava sentado no estúdio gritando e gritando até que sua voz ficasse rouca o suficiente, então ele gravava algumas tomadas. Talvez o fato de estar um pouco desafinada a tornasse — qual é a palavra? — mais pop. Não sei.”
Creedence Clearwater Revival e “Fortunate Son”
Apesar do ressentimento de John Fogerty sobre sua voz em “Fortunate Son”, isso não impediu a música de se tornar um grande hit, um dos maiores do Creedence.
Além disso, a letra antiguerra fez de “Fortunate Son” um hino de protesto contra a Guerra do Vietnã e um símbolo músical da contracultura no fim dos anos 1960. Ela foi absorvida por movimentos de oposição ao presidente Richard Nixon, dos Estados Unidos, e embalou a luta por direitos civis no país.
Recentemente, a Rolling Stone EUA americana colocou “Fortunate Son” na 13ª posição em sua lista que elegeu as 100 Melhores Canções de Protesto de Todos os Tempos.
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