Celebridade
‘Nunca me senti tão vulnerável e confiante ao mesmo tempo’

Lançando o single Romance Postiço nesta sexta, 20, Lara celebra desenvolvimento e reforça, à CARAS Brasil, a importância de sua autoconfiança
Cada vez mais certa de seu trabalho e intuição, LARA (26) vê com alegria o processo de evolução no mundo da música. Com o single Romance Postiço disponibilizado nesta sexta-feira, 20, a cantora se aproxima ainda mais do lançamento de No Mundo da Lua, seu primeiro álbum, que chega em agosto. Para ela, o momento é de cura e, principalmente, de encontrar confiança em sua vulnerabilidade.
Em seu novo trabalho, a artista mergulha em vivências para mostrar ao público uma nova versão. Ela conta que, ao olhar para sua trajetória na música, recorda sua insegurança e entende como isso faz parte de sua história e a trouxe para um lugar mais vulnerável, sensível e, agora, de autoconfiança.
“Nunca me senti tão vulnerável e tão confiante ao mesmo tempo, é o processo de carreira de qualquer artista“, começa LARA, em entrevista à CARAS Brasil. “A vulnerabilidade no espaço criativo de música traz coisas surpreendentes, é o mais perto de mágica que eu posso pensar.”
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Em Romance Postiço, por exemplo, ela usa o deboche para cantar sobre experiências ligadas à cobranças amorosas. Apesar do tema, LARA conta que a canção não foi inspirada em sua relação com o noivo, Julinho Casares, e assegura que seu processo criativo raramento é linear, ou motivado por alguma experiência única.
Além de ter encontrado seu caminho para a composição, a cantora também explica que aprendeu a confiar em si mesma para decisões na carreira. Apesar de vir de uma família ligada à arte —afinal, ela é filha do apresentador Fausto Silva e da artista plástica Magda Colares— ela encarou o mundo da música com suas próprias percepções.
“Como mulher a gente quase pede licença para existir, muitas vezes. Muitas mulheres que eu conheço, principalmente dos 20 aos 30 anos, estão nesse processo de não ter medo do espaço que ocupam, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Por mais que eu não saiba de nada, às vezes minha intuição sabe o que fazer. Isso você só aprende quando você meio que se trai um pouco.”
E é com essa confiança e certeza que a artista se prepara para o lançamento de seu novo álbum, pronta para dar mais um passo na carreira, sem esquecer da importância do passado. Abaixo, LARA dá mais detalhes de seu novo single, de seu primeiro álbum e comenta as mudanças que vivenciou desde quando começou a carreira, em 2023. Confira trechos editados da conversa.
Como foi criar o single Romance Postiço, misturando o deboche com a sensibilidade do tema?
Essa música exemplifica muito bem a minha parceria com o Fonta [Alexandre Fontanetti], que foi quem produziu o disco. Eu tinha essa música, e ela era super para baixo, na minha cabeça era super triste. Só cantei para ele, ele colocou uma guitarrona e a fez para cima, e eu adorei. Realçou o deboche da letra. E mostra muito a influência do Cazuza no meu trabalho, esse jeito de escrever com esse lado debochado era uma das coisas que eu mais gostava da composição dele. Por isso é bom trabalhar com pessoas que você conhece e tem essa confiança para mostrar as coisas.
Você comentou que a canção diz respeito a uma provocação a quem tem muitas cobranças e demandas amorosas. Isso já aconteceu com você ou a inspiração veio de outras experiências?
Eu não tenho muito controle sobre a inspiração. Principalmente nesse álbum, me encontrei muito mais, e tem frases que surgem na minha cabeça que eu não sei dizer de onde veio exatamente. Mas, você me perguntando agora, me veio muito a memória de um amigo meu falando disso, então deve ter uma conexão com isso. Mas a inspiração está sempre meio pulverizada, coisas que ouço, vivo… sempre depende. O mais legal é isso, não é um lugar que eu tenho controle, nunca é uma coisa linear. Faço minhas melhores coisas quando eu não tenho esse lado muito racional, quando vem desse lugar de experimentação e improviso. Isso para mim é muito importante. O mais legal é quando o processo de criação te surpreende.
Você comentou que a música tem influência de Cazuza (1958-1990). Como ele está presente em seu novo álbum?
Tem figuras que sempre ficam permeando meu trabalho. Essa música me lembrou descaradamente dele, mas têm muitas referências que eu tenho e aprendo diariamente. O Cazuza eu lembro muito do filme dele, a cinebiografia. O start para eu começar a pesquisar sobre as pessoas, muitas vezes, não vem da música, me atraio pelo músico por outras fontes. O pop tem esse lugar muito distinto, é cultura. Está ligado com o que você escreve, lê e vê. Gosto muito de poder traduzir a música em todos os formatos artísticos.
Esse single é um esquenta para seu primeiro álbum, No Mundo Da Lua. Está ansiosa com a proximidade do lançamento desse projeto?
É uma ansiedade misturada com tudo junto, é muito louco [risos]. Mas, eu pego a pilha mais perto da data, por enquanto eu estou ansiosa para fazer tudo organizado e colocar tudo no mundo. Parece que não é nem real o momento que você está para lançar, é difícil virar a chavinha. Mas eu nunca me senti tão vulnerável e tão confiante ao mesmo tempo, é o processo de carreira de qualquer artista. No começo eu não tinha experiência nenhuma, porque é um mundo completamente à parte. Por mais que eu tenha pessoas da minha família que trabalham com o meio artístico, vida pública, a música é uma coisa nova para mim. Cada vez mais é isso que eu busco: a sensação que eu melhorei.
Você consegue ver essa evolução comparando com seu primeiro lançamento, o EP Faíscas (2023)?
Agora, me sinto mais confiante. Meu primeiro EP foi um projeto totalmente experimental, foi a primeira vez que eu tinha lançado algo e aprendi muito desde então. No início de carreira são muitas coisas que você precisa aprender. No segundo lançamento, estou um pouquinho mais familiarizada com esse mundo novo.
À época de seu primeiro lançamento também conversamos, e você comentou como sua família estava sendo essencial para o pontapé inicial. Como está esse apoio agora, dois anos depois?
Minha família é sempre muito apoiadora em tudo o que eu quis fazer. Mas, também sinto que consegui criar um senso de confiança próprio, sem precisar tanto do aval de outras pessoas, não só da minha família. Uma das coisas mais importantes desse lançamento é que eu estou conseguindo ouvir a minha intuição, porque é muita gente com uma ideia do que você deve ser, expectativas e conselhos. É um amadurecimento saber quais ouvir, e quais não. Por mais que eu não saiba de nada, às vezes minha intuição sabe o que fazer. Isso você só aprende quando você meio que se trai um pouco.
É muito interessante enxergar esse ponto, especialmente porque atravessa muitas mulheres também.
Como mulher a gente quase pede licença para existir muitas vezes. Estamos sempre nos adaptando, e especialmente na mulher, mais do que no homem, temos uma sensibilidade ao olhar externo mais aguçada. Muitas mulheres que eu conheço, principalmente dos 20 aos 30, estamos nesse processo de não ter medo do espaço que ocupamos, tanto fisicamente quanto psicologicamente. De saber que é isso. De ser mais confiante nas nossas decisões e não se duvidar.
Na entrevista de 2023, você também falou que seu maior sonho à longo prazo era poder se descobrir e se desenvolver mais. Podemos ver que isso foi conquistado!
É bom relembrar. Eu era muito insegura, e faz parte da minha história. A insegurança te dá uma sensibilidade importante também. A compaixão é uma coisa muito poderosa, não só a com os outros, mas a autocompaixão. Se conseguirmos nutrir o senso de não se duvidar tanto, sendo tão crítico… ninguém é tão crítico a mim quanto eu mesma, acho importante isso para dar o meu melhor no meu trabalho, mas aprendi que eu não preciso ser tão cruel comigo mesma. Isso não é eficiente para ninguém.
Você também precisou mudar sua relação com as redes sociais, antes seu perfil era fechado. Como está agora?
Agora estou me encontrando. Foi um processo mais lento do que eu gostaria, mas encontrei meu jeito. Por exemplo, gosto muito de fazer vídeo e eu preciso eu mesma editar. Estou me divertindo muito com isso. Também não vou fazer Stories todos os dias, porque não é meu natural, se fosse, eu faria. E é uma ferramenta muito boa de conexão com as pessoas. Amo ouvir até as críticas boas, as impressões. É muito importante ouvir a opinião das pessoas que não são do ramo, eu quero fazer música para todo mundo. Estou me divertindo mais, não me levando tão a sério. Tem sido muito bom, até para me conectar mais com as pessoas. Fico muito grata de ter essa ferramenta para poder agradecer às pessoas.
Aproveitando, queremos deixar um espaço para você convidar os leitores da CARAS Brasil para ouvirem seu novo trabalho.
Queria convidar todo mundo para ouvir. É um lugar novo, uma exposição nova que estou oferecendo. Esse processo todo me trouxe muita cura, me curou de muita coisa. Me desenvolvi muito, principalmente na parte de composição, parte vocal. Convido a mergulhar nesse local que me trouxe tanto alívio e paz. Espero que possa fazer o mesmo para as pessoas que escutem. Estou muito orgulhosa do trabalho que fizemos em equipe, porque música não se cria sozinha.
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