Connect with us

Celebridade

Alexandre Amaral aborda caminhos reais para quem vive com Parkinson e dor crônica

Published

on

Alexandre Amaral aborda caminhos reais para quem vive com Parkinson e dor crônica

Especialista em neurocirurgia funcional detalha como a estimulação cerebral profunda e outras técnicas ajudam pacientes a terem autonomia e qualidade de vida

Sentir dor todos os dias não é normal. Ainda assim, milhares de brasileiros vivem neste cenário em silêncio. Para muitos, a dor não é apenas um sintoma, mas um lugar em que foram obrigados a habitar — solitários, frustrados e, muitas vezes, desacreditados. Alexandre Amaral, neurocirurgião funcional com mais de 20 anos de experiência, dedica a vida a aliviar o sofrimento dos pacientes. Seu foco está em devolver o essencial: autonomia, funcionalidade e esperança.

Graduado em Medicina pela Faculdade Federal de Medicina UniRio, com residência em Neurocirurgia No Hospital Federal dos Servidores do Estado – onde hoje é o Chefe do Serviço de Clínica de Dor e Cuidados Paliativos -, Amaral complementou sua formação na Universidade de São Paulo (USP) e em renomados centros de neurocirurgia funcional nos Estados Unidos e Europa. Atualmente preside a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Funcional e Estereotáxica e coordena o Centro Multidisciplinar da Dor (CMD), com sede no Rio de Janeiro, além de se dedicar com grande ênfase a cirurgia e reabilitação de pacientes com Doença de Parkinson.

Centro Multidisciplinar da Dor

Fundado com o propósito de oferecer um cuidado centrado no paciente, o Centro Multidisciplinar da Dor (CMD) nasceu da necessidade de reunir, em um mesmo espaço, diferentes especialidades focadas na reabilitação da dor crônica e dos distúrbios do movimento. Idealizado por Alexandre, o CMD atua há mais de duas décadas com um modelo interdisciplinar e humanizado.

“O CMD foi criado para que o paciente não precise peregrinar por diversos especialistas. Aqui, reunimos diferentes olhares para construir uma linha de cuidado contínua, ética e funcional”, destaca Amaral. O centro é hoje referência em tratamentos integrados que envolvem neurocirurgia funcional, neurologia, fisioterapia, psicologia, nutrição, reabilitação e práticas complementares.

Com sedes na Barra da Tijuca, Botafogo e Tijuca, no Rio de Janeiro, o CMD se consolidou como um espaço de acolhimento e inovação. Os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar que compartilha decisões e constrói, junto ao paciente, um plano de tratamento individualizado.

Além da assistência clínica, o CMD é um centro de formação médica, recebendo neurocirurgiões de diferentes regiões do Brasil para estágio e capacitação. “É um espaço que trata, forma e transforma. Nossa missão é cuidar com ciência e escuta”, afirma.

Humanização e escuta como parte do tratamento

O ponto de partida para cada paciente é o mesmo: escuta ativa, avaliação precisa e acolhimento. “A dor não é apenas física. Ela traz peso emocional, interfere nas relações, no trabalho, na identidade da pessoa. Quando alguém chega até nós, traz não só a dor, mas também a exaustão de não ser levado a sério”, diz. A abordagem no CMD é individualizada. Após anos sendo medicadas sem melhora, muitas pessoas descobrem que há alternativas eficazes. Em diversos casos, mesmo quando o procedimento cirúrgico trata a patologia de base — como hérnias, tumores ou lesões estruturais —, a dor crônica associada pode persistir. Isso ocorre porque a dor, já cronificada, passa a demandar um tratamento específico e multidisciplinar, voltado exclusivamente para o seu controle. É nesse ponto que a atuação do CMD se torna essencial.

Amaral explica os procedimentos com calma, traduz o complexo em linguagem simples e devolve ao paciente o protagonismo sobre o próprio corpo. Muitos relatam que, só de serem compreendidos e escutados, já experimentam melhora. A empatia é o primeiro passo da terapêutica.

Tecnologia aplicada no alívio da dor

O CMD oferece diversas técnicas terapêuticas voltadas ao controle da dor crônica, sempre adaptadas à necessidade de cada paciente. Entre elas estão os bloqueios anestésicos guiados por imagem, indicados para dores musculoesqueléticas localizadas. “O procedimento é rápido, feito com auxílio de ultrassom ou tomografia, e alivia a dor ao interromper temporariamente o sinal doloroso”, explica Amaral.

Outra técnica utilizada são as infiltrações com toxina botulínica, recomendadas para dores musculares crônicas ou neuropáticas. “Aplicamos diretamente no músculo ou nervo envolvido. Isso relaxa a musculatura e reduz o impulso da dor”, detalha. Já a radiofrequência é indicada para modulação de nervos espinhais e periféricos. Através de uma sonda, o calor controlado desativa seletivamente fibras responsáveis pela dor.

Essas técnicas são frequentemente combinadas conforme a resposta clínica, com o objetivo de oferecer alívio funcional sem intervenções desnecessárias.

Neuromodulação personalizada

Entre os métodos utilizados, a neuromodulação — técnica que regula os circuitos do sistema nervoso com estímulos elétricos — tem sido um divisor de águas. “Muitos acham que é algo distante, quando na verdade é acessível e seguro. Pode ser periférica, usada em nervos específicos, ou central, como na estimulação medular ou cerebral profunda”, explica.

Amaral enfatiza que o dispositivo pode ser o mesmo, mas a programação é única para cada caso. “É como uma roupa sob medida. O segredo está em ajustar os parâmetros conforme o tipo de dor, a resposta do organismo e o estilo de vida do paciente”, reforça.

A neuromodulação medular é indicada especialmente para dores crônicas de coluna, neuropatias, dores refratárias à medicação e até síndromes complexas de dor regional. Já a neuromodulação cerebral é uma das abordagens mais promissoras para casos de distúrbios do movimento, como o Parkinson, e dores de origem central. Esses procedimentos são minimamente invasivos e reversíveis, o que garante mais segurança ao paciente.

Parkinson: mais que movimento, é sobre dignidade

A doença de Parkinson é uma das principais áreas de atuação do Dr. Alexandre Amaral dentro da neurocirurgia funcional. Neurodegenerativa e progressiva, ela impacta muito além do sistema motor. “É uma doença extremamente incapacitante, que ainda sofre com um problema grave de desinformação. Muitos pacientes não conhecem todos os recursos disponíveis para o seu cuidado”, alerta.

O tratamento medicamentoso segue sendo o primeiro passo, especialmente com a Levodopa, que revolucionou o controle dos sintomas motores. “Mas ela tem o que chamamos de lua de mel. Funciona muito bem no início, traz resultados extraordinários, mas, com o tempo, perde o efeito, e o paciente volta a perder funcionalidade”, explica Amaral.

É nesse ponto que a neurocirurgia funcional pode fazer toda a diferença. A estimulação cerebral profunda — também chamada de neuromodulação — surge como uma opção terapêutica segura, minimamente invasiva e eficaz. “Ela nos permite modular áreas específicas do cérebro, como os gânglios da base, responsáveis por ajustar os movimentos. É como reequilibrar um sistema que está desajustado”, detalha.

O procedimento é personalizado e ajustável. Conforme a doença progride, os parâmetros do sistema também são recalibrados. “A cirurgia não é um milagre instantâneo, mas um caminho que evolui junto com o paciente. Isso permite que ele mantenha qualidade de vida por muitos anos”, afirma.

No Centro Multidisciplinar da Dor, o cuidado vai além da técnica. Os pacientes com Parkinson são acompanhados por uma equipe dedicada, que inclui neurologistas especialistas em distúrbios do movimento, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos. “Estamos conectados com profissionais do Rio de Janeiro e de todo o Brasil. É uma rede de apoio que garante que o paciente esteja sempre amparado — técnica e emocionalmente”, conclui Amaral.

O resultado, para muitos, é transformador. “Essas pessoas, que antes viviam à margem da própria rotina, hoje convivem com a doença de forma mais leve. Resgatam sua autonomia, sua dignidade e, principalmente, voltam a viver.”

A medicina que ensina e multiplica

Além de cuidar, Amaral também forma. O CMD investe fortemente na capacitação de jovens profissionais e atua como campo de treinamento para médicos que desejam se especializar em dor. O conhecimento técnico é constantemente atualizado, e a troca com outros centros de excelência, no Brasil e no exterior, mantém a equipe em sintonia com o que há de mais recente e eficaz.

“Educar é parte da nossa missão. A expansão do centro está ligada à formação de gente qualificada. Quero deixar um legado que vá além de mim. A dor é invisível para quem não sente, e só vamos conseguir enfrentá-la com conhecimento e sensibilização”, diz.

Hábitos que aliviam e protegem

Mesmo com tantos avanços, Amaral destaca que a prevenção segue insubstituível. “Atividade física, boa alimentação, sono adequado, hidratação: são medidas básicas que reduzem significativamente o risco de dor crônica. A vida moderna nos tira o tempo, mas precisamos lutar pelo equilíbrio.”

Hábitos sedentários, excesso de telas, má postura, estresse crônico e privação de sono são fatores que, combinados, formam um cenário ideal para o surgimento da dor crônica. Por isso, além de tratar, o CMD atua com ações educativas. Palestras, rodas de conversa e materiais digitais buscam ampliar a consciência sobre saúde integral.

Cuidado que começa na informação

Com forte presença nas redes sociais, Amaral usa os canais digitais para educar. Vídeos simples explicam conceitos, mostram bastidores do cuidado e ampliam o acesso à informação de qualidade. “As pessoas se sentem acolhidas. Dizem que, pela primeira vez, viram alguém explicar o que elas sentem. Isso é poderoso”, diz.

As postagens mais populares são justamente aquelas que desmistificam a dor e mostram que ela pode — e deve — ser tratada. “A falta de informação gera medo e paralisação. Quando mostramos que há caminhos, as pessoas reagem com esperança.”

Critérios técnicos e humanos para neuromodulação

Antes de indicar um procedimento de neuromodulação, o CMD realiza uma avaliação rigorosa. Além de exames clínicos e complementares, o histórico de tratamentos anteriores e a resposta individual à dor são analisados. Amaral frisa que a indicação só ocorre após o esgotamento de abordagens conservadoras e com clareza sobre os objetivos terapêuticos. “Não buscamos silenciar a dor a qualquer custo. Buscamos devolver funcionalidade com segurança e consciência”, destaca.

Aspectos emocionais também são levados em conta. Pacientes com expectativas desalinhadas, sem apoio familiar ou com quadros psiquiátricos não tratados podem não se beneficiar da técnica. Por isso, a seleção envolve também a escuta de uma equipe multiprofissional. “A tecnologia é poderosa, mas quem cura é o cuidado humano”, reforça.

A ética como base da prática tecnológica

O uso de tecnologia no cuidado com a dor impõe desafios éticos importantes. Amaral defende que a inovação deve sempre andar ao lado do discernimento. “Não é porque temos acesso a uma técnica que ela deve ser usada em todos os casos. Medicina é individualização”, explica.

No CMD, cada conduta é pensada com base em evidências e na escuta do paciente. “A ética está no centro das nossas decisões. É o que garante que o paciente receba o que precisa — não mais, não menos. E isso vale tanto para procedimentos complexos quanto para a escolha de não intervir”, pontua.

O futuro da neurocirurgia funcional no Brasil

Com o avanço das tecnologias e o aumento do número de pacientes com dor crônica e doenças degenerativas, a neurocirurgia funcional deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. Amaral acredita que o Brasil tem potencial para ser referência mundial, desde que invista na formação de especialistas, em centros multidisciplinares e em políticas públicas de acesso.

“O desafio é ampliar o alcance. Hoje, o que oferecemos no CMD deveria estar disponível em outras regiões do país. Para isso, precisamos formar gente e construir redes.”

Alexandre move sua atuação acreditando que “há esperança”. “Hoje temos recursos para controlar a dor e devolver qualidade de vida. Ninguém precisa mais viver deitado, sofrendo. A neurocirurgia funcional está aí para isso: fazer as pessoas voltarem a viver.”

CRM 52.60326-6

Instagram: @profalexandreamaral

Site: https://www.centrodador.com.br

Continue Reading
Advertisement
Clique para comentar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Revista Plateia © 2024 Todos os direitos reservados. Expediente: Nardel Azuoz - Jornalista e Editor Chefe . E-mail: redacao@redebcn.com.br - Tel. 11 2825-4686 WHATSAPP Política de Privacidade