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49ª Mostra de Cinema de São Paulo: Acompanhe a cobertura de Rolling Stone Brasil

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A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos principais eventos de cinema do Brasil e da América Latina, iniciou mais uma edição no dia 16 de outubro. Em seu 49º ano, o evento permite a cinéfilos e entusiastas da sétima arte conferir centenas de produções inéditas, restaurações de clássicos, obras de diretores consagrados e novidades em sessões distribuídas por toda a capital paulista.

A seguir, a Rolling Stone Brasil lista destaques nacionais e internacionais na programação da Mostra de São Paulo 2025, incluindo Bugonia, novo longa de Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas) estrelado por Emma Stone (Tipos de Gentileza); Frankenstein, versão de Guillermo del Toro para o clássico de Mary Shelley; e O Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho (Bacurau) estrelado por Wagner Moura (Marighella), que irá representar o Brasil na corrida pelo Oscar 2026, com comentários de Angelo Cordeiro, repórter de cinema do site. Confira:

Bugonia

Sinopse:

Em Bugonia, dois jovens obcecados por teorias da conspiração sequestram a poderosa CEO de uma grande empresa (Emma Stone), convencidos de que ela é uma alienígena com a intenção de destruir o planeta Terra.

Breve comentário:

Bugonia quer ser uma crítica ao presente — às teorias conspiratórias, à masculinidade delirante e à paranoia digital —, mas acaba apenas zombando dessas figuras sem realmente compreendê-las. Jesse Plemons (Guerra Civil), excelente como o conspirador sequestrador que se imagina herói, oferece ótimos trejeitos ao seu personagem, mas o roteiro e a direção não conseguem tirar mais dessa caricatura. O que poderia ser um estudo da loucura contemporânea se transforma em desfile de tipos grotescos sem profundidade e gestos que apenas reforçam o próprio riso de superioridade do diretor. Leia a crítica completa clicando aqui.

Frankenstein

Sinopse:

Victor Frankenstein (Oscar Isaac), um cientista brilhante, porém egocêntrico, dá vida a uma criatura em um experimento monstruoso que acaba levando à ruína tanto do criador quanto de sua trágica criação. Frankenstein é uma releitura do romance clássico de Mary Shelley pelo diretor Guillermo del Toro.

Breve comentário:

Nesta nova adaptação do clássico de Mary Shelley, Guillermo del Toro dá à história um romantismo gótico inconfundível, um deleite visual e emocional que reflete o carinho e o fascínio que o diretor tem pela criatura. É um filme não apenas sobre monstros, mas feito por alguém que os ama profundamente. E essa devoção se manifesta sobretudo na atuação hipnotizante de Jacob Elordi (Euphoria), que dá vida — e uma comovente humanidade — à criatura. Sua interpretação é contida e dolorosa, feita de gestos quebrados e olhares aflitos, e que merecia maior sorte na temporada de premiações. Leia a crítica completa clicando aqui.

O Agente Secreto

Sinopse:

Em O Agente Secreto, Marcelo (Wagner Moura, Praia do Futuro) é um professor universitário, que foge para Recife para escapar de agentes governamentais que o procuram por atividades subversivas. No entanto, ao chegar na cidade, onde acredita que está seguro até conseguir fugir do país com o filho pequeno, ele descobre que está jurado de morte por um antigo desafeto.

Breve comentário:

Para quem acompanha o cinema de Kleber Mendonça Filho, não é exagero afirmar que O Agente Secreto chega como o seu filme mais ambicioso até agora. Laureado no Festival de Cannes de 2025, onde conquistou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Ator para Wagner Moura, além do Prêmio FIPRESCI da crítica internacional e o Prix des Cinémas d’Art et Essai, concedido pela Associação Francesa de Cinemas de Arte e Ensaio, o longa é uma belíssima declaração de amor do diretor a Recife, sua cidade natal, a partir de uma recriação de época minuciosa que mistura memória, lendas urbanas e cultura popular. A cidade, mais do que cenário, torna-se protagonista: suas ruas, sons, blocos de carnaval, cinemas e edifícios históricos compõem um retrato vívido da cidade em 1977, refletindo tanto a vitalidade de sua população quanto as tensões políticas do período. Leia a crítica completa clicando aqui.

Palestina 36

Sinopse:

1936. Enquanto vilarejos por toda a Palestina se insurgem contra o domínio colonial britânico, Yusuf, que tenta construir sua vida para além dessa crescente agitação, se vê dividido entre sua casa na região rural e a inquietude de Jerusalém. Mas a história é implacável. Com o aumento do número de imigrantes judeus fugindo do antissemitismo na Europa e a população palestina se unindo na maior e mais longa revolta contra os 30 anos desse domínio colonial, tudo parece se encaminhar em direção a um conflito inevitável, em um momento decisivo para o Império Britânico e o futuro de toda a região.

Breve comentário:

Palestina 36 é notável por ser uma produção de porte maior dentro do cinema palestino recente — claramente pensada para o circuito internacional de festivais. Essa ambição se reflete em sua linguagem: o filme adota um tom didático, quase pedagógico, como se buscasse apresentar ao público estrangeiro as origens de um conflito que ainda hoje define a região. Essa clareza narrativa, longe de empobrecer a obra, confere a ela uma força particular. A diretora Annemarie Jacir conduz tudo com firmeza e elegância, transformando um relato histórico em um drama de grande precisão cênica. Dentro desse equilíbrio entre pedagogia e encenação, o filme encontra sua relevância — se falta ao longa o vigor formal que marcaria uma obra verdadeiramente singular, sobra convicção moral e clareza política.

A Garota Canhota (Left-Handed Girl)

Sinopse:

Uma mãe solo e suas duas filhas voltam a Taipei após anos vivendo no interior para trabalhar em um movimentado mercado noturno da cidade. Cada uma, à sua maneira, precisa se adaptar a esse novo ambiente para conseguir sobreviver e preservar a união da família. Três gerações de segredos familiares começam a ser revelados depois que a filha mais nova, canhota, ouve de seu avô, preso a costumes tradicionais, que ela nunca deve usar sua “mão do diabo”.

Breve comentário:

A Garota Canhota, escolha de Taiwan para representar o país no Oscar 2026, é um pequeno achado — uma obra delicada e atenta às pequenas vitórias e gestos invisíveis da vida comum. Dirigido por Shih-Ching Tsou, o filme equilibra com graça o realismo social e a doçura familiar ao retratar uma mãe e suas filhas enfrentando as pressões econômicas e emocionais da vida em uma Taiwan moderna, vibrante e cheia de contrastes. A relação entre elas, marcada por fragilidade e afeto, ganha leveza sempre que a menina canhota (a encantadora Nina Yeh) está em cena.

Mais do que um retrato da infância ou um coming of age tradicional, A Garota Canhota é um duplo amadurecimento — o da irmã mais velha, obrigada a assumir responsabilidades sem ser responsável, e o da garotinha que observa tudo, curiosa e intrometida. Filmado com a ternura e o olhar humanista típicos do cinema de Sean Baker (Anora) — autor do roteiro e responsável pela montagem —, o longa confirma o surgimento de uma cineasta de sensibilidade rara, em quem vale a pena ficar de olho.

 

LEIA TAMBÉM: ‘O Agente Secreto’, ‘O Filho de Mil Homens’ e mais destaques nacionais na 49ª Mostra de Cinema de São Paulo

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Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.

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