Celebridade
‘A chave está no equilíbrio’

Para CARAS Brasil, o nutrólogo Rubem Regoto analisa situação polêmica com filho da atriz Carolina Dieckmmann e aponta riscos e benefícios da escolha
A atriz Carolina Dieckmann saiu em defesa do filho, José Worcman, após ele completar 18 anos e escolher comemorar com uma manga no lugar de bolo de aniversário. A decisão gerou comentários, já que o jovem não consome açúcar refinado desde os 13 anos, quando optou por eliminar o ingrediente da dieta para melhorar o desempenho como futuro jogador de futebol.
Mas afinal, cortar açúcar da alimentação de um jovem é realmente saudável? Para responder, a CARAS Brasil conversou com o nutrólogo Rubem Regoto, que analisou os prós e contras dessa escolha.
Cortar açúcar faz bem para adolescentes atletas?
Segundo o especialista, a comparação é simples: “Imagine o corpo como um motor de alta performance. Um carro de Fórmula 1 não usa qualquer combustível, ele precisa ser mais limpo e eficiente. O açúcar refinado, em excesso, é como jogar gasolina barata nesse motor: gera picos de energia, mas depois vem a queda brusca”, explica o nutrólogo.
“Para um jovem atleta, reduzir ou até cortar o açúcar adicionado pode ser saudável, desde que a dieta seja bem planejada. O corpo dele ainda precisa de muita energia, mas essa pode vir de frutas, raízes e carboidratos integrais, que liberam glicose de forma estável e sustentam melhor a performance”, complementa.
Quais nutrientes podem faltar sem açúcar e alimentos processados?
Apesar dos benefícios, a restrição pode gerar deficiências nutricionais: “Frutas são excelentes, mas não são “super-heróis solitários”. Se a base alimentar for só elas, podem faltar proteínas, ferro, vitamina B12, cálcio e ômega-3, nutrientes essenciais para crescimento, massa muscular e saúde óssea”, alerta o nutrólogo.
E completa: “Ou seja: comer natural é ótimo, mas é preciso variedade. A chave está no equilíbrio: frutas, legumes, cereais, leguminosas, oleaginosas e proteínas magras.”
Impacto social da alimentação restritiva
Outro ponto levantado pelo especialista é o impacto na vida social: “Comida não é só nutrição, é afeto, tradição, celebração. Quando um jovem leva manga no lugar de bolo, o corpo vai até agradecer, mas pode ter de enfrentar críticas, ou até exclusão em momentos sociais…”, explica Regoto.
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“Esse é o risco: transformar disciplina em isolamento. Uma alimentação saudável precisa ser sustentável não só para o corpo, mas também para a vida social. Porque saúde não é só ausência de doença, é também conexão com as pessoas.”
Açúcar e performance esportiva
Segundo o nutrólogo, há, sim, melhora no desempenho físico com a redução do açúcar: “Sim, reduz a inflamação, melhora a recuperação muscular e evita aquelas “montanhas-russas” de energia. Mas dizer que cortar totalmente é a única forma é mito”, esclarece.
“O segredo não é viver em guerra com o doce, mas usar os alimentos certos no momento certo. Por exemplo: carboidratos estratégicos antes e depois do treino podem ser como turbinar o motor do carro exatamente na hora da corrida. Isso faz diferença.”
Como os pais podem orientar os filhos?
Para famílias que desejam incentivar escolhas mais saudáveis, o especialista recomenda cautela e cita pontos que os pais devem seguir:
- Incentivar escolhas equilibradas, sem demonizar alimentos;
- Garantir variedade no prato, incluindo proteínas, fibras e gorduras boas;
- Consultar especialistas para ajustar a dieta;
- Ensinar que exceções, como comer bolo em aniversários, não são fracasso, mas parte de uma vida saudável.
“Porque tão perigoso como o açúcar é a relação de culpa e obsessão que pode nascer em torno da comida”, conclui o nutrólogo.