Descobriram que o cérebro mantém o mapa dos membros amputados

Pesquisadores do Reino Unido e dos Estados Unidos demonstraram que a região cerebral responsável pelo controle de um membro amputado não se reorganiza para assumir funções de áreas vizinhas, como se acreditava até agora.

O estudo, publicado na revista Nature Neuroscience, mostra que os mapas cerebrais permanecem estáveis mesmo após a amputação, indicando que o cérebro continua reagindo como se o membro ainda estivesse presente.

Estudo avança em extinção de dor fantasma em membros amputados

Para chegar a essa conclusão, os cientistas acompanharam três pessoas que passariam por amputação da mão. Antes do procedimento, os participantes moveram individualmente os dedos e realizaram movimentos faciais, como franzir os lábios, dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional, que registra a atividade cerebral.

Três e seis meses depois da amputação, eles repetiram os movimentos imaginários, e um deles foi monitorado por até cinco anos. As imagens revelaram que a área cerebral ligada à mão permanecia ativa, de forma similar ao período pré-amputação.

“Suspeitávamos que os mapas mudariam pouco, mas a preservação do mapa da mão ausente foi surpreendente. É impressionante que o córtex somatossensorial continue reagindo como se a mão ainda estivesse lá”, explicou a professora Tamar Makin, da Universidade de Cambridge, autora sênior do estudo.

O achado ajuda a entender por que amputados ainda sentem o membro ausente, frequentemente com dor ou coceira. Segundo Hunter Schone, da Universidade de Pittsburgh, nervos remanescentes podem enviar sinais irregulares ao cérebro, causando desconforto.

Uma das participantes submetidas a enxerto de nervos deixou de sentir dor. Além disso, a estabilidade dos mapas cerebrais abre novas possibilidades para próteses robóticas.

O impacto desta descoberta é que se o cérebro realmente se reorganizasse para readaptar o corpo sem um membro, essas tecnologias não funcionariam. Isso abre um leque de oportunidades para restaurar sensações como textura, forma e temperatura para estas pessoas.