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Campos do Jordão (SP) deve cobrar taxa de entrada de turistas

Campos do Jordão, um dos destinos mais visitados do interior paulista, está prestes a implementar uma medida que pode mudar a dinâmica de entrada de turistas na cidade. A prefeitura enviou à Câmara Municipal um projeto de lei complementar que prevê a cobrança de uma taxa ambiental para veículos licenciados fora do município.
A proposta já foi aprovada em primeira votação e aguarda nova análise e sanção do prefeito Carlos Eduardo Pereira da Silva (Republicanos), autor da iniciativa.
A ideia é cobrar uma tarifa diária de entrada, com valores que variam conforme o tipo de veículo. Motos pagariam R$ 10, carros R$ 20, caminhonetes R$ 25,34, vans e micro-ônibus R$ 36,68, e ônibus R$ 53,36. A cobrança seria feita uma vez por dia, independentemente do tempo de permanência na cidade. Não haverá cobrança proporcional por hora ou fração de tempo.
Segundo a prefeitura, o objetivo é compensar os impactos ambientais causados pelo alto fluxo de visitantes, especialmente durante feriados e temporadas de inverno. A cidade, que já possui uma lei autorizando a cobrança desde 2019, nunca havia colocado a medida em prática. Agora, com o crescimento da demanda turística e os desafios de infraestrutura, a proposta volta à pauta com força.
De acordo com o projeto de lei, o valor arrecadado será destinado exclusivamente a ações ambientais, como gestão de resíduos sólidos, financiamento da coleta seletiva e apoio a cooperativas locais. A expectativa é que a taxa ajude a manter a cidade limpa e sustentável, sem comprometer sua vocação turística.
Quem paga e quem fica isento da taxa
A taxa será aplicada apenas a veículos licenciados fora de Campos do Jordão. Moradores de cidades vizinhas como Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, Piranguçu, Brasópolis e Wenceslau Brás estarão isentos, assim como ambulâncias, veículos de transporte de pessoas com deficiência e prestadores de serviço com vínculo comprovado com empresas locais.
Veículos em trânsito rápido pela cidade, sem paradas, também não serão taxados. A ideia é evitar penalizar quem apenas cruza o município sem consumir seus recursos ou utilizar sua infraestrutura. O sistema de cobrança poderá ser operado pela própria prefeitura ou por meio de concessão a uma empresa especializada em monitoramento e fiscalização.
A proposta tem gerado discussões entre moradores, empresários e turistas. Enquanto alguns defendem a medida como necessária para preservar o meio ambiente e garantir a qualidade dos serviços públicos, outros temem que a taxa desestimule o turismo, especialmente entre visitantes que chegam em grupos ou por transporte coletivo.
O prefeito argumenta que o turismo traz benefícios econômicos, mas também pressiona os recursos naturais da cidade. “Essa movimentação de pessoas e fluxo de carros gera grandes volumes de resíduos sólidos, amplia a demanda por água e energia e aumenta o impacto na nossa infraestrutura urbana e ambiental”, afirmou.
Turismo em Campos do Jordão pode ganhar novo formato
Campos do Jordão é conhecida por sua arquitetura inspirada em vilarejos europeus, clima frio e paisagens naturais. A cidade atrai milhares de visitantes todos os anos, especialmente durante o inverno, quando a programação cultural e gastronômica se intensifica. A cobrança da taxa ambiental pode representar uma mudança significativa na forma como o turismo é praticado na região.
Empresários do setor turístico estão atentos à proposta. Alguns acreditam que, se bem aplicada, a taxa pode contribuir para a melhoria da infraestrutura e da experiência dos visitantes. Outros temem que o custo adicional afaste turistas, especialmente os que viajam em veículos maiores, como ônibus e vans, que terão tarifas mais elevadas.
A medida também levanta questões sobre inclusão e acessibilidade. Para muitos turistas, especialmente os que vêm de longe ou em grupos familiares, o carro é a única forma viável de chegar à cidade. A cobrança diária pode pesar no orçamento e influenciar a escolha do destino.
Por outro lado, especialistas em turismo sustentável apontam que taxas ambientais são comuns em destinos internacionais e podem ser bem recebidas se forem transparentes e revertidas em melhorias visíveis. Destinos como como Ubatuba(SP), Caldas Novas (GO), Bombinhas (SC) e Fernando de Noronha (PE) já adotam modelos semelhantes.