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Celebridade

55 minutos para 55 anos de carreira de Nina de Pádua: ‘Teatro te permite sonhar’

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Em cartaz com Bette Davis – Manual de sobrevivência, Nina de Pádua conversa com a CARAS Brasil sobre cinco décadas na arte, Bette Davis e a importância do teatro

No ano de 2025, Nina de Pádua completa 70 anos de idade e mais de cinco décadas de carreira. Nascida e criada no Rio de Janeiro, a atriz começou no teatro durante a primeira infância, aos três anos, e agora, 55 anos depois, interpreta seu primeiro solo no teatro como Bette Davis.

Autoria de Jau Sant’Angelo e direção de Anselmo Vasconcellos, Nina de Pádua está em cartaz com Bette Davis – Manual de sobrevivência até o dia 30 de agosto, na Barra, no Rio de Janeiro. O espetáculo em formato de monólogo explora os fantasmas do passado de uma carreira repleta de aplausos, polêmicas e dramas em meio à um palco que funciona como uma instalação nos moldes das artes plásticas.

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Nina de Pádua fala sobre uma carreira de longevidade marcada por projetos como A Gata Comeu (1985), a honra de interpretar Bette Davis e a importância do teatro em sua vida.

“Bette Davis é um ícone do cinema mundial, não só americano. Ela é uma figura muito emblemática e vista também de forma muito equivocada em alguns momentos”, relatou Nina sobre o que lhe atraiu ao papel. “O que me chama é essa personagem extraordinária, riquíssima e que era uma mulher à frente do seu tempo. Ela já era uma feminista antes de existir esse termo e lutava contra os grandes chefões da indústria cinematográfica americana. Isso me seduziu.”

A ligação da atriz com Bette Davis, no entanto, vai além da admiração de uma profissional para outra. Durante a conversa, Nina compartilhou que o roteiro do monólogo foi escrito em 2010, anos antes de conhecer o autor e de a obra estrear nos palcos, e na primeira vez que Jau Sant’Angelo mostrou o projeto para um colega diretor, recebeu a sugestão de que a carioca deveria interpretar a protagonista.

O convite, apesar disso, não chegou até 2023 com um diretor diferente de Vasconcellos. Segundo a atriz, foram meses de trocas e procura por diretores até que Anselmo assumisse a posição e desse continuidade ao projeto, transformando-o no espetáculo que é hoje.

A performance acontece no Espaço Provocações no Shopping da Barra em um formato intimista. O monólogo não linear se manifesta de forma física na atuação de Nina, que passa por meio da plateia, some e aparece no palco e interage com o espaço ao seu redor, batendo portas e dando berros que ecoam pelo shopping: “Vou fazer 70 anos e eu dou uma cambalhota, literalmente. Me gabo muito disso e falo pra todo mundo, porque eu acho bacana poder, aos 70 anos, ainda estar dando cambalhota, é extraordinário”, brincou a atriz.

Coincidentemente, toda a experiência do espetáculo dura 55 minutos, o mesmo número que representa a longevidade da carreira da atriz, que brinca sobre como cada minuto da peça pode representar um ano no teatro. 

Quando questionada sobre a transição de uma atriz jovem para uma atriz madura, que pode receber menos oportunidades no mundo das artes, Nina não se abala: “O teatro sempre vai acolher”, disse. “Eu, no teatro, posso fazer uma menina de 12 anos tanto quanto uma velha de 95 e você acredita. Porque o teatro é onde te permite errar. É onde te permite sonhar”.

O mundo extraordinário do teatro recebeu a artista de braços abertos aos três anos de idade por meio de aulas na escola, realizadas com o apoio dos pais: “Se você tem cinco anos ou cem, ele está lá para você usufruir da bênção que é ser um ator de teatro. É uma bênção”, afirmou Nina.

Sua trajetória, no entanto, vai muito além do teatro. De Pádua marcou presença no cinema e na televisão brasileira com projetos que mudaram a vida da população brasileira. Em 1985, integrou o elenco de A Gata Comeu, novela da TV Globo, como Ivete, prima de Edson (José Mayer), que tem uma chance de melhorar sua vida após o afastamento involuntário de Fábio (Nuno Leal Maia), mas não consegue resolver os problemas afetivos com o primo. 

A novela, que foi sucesso completo na época, tem grandes repercussões com o público até os dias atuais. Segundo Nina, o fã-clube da trama, conhecido como Gato Maníacos, realiza encontros entre os fãs e os atores: : “O primeiro foi em 2017. Vem gente do Rio Grande do Sul, vem gente do Ceará, vem gente de Minas, vem gente não só do Rio, vem gente de outros bairros do Rio, mas vem gente do Brasil inteiro para esse encontro”, contou.

Em 2025, aconteceu o terceiro encontro de fãs do folhetim: “É uma festa linda, porque eles reúnem os atores, alguns atores ali na praia, e depois eles saem passeando pelo bairro, olhando os cenários. Aqui era a casa da Ivete, aqui era a casa da Ju”, relatou Nina. “Sou muito grata à todas essas pessoas”.

A relação de Nina com os fãs não é a única conexão duradoura que foi criada durante seu tempo de ofício, a parceria com Anselmo, diretor do espetáculo que ela estrela no momento, já dura 53 anos e passou por todos os formatos, desde o teatro até a televisão: “O Anselmo é uma figura espetacular, um ser humano que se aprimora a cada dia, um aglutinador de pessoas. Ele tem muitas qualidades”, elogiou a atriz.

Já o autor, Jaú, é uma conexão nova, mas que já se provou de extremo valor e capaz de criar algo brilhante: “Jaú é uma surpresa agradável, que foi agora que eu ganhei ele”, brincou Nina. “Eu herdei ele de algumas confusões”.

A amizade entre atriz e autor se fortaleceu em meio aos obstáculos que precisaram enfrentar para trazer a história de Bette Davis aos palcos. Entre a troca de diretores e a falta de patrocínios, a paixão pela arte e a vontade de fazer teatro, mesmo que na cara e na coragem, uniu a dupla.

Nós não temos nenhum patrocínio de nenhuma espécie. Fizemos sem dinheiro algum, cenário é da casa do Anselmo, figurino foi o Vanderlei que me ajudou, mas são acervos meus”, disse a artista. “Jaú faz a trilha sonora, ele não só fez a trilha sonora, como ele opera, porque é um técnico a menos, porque a gente não tem dinheiro pra fazer”.

A atriz vê a experiência de criar um espetáculo sem qualquer tipo de patrocínio, apesar de não ser o ideal, como uma vitória que prova que o teatro, quando verdadeiro, é mais forte do que qualquer coisa, até do que a situação econômica.

O trio, no entanto, segue na busca por patrocínios para o espetáculo na esperança de levar a história de Bette Davis para outros estados do Brasil, ou para estender a sua temporada no Rio de Janeiro.

“Que fique claro que é possível fazê-lo com elegância, com beleza, com mensagens profundas, com amor, porque all you need is love. Sim, e quando aquilo tem que realmente dar certo, tem amor e tem alguém que acredita de verdade, acaba passando por qualquer dificuldade”, afirmou.

Após 55 minutos de Bette Davis e 55 anos de carreira no teatro e na televisão, Nina é questionada sobre qual conselho ela daria para uma jovem atriz dos anos 70 que está apenas começando a sua carreira e encontra a resposta em uma de suas metáforas prediletas.

 “Não tenha medo. Se joga, vai fundo. O mundo é seu. O mundo é de quem o abraça. E a vida que é da gente é coragem, né? Já dizia o grande Guilherme Rosa. Então, que seja corajosa e pule no abismo”, confessou Nina de Pádua. “Salta. Você vai flutuar. Não tenha dúvida”.

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